Chamem o Psiquiatra! – Tratemos Nossos Autistas no STF ou Morramos Todos num Abraço de Afogados

Como adiantava em “MPF e Polícia Federal não contavam com o cinismo do PMDB“, não há limite para a desfaçatez e a cara de pau do “profissional” PMDB. Se o “Partido dos Concursados” pensa que esses terão o mesmo espaço para manobrar politicamente e exercer pressão sob um governo encabeçado pela sigla é mais “inocente” que cordeirinhos esperando pelo abate. Como comento naquele post:

Assim como não hesitará em votar impeachment sem crime de responsabilidade, terá o (PMDB) escrúpulos de votar no Senado afastamento de PGR? De colocar um interventor linha dura na PF sob um Nelson Jobin no Min. Justiça? De aprovar emenda à Constituição colocando mais 4 ministros alinhados no STF?

Como último recurso, e sem mexer nas instituições, o possível Presidente Temer (Valha-nos, Deus!) poderá usar suas recém-adquiridas prerrogativas constitucionais para distribuir indultos no varejo.

Tal hipótese há muito é discutida nas rodas políticas, principalmente entre os maiores interessados: as dezenas de parlamentares implicados na Lavajato aguardando indiciamento, denúncia e julgamento.

Julgamento? Opa! Se não me falha a memória esses mesmos parlamentares estarão ocupados nesta semana tratando justamente de um julgamento. Quer dizer, sua admissibilidade. Suspeição dos “juízes”? Imagina… seus atos tem presunção de legalidade, não é mesmo?

Não só os políticos implicados sabem o que lhes é colocado à mesa para aderirem ao golpe. Informações assim, até pela quantidade de interessados, acabam indo de boca em boca. Acabaram reverberadas e discutidas em plataformas de comunicação não alinhadas ao golpe. Cito especificamente este GGN e, em particular, o post que modestamente linkei acima.

Prontamente, o (agora já se sabe) “capitão do golpe” – cuja fantasia de magistrado a espera do chamado da nação foi estraçalhada ontem por um “fortuito” vazamento – apressou-se em ir ao twitter quando o barulho do tipo de negociação espúria a que me refiro aqui já era ensurdecedor até para os mais distraídos.

Garantiu Temer, que na oportunidade ainda vestia – mal, é verdade – a fantasia de magistrado: “Dizer que eu poderia interferir em processo judicial, levado adiante em função da posição do Ministério Público: isso jamais eu faria. Ajudei a estruturar essas instituições. Tenho também formação jurídica, no particular, voltada para o Direito Constitucional. Dizer que eu poderia interferir em processo judicial, levado adiante em função da posição do Ministério Público: isso jamais eu faria.(…) Então, registro com muita ênfase que sou muito atento à institucionalidade e, portanto, jamais haveria de influenciar outro poder.

E quando foi que nosso (sic) vice-Presidente (sic) deu declaração tão tranquilizadora para as almas de moral elevada e mui preocupadas com a não frustração da persecução penal para todos do espectro político, sem distinções (sic)?

– em 31 de março!

Realmente de todas as datas possíveis não haverá nenhuma tão historicamente adequada.

Ah, haverão de dizer, quem articula tais acusações a viva voz e fora das alcovas são apenas “blogueiros sujos”, “chapa branca”.

Bem, mesmo que fosse o caso, diante da realidade da mídia no Brasil e da cobertura do impeachment (sem crime!), isso é mais um elogio do que uma crítica.

Mas hoje, pasmem vocês, algo escapou aos rígidos controles editoriais do grupo midiático mais engajado no golpe. Para minha surpresa reportagem de “O Globo” na internet, sobre os vai-e-vens de deputados entre votar contra e a favor do impeachment no plenário, também dá voz a essa acusação:

Nos últimos dias, o ex-presidente Lula teve várias conversas com o presidente do PP, mas, segundo petistas, Temer tem mais a oferecer do que Dilma. Inclusive blindagem da Operação Lava-Jato, o que interessa ao partido particularmente, que tem vários quadros na mira da Justiça. Parlamentares admitem, inclusive, que o ex-presidente terá que trabalhar intensamente para conter a debandada da base aliada e frear o impeachment.

(Nota: caro editor de “O Globo”, não perca seu tempo falando aos jornalistas que “podem tirar sim, porque acha melhor” (alo, Reuters Brasil!). O acesso de sinceridade está devidamente reproduzido em print screens diversos.)

Bom, já estamos no final do post e até agora o seu título, “Chamem o Psiquiatra! – Tratemos Nossos Autistas ou Morramos Todos num Abraço de Afogados”, ainda não disse a que veio.

Nenhuma ofensa aos autistas, bem entendido. Tenho parente acometido por esse distúrbio, em grau bastante severo inclusive. Ele, contudo, tem a sorte de contar com os melhores cuidados, graças a Deus. Não só não tenho nada contra como lhes sou muito solidário. Não por outra razão creio que todos acometidos por “perda, em maior ou menor grau, da relação com os dados e as exigências do mundo circundante” (obrigado, Google) recebam tratamento imediato.

Minha preocupação maior nesse momento se dirige não a outros que aos nossos Ministros do egrégio Supremo Tribunal Federal. Certamente sabem melhor que eu que o Direito é disciplina que goza de autonomia científica, mas que tangencia diversos outros ramos das ciências sociais (História, Sociologia, Filosofia…) e, espera-se, a tal da realidade circundante.

Torre de Marfim? Nada contra. Mas deixemos reuniões em pináculos alvos para o excelente filme que embalou a minha infância, a “História sem Fim“. Filme muito bom… recomendo. Aliás, parece que Freud me entregou nessa: ponham fim nessa história, Ministros! Quantas wake up calls ensurdecedoras serão necessárias? Não morramos todos, autistas ou não, em um abraço de afogados.

Redação

5 Comentários

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  1. História sem fim foi um filme

    História sem fim foi um filme marcante na minha vida.  O vi na sessão de estréia lá por 1984 (ou teria sido 85) num cinema na cidade de niterói que há muito já deixou de existir.  A história de Atreyu contra o Nada que consume tudo e do rapaz Bastian que le compulsivamente (me indentifiquei imediatamente, no embrião do orgulho nerd). 

    Talvez só nos reste fazer como o menino Bastian e dar um nome a imperatriz, e fazer Fantasia renascer em nossos sonhos a partir de um grão de areia.

     

     

    1. Referencia obrigatoria

      Toda criança nerd dessa geraçao e/ou que sofreu bullying se identifica muito com Bastian e o refúgio em Fantasia.

      Bom, menos mal que ela sempre nos resta, né? Deus salve as artes, a religão, a culinária, a jardinagem, a meditação e todos os outros ópios não destrutivos do povo. Daqui a pouco vamos ter que chegar à overdose.

  2. História Sem Fim

    Se vocês gostaram do filme, recomendo o livro – simplesmente sensacional.
    Há inclusive uma versão importada cuja capa imita a do livro lido por Bastian.
    O filme cobre apenas uma parte da aventura, bem resumida…

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