Chanceler venezuelana chama boicote do Mercosul de golpe

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Chanceler da Venezuela Delcy Rodriguez (R) fala para a imprensa em Buenos Aires, Argentina, 14 December 2016.

Jornal GGN – Apesar da suspensão da Venezuela de participar da reunião extraordinária do Conselho do Mercado Comum (CMC) do Mercosul, nesta quarta-feira (14), a chanceler venezuelana Delcy Rodriguez compareceu ao encontro em Buenos Aires, e chamou o Parlamento argentino de golpista por tentar impedir a sua presença.

“Nós não damos golpe. No Brasil deram um golpe, no Paraguai deram um golpe e você está dando um golpe”, disse Rodriguez ao senador que tentava impedir o seu acesso à reunião.

A entrada da representante venezuelana ocorreu em meio a uma tensão, após os quatro países do bloco emitirem um comunicado ao país, no dia 1o de dezembro, suspendendo-o do Mercosul.

Impedida, a chanceler ainda assim compareceu ao encontro, nesta quarta-feira (14), com o intuito de participar junto ao boliviano David Choquehanca. Na entrada do evento, Delcy Rodriguez foi impedida por um parlamentar, e a chanceler o chamou de “golpista”.

“Você não deu um golpe de Estado? Estamos entre golpistas?”, questionou o senador a Rodriguez. “ Sim, você deu um golpe, quem está dizendo é você”, respondeu, completando: “Bom, por favor, retire-se que eu vou passar.”

“Não, não, não posso”, insistiu o parlamentar, quando a chanceler já havia passado. “Venezuela se respeita”, concluiu a representante do país.

A tentativa de Rodriguez não teve sucesso. Recebida pela chanceler anfitriã, a argentina Susana Malcorra, foi levada a uma sala junto com o representante boliviano, à espera dos outros ministros do bloco. Ao ter conhecimento da presença da venezuelana, os demais chanceleres se retiraram do local e se reuniram em outra sala.

Rodriguez, irritada, improvisou um manifesto em frente ao Palácio San Martin. “Há um golpe de Estado em curso no Mercosul. Se não deixarem a gente entrar pela porta, nós entraremos pela janela. Viemos para defender a dignidade de nosso povo”, disse, sem, no entanto, conseguir ser recebida pelos outros países.

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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