Percival Maricato
Percival Maricato é sócio do Maricato Advogados e membro da Coordenação do PNBE – Pensamento Nacional das Bases Empresariais
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Greve e delinquência, por Percival Maricato

Com a greve-delinquente de alguns motoristas de ônibus, os dias tem sido péssimos para milhões de paulistanos. Mais uma vez ficou claro que os séculos de escravatura, ditaduras, regimes oligárquicos, elites egoístas, dificultam nossa aprendizagem em democracia, manter um equilíbrio entre o direito de reivindicar e de respeito aos direitos dos outros, especialmente se inocentes.  Muitos ainda não aprenderam o suficiente de civilidade, de formas de explorar limites da liberdade, sem colocá-la em risco, desgastar seu valor e conceito com abusos evidentes.Merecem o repúdio da sociedade.

A manifestação dos motoristas refletiu disputas políticas no interior de uma categoria de trabalhadores. A reivindicação da oposição à diretoria do sindicato demonstra esse caráter político: 30% de aumento no salário.  Notem que não entramos aqui no mérito, se é justo, mas evidente que é um aumento impossível na conjuntura, com o preço da passagem congelada, a prefeitura sem recursos para mais subsídios, as empresas não aceitando novas despesas e vultosas.

O que ocorreu com a parada repentina dos ônibus, deixando milhões de pessoas longe de seus destinos e até  sem meios de voltar para suas casas foi delinquência explicita. Foi delinquência também contra a cidade como um todo, pois toda a produção de bens e serviços foi afetada, houve perda de mais um pouco do pouco de civilidade e civilização que ainda mantemos, uma avanço  a mais das formas violentas de incomodar inocentes, em grande quantidade e profundamente, para conseguir benefícios para um grupo. Sequer poderemos estranhar o sequestro decrianças, como fez Boko Haran na África, para obter satisfação de reivindicações ou imposição de crenças. Na ação de ontem, algumas centenas de trabalhadores insatisfeitos, descobriram como atormentar a vida de milhões de outras pessoas e assim chantagear donos de empresas e autoridades para os atenderem, ou ganharem alguns pontos para conquistas o sindicato. Para cada trabalhador, certamente dez mil pessoas pelo menos foram brutalmente atingidos.

Mais uma vez, o prefeito da cidade é posto em situação delicada. Em outro artigo mostramos que o Judiciário, de um lado o impedia de aumentar a arrecadação (aumento do IPTU e etc), de outro exigia que ele fizesse melhorias na cidade que aumentavam as despesas (150 mil vagas em creches e etc). Agora temos de um lado um movimento popular (Passe Livre) combatendo aumentos na passagem e de outro pressão por significativos aumentos das despesas com transporte público.

Esperemos pois, que os fatos sejam esclarecidos e os culpados punidos  Se forem atendidos, a sinalização é que vale a pena qualquer tipo de protesto. Pedir punições dos que abusam das liberdades democráticas, não é ser contra manifestações, mas pelo contrário, é  defender o direito a elas, impedir que haja deturpação da democracia, Não é possível que continue a se generalizar ações de pequenos grupos de cidadãos para infernizar a vida de milhões de outros, visando verem atendidas suas reivindicações.  Repitamos o óbvio, agora que também estamos ameaçados por greve nacional de policiais, aeronautas e etc, em plena Copa do Mundo, com bilhões de pessoas olhando para o Brasil, oportunidade única para tentarmos melhorar nossa balança no turismo: na democracia todos tem direitos, mas também obrigações, responsabilidades .

 

Percival Maricato

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Percival Maricato é sócio do Maricato Advogados e membro da Coordenação do PNBE – Pensamento Nacional das Bases Empresariais

20 Comentários

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  1. porta voz dos

    porta voz dos empresários.

    faltou comentar que o MPL defendeu a greve dos trabalhadores do transporte público em seu site. Diferente do que esse porta-voz argumenta, a luta é a mesma, o controle do transporte por quem o usa e por quem trabalha nele; e não pelos empresários ou pelos políticos que os defendem.

    1. Porta-voz dos empresários e da prefeitura!

      Porta-voz dos empresários e da prefeitura! Seria interessante verificar como foram as contribuições financeiras para a  campanha de Haddad e dos vereadores dos diversos partidos. A relutância de Haddad em aceitar a redução da passagem em 2013 é inesquecível.

  2. Não podemos esquecer de que o

    Não podemos esquecer de que o PT sempre incentivou este tipo de greve abusiva quando era(é) oposição; está colhendo o que plantou!

  3. Quem são esses “dissidentes”,

    Quem são esses “dissidentes”, meu deus?! Será que é tão difícila assim identificá-los? É um grupo formado “espontaneamente”, é um grupo ligado à oposição mais à esquerda do tipo psol, pstu, pco, é um grupo ligado à oposição à direita?

    Já estrão falando de boko haram; daqui a pouco vai ser al qaeda. E ninguém consegue dar uma informação tão elementar, meu deus!

  4. É assim que é, quem pariu

    É assim que é, quem pariu Mateus que o embale…

    O PT tem um histórico de de agitação sob o manto dos “movimentos populares”.

    Quantas greves de transportes, professores e até de policiais o PT defendeu quando na oposição?

    Ao caminhar para o centro o PT deixou à esquerda suas armas, que foram prontamente apossadas pelos PSOis da vida.

    A greve de ontem foi absurda tanto quantas outras fomentadas pelo PT, sem falar de invasões a prédios públicos e privados.

    Movimento social bom é contra adversários políticos e ruim, ou coxinha, contra os “cumpanheiros”.

    Qual o limite de abuso das “liberdades democráticas”? O PT tem o seu, é todo aquele que atinge o PT.

    Com relação ao Haddad, seu secretário de transportes  tem conhecimento farto meandros do transporte paulistano, vem de lá!

    Para terminar, dizer que o Haddad está sendo impedido de fazer o bem porque o Judiciário brecou o aumento de IPTU de 35%, mais que o aumento reinvidicado de 30% nos salários, é o cúmulo da cara de pau!

     

    1. UMA OVA

        O sindicato decidiu CONTRA paralisações e já tinha conseguido um aumento, O PT com LULA, com a CUT e outras organizações SEM INFILTRADOS DA DIREITA, sempre foi pelo entendimento e pela conquista do possível no momento. 

           Esse tipo de coisa claramente é da direita, foi assim que vocês iniciaram um golpe no CHILE com uma falsa greve que não era de representante dos trabalhadores. Um ano atrás, o primeiro black bloc surgiu no meio da confusão pra “melhorar o transporte” e foi quebrar um portão de um prédio público, era nada menos que um filhinho do dono de uma empresa de ônibus dando uma de “revoltadinho”.

         Quem tenta enfraquecer o Haddad claramente age contra os trabalhadores e seu partido, no governo o PT aumenta o salário mínimo e tira milhões da miséria enquanto isso aecinho tenta trazer de volta ao governo um cara que diz que o salário está alto demais.

      1. Heheehe, mandou bem Gão,

        Heheehe, mandou bem Gão, imagina o dia em que petista fizesse a metade do que os coxinhas golpistas estão fazendo no país, com trânsito livre e apoio da polícia que eles adoram xingar mas que anda junto com eles???

  5. Não é bem assim. A greve

    Não é bem assim. A greve poderia ter terminado em tragédia, é verdade, mas não creio que tenha sido premeditada. Foi sim uma reação a um sindicato de pelegos. Uma reação que se alastrou via redes de contato. O cara quer falar em direitos, mas e os direitos dos milhões que todos os dias são enlatados no sistema público de transporte paulista? Isso não tem nada a ver com política partidária. É o limite do suportável dos trabalhadores e usuários do sistema que foi extrapolado, sistema esse que tem duas funções somente, financiar campanhas e enriquecer os empresários que o operam. Chega!!!!! o transporte público deve ser controlado tambpém por aqueles que o utilizam. Chega de soluções de especialistas de gabinete. Chega dessa relação espúria entre os partidos e as emrpesas. O transporte agora é nosso!!!!! Não caiam nessa que estão querendo desestabilizar o PT. É claro que a direita está atenta e vai tentar capitalizar isso, mas isso é loucura dos teóricos da conspiração de plantão. O que acontece é que agora as pessoas estão se organziando em rede e não precisam mais das correias de transmissão do sistema (sindicatos, partidos e afins) para lutar por seus direitos. Se os governos não refizerem os seus contratos todos cairão. Eles terão de posar de traidores de qulaquer forma, ou trairão o povo frente aos seus compromissos de campanha ou trairão aquelxs que os financiaram e repactuarão seus compromissos com a sociedade viva e sedenta por justiça e melhores condições de vida. A opções estão postas. Todo o cuidade é pouco, é verdade, mas se as analises não levarem em conta o novo fenomeno da auto organização da sociedade, nunca perceberemos de fato as possibilidades que se elevam á nossa frente. O ferramental teórico do século passado não nos serve mais.

     

  6. Será?

    A liderança e o sindicato dissidente, conforme informação da imprensa, tem uma ficha criminal de fazer inveja ao PCC. E por falar nele, será que…

  7. Parar no meio do expediente é…

    Parar no meio do expediente é falta de respeito, foi um absurdo! Agora quem de fato representa a classe, não podemos ter dois sindicatos, se a maioria aprovou o acordo em assembleia, não se discuti mais, caso o contrário tem que haver discussão. O que me preocupa é na época da Copa fazermos e passarmos este vexame, já que comércio, turismo e lazer fazem parte da nossa econômia, e vão ser prejudicado por egoísmo de alguns. Obs: Não trabalho em nenhuma dessas áreas.

  8. Não botem na conta dos trabalhadores, eles votaram contra isso!

        Essa bagunça tem patrocínio patronal por parte de várias empresas,  conta com uma providencial omissão do governo estadual e a mídia dança em cima da desgraça querendo tirar o direito dos trabalhadores retrocedendo uns 100 anos de conquistas, não é a toa que hoje querem acabar com essa definição do  “trabalho análogo à escravidão” no congresso.

  9. A quem interessa a paralisação?

    LN,

     

    há muito mais do que dleinquência.

     

    É preciso amarrar esse locaute a pontos fundamentais: o subsídio dos ônibus, trens e metrô que foi parido das manifestações de junho de 2013; a necessidade de recursos para obras e ações de visibilidade em um ano eleitoral; o transtorno da população como argumento para uma elevação de tarifas diante do Movimento Passe-Livre, que demonstrou capacidade para acuar prefeitura e governo de SP.

    Haddad e Alckmin estão amarrados num problema comum. O problema que a necessária e bem-vinda integração dos trasnportes públicos provocou.

     

    Grande abraço.

     

     

     

  10. maricatas

    Falar em delinquência de motoristas e deturpação da democracia no país da famiglia Sarney, do Renan, do PT, do PSDB, do PMDB, do DEM, da Copa, do André Vargas, do Garotinho, do Dudu Paes, do Cabralzinho, do Maluf, da IURD, do metrô de Salvador, do Engenhão, dos juízes vendedores de sentença, e por aí vai, é piada maricata.

    Maricato carece de visão dialética. A delinquencia  dos motoristas da Grande Pauliceia é simplesmente um episódio da luta de classes. Neste caso é a classe dos motoristas contra todo mundo.

    Já dizia Macunaíma, nosso herói sem caráter: É CADA UM POR SI E DEUS CONTRA TODOS…

    …(E, como Deus é produto humano, não se tem a quem apelar.)

    Maricato, você pode nos informar quanto ganha, em média, um motorista da Pauliceia?

    Aqui no Rio, numa “boa” empresa, um motorista acumulando a função de cobrador e contabilizando horas extras chega a mais ou menos R$ 26.000,00 por ano – incluindo o 13º.

    Detalhe ergonômico: se um motorista movimentar o ônibus tão-somente após a cobrança da passagem e fizer o troco para cada passageiro que entra no coletivo em cada ponto, ele não cumpre o horário previsto para cada viagem, e seu baixo desempenho será cobrado pela empresa.

    O que é mais perigoso: um particular dirigir um carro e, simultaneamente, falar ao celular ou um motorista, com o ônibus em movimento, receber o dinheiro da passagem e fazer o troco?

    Nos informa a Carta Capital: “Na capital paulista, os vereadores ganham 15 mil reais e trabalharam em média mais de 160 horas por mês, recebendo 93,75 reais a cada 60 minutos de jornada(…). Contudo o custo de gabinete é exponencialmente mais elevado: são 18 assessores parlamentares para cada vereador, com uma verba mensal de 84.407,60 reais para mantê-los e ainda 16.359,48 reais para despesas gerais.”

    Não seria esse um caso de deturpação da democracia?

    Por ouro lado, se os vereadores paulistanos fizerem greve, alguém vai perceber?

  11. Mais uma vez ficou claro que

    Mais uma vez ficou claro que os séculos de escravatura, ditaduras, regimes oligárquicos, elites egoístas, dificultam nossa aprendizagem em democracia,

    É verdade, moço, tem razão. Você por exemplo não aprendeu nem um pouquinho do que é democracia.

    Vá se catar, rapaz. Quer reduzir democracia a um joguinho de cartas marcadas entre empresários, políticos e sindicalistas pelegos.

    Você tem é saudade da ditadura, seu vagabundo

     

  12. Quero relatar que esta

    Quero relatar que esta balburdia de greves por todo o país com certeza deve ter o dedinho da força sindical (Paulinho da força/Alckmin/Aécio). Na empresa em que trabalho, no dissídio da categoria aceitaram a inflação para pagar em suaves prestações. Agora do nada, querem fazer greve, tumulto na empresa, etc, etc. Não estão pensando nem um pouquinho nos funcionários, o que querem é tumultuar.
    Abraços,

  13. Nunca na História do Brasil os trabalhadores ganharam tanto.

    No governo Fernando Henrique Cardoso não vi nenhuma greve. Se houve, ninguém noticiou. Sabem por que? Os trabalhadores estavam satisfeitos? NÃO! Havia o medo no ar, um terror psicológico, o pavor de perder o emprego. Por pior que fosse o emprego, por maior que fosse o arrocho, o desemprego é sempre pior. E com um desemprego de 22%, ninguém se metia a fazer greve. Se fizesse, imediatamente apareceriam 3 ou 4 para a mesma função pela metade do salário.

    1. von Hayek

      Se não me engano, a taxa de desemprego proposta por Hayek para manter submissos os sindicatos era em torno de 20%.

      Será que Alvaro Tadeu bateu cabeça pro caboclo von Hayek?

  14. DELINQUÊNCIA VERSUS DEMOCRACIA

    Os comentários que defendem a pretensa legitimidade da greve, e a atacam a correta abordagem feita no artigo em tela, fingem não recordar que a essência elementar da democracia é o respeito às decisões da maioria.

    A observação desta questão básica e óbvia é, por si só, suficiente para evidenciar que a greve de ônibus havida em São Paulo nesta semana não pode, de maneira nenhuma, ser considerada legítima.

    Se os próprios grevistas e toda a imprensa, autoridades e empresários do setor de transportes, são unânimes em confirmar que a greve foi realizada por uma minoria insatisfeita, inferior a 30% da categoria de trabalhadores, é inegável que este movimento paredista praticou um abuso autoritário.

    Na medida em que houve uma assembléia realizada pelo sindicato na qual a maioria dos presentes decidiu pela aceitação do acordo trabalhista, os insatisfeitos têm a obrigação de respeitar a decisão, e deveriam tentar reverter o que foi decidido através da mobilização de apoios para deliberar novamente em outra assembléia.

    Quando esta minoria insatisfeita forçou a paralisação do serviço de transportes, desrespeitou o princípio básico da democracia. E pretender desconsiderar esta evidência cristalina é fingir que se pode tapar o sol com peneira.

    Além disso, a inexistência de prévio aviso da paralização do transporte público é uma deslealdade gritante, que coloca a população à mercê de danos irreparáveis. Somente quem já passou pela situação de não poder se deslocar para compromisso inadiável, ou quem se viu impossibilitado de retornar para casa sabe o quanto é grave.

    Por outro lado, a absoluta falta de transparância do processo de deliberação dos grevistas, os métodos truculentos utilizados para impedir a circulação dos ônibus, o bloqueio de acessos e de vias públicas, as evidências de ações planejadas e orquestradas, bem como a inércia e complacência dos orgãos de segurança, constituem indícios de manipulação do movimento paredista por interesses camuflados.

    Assim, não há como negar a necessidade de veemente repúdio à deliquência praticada pelos grevistas. Urge clamar pela punição dos responsáveis pelos danos causados à  sociedade e exigir o pleno respeito aos pricípios democráticos, para que as reivindicações passem a ser conduzidas de modo legítimo.

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