Pacientes de Nicolelis recuperam sensações nos membros paralisados

Jornal GGN – A revista especializada Scientific Reports trouxe nesta quinta-feira (11) uma matéria sobre os resultados obtidos pela equipe do neurocientista Miguel Nicolelis na pesquisa para devolver mobilidade a paraplégicos.

O objetivo do trabalho sempre foi utilizar um exoesqueleto robótico capaz de receber ordens do cérebro e movimentar os membros. O projeto ainda está se desenvolvendo. Mas já foram observados alguns resultados positivos.

Todos os pacientes que participam da pesquisa sofreram lesões que os médicos classificam como completas. Os impulsos enviados pelo cérebro para controlar as pernas não conseguem passar pela parte lesionada da medula e chegar até os membros.

O que a equipe de Nicolelis buscou fazer foi medir a atividade cerebral dos pacientes e fazê-los imaginar que estava mexendo as pernas. Em uma tela de realidade virtual, os membros de um avatar se movimentavam. A intenção era fazer com que as áreas do cérebro voltassem a mapear esse tipo de ação.

Os pesquisadores, no entanto, foram surpreendidos ao perceberem que todos os pacientes, em maior ou menor grau, passaram a ter sensações de dor, pressão e equilíbrio na área afetada pela paralisia. Eles também recuperaram a capacidade de contrair os músculos da região paralisada. E muitos conseguiram andar pequenas distâncias com a ajuda de andadores, muletas e órteses.

Os cientistas acreditam que algumas conexões entre a medula e os membros foram preservadas e que o treinamento com a realidade virtual fez com que elas acordassem.

Da Folha de S. Paulo

Conexão cérebro-máquina faz paraplégico mexer perna, diz estudo

Por Reinaldo José Lopes

O ambicioso projeto brasileiro de devolver mobilidade a paraplégicos por meio de um exoesqueleto robótico, controlado pela força da mente, atirou no que viu e acertou no que não viu.

Conforme aprendiam a comandar os membros biônicos, oito pacientes recuperaram parte dos movimentos e da sensibilidade de pernas que estavam totalmente paralisadas havia anos.

Os resultados surpreendentes, que acabam de ser publicados nesta quinta-feira (11) na revista especializada “Scientific Reports”, publicação da “Nature”, foram conseguidos com a mesma plataforma usada na cerimônia de abertura da Copa do Mundo de 2014. À época, um paraplégico, com a ajuda do exoesqueleto, conseguiu dar um rápido chute numa bola de futebol. A demonstração, no entanto, ainda estava distante do sonho de devolver a capacidade de andar a pessoas que sofreram lesões da medula espinhal.

Esse sempre foi o objetivo da equipe do neurocientista paulistano Miguel Nicolelis, 55, da Universidade Duke (EUA). Em parceria com colegas brasileiros e de outros países, Nicolelis montou uma grande estrutura de pesquisa básica e de testes clínicos no Brasil. O novo estudo é a primeira publicação oficial dos resultados desse esforço com pacientes humanos.

Ainda é difícil explicar exatamente o que aconteceu com os participantes da pesquisa. Todos eles sofreram lesões classificadas como completas pelos médicos. Ou seja, em tese, os impulsos enviados pelo cérebro deles para controlar as pernas simplesmente não conseguiriam mais passar pela parte lesionada da medula e chegar até os membros. É como se o fio que leva energia elétrica para uma lâmpada tivesse sido cortado.

A abordagem adotada por Nicolelis e companhia buscou contornar esse problema medindo diretamente a atividade cerebral dos pacientes, fazendo-os imaginar que estavam mexendo as pernas de novo e vendo um avatar desses membros a se movimentar numa tela de realidade virtual. Com isso, as áreas do cérebro que tinham “esquecido” como mexer as pernas voltaram a mapear esse tipo de ação.

De quebra, os paraplégicos recebiam um feedback sensorial das pernas virtuais. Um aparelho especial colocado no braço deles lhes conferia a sensação de pressão das passadas, mais ou menos como um controle de videogame que vibra quando o jogador passa por uma lombada dirigindo seu carro virtual.

Depois dessa fase de aprendizado e de exercícios em aparelhos que sustentavam o peso do corpo dos paraplégicos, as mensagens do cérebro usadas para controlar as pernas virtuais foram empregadas para movimentar o exoesqueleto desenvolvido pelos pesquisadores (o mesmo da demonstração da Copa).

A surpresa, porém, veio quando os pesquisadores perceberam, após meses de trabalho, que todos os pacientes, em maior ou menor grau, passaram a ter sensações de dor, de pressão e de equilíbrio na área originalmente afetada pela paralisia. Todos eles também recuperaram a capacidade de contrair ao menos alguns músculos da região paralisada – em especial os ligados ao quadril e ao fêmur. Isso é suficiente para movimentar ao menos um pouquinho as pernas, conforme mostram vídeos feitos pela equipe. Vários deles também conseguiram andar por distâncias curtas com ajuda de andadores, muletas e órteses.

A hipótese dos cientistas é que pelo menos algumas das conexões entre a medula e os membros dos pacientes foram preservadas, e que o treinamento com a realidade virtual e o exoesqueleto fez com que elas “acordassem”. O objetivo agora é testar o mesmo processo de reabilitação em pessoas que sofreram as lesões há pouco tempo – em tese, elas poderiam ter melhoras ainda mais claras. Ainda é cedo para dizer até onde a abordagem é capaz de ir.

Redação

7 Comentários

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  1. As dores sao dores fantasma

    As dores sao dores fantasma ou sao reais?

    Minha outra pergunta nao quer ser vulgar mas vai ser:  ha maneira de recuperacao sexual do paciente com esse mesmo tipo de treinamento?  Hei, assistir pornografia em nome da ciencia nao eh pra qualquer um.  (Nao, esse nao foi um comentario vulgar tampouco)

    1. Le Monde menciona melhora na sexualidade masculina
      Sim, parece existir alguma recuperação sexual vide o publicado no Le Monde sobre o assunto:
      (….)
      Les meilleurs résultats ont été enregistrés chez deux femmes, paralysées depuis plus de dix ans et sans aucune sensation dans la partie inférieure de leur corps. Une vidéo montre l’une d’entre elles bouger volontairement ses jambes, soutenue par une sorte de harnais. Une de ces patientes peut maintenant s’asseoir et conduire. L’une d’elles a aussi pu, « pour la première fois, sentir son bébé (son deuxième enfant) et les contractions » lors de son accouchement, selon le chercheur.

      Des patients masculins ont également fait état d’une amélioration de leur sexualité. « Certains d’entre eux ont recouvré la possibilité d’avoir des rapports sexuels, des érections », dit le docteur Nicolelis.

      Une autre étude est prévue pour déterminer combien de temps il serait souhaitable de poursuivre cette rééducation, même allégée.

      Texto completo:

      http://mobile.lemonde.fr/medecine/article/2016/08/11/des-paraplegiques-de-longue-date-recouvrent-une-capacite-de-mouvement-une-percee-sans-precedent_4981480_1650718.html

  2. e na ANSA da Itália

    Avatar e realtà virtuale, la riabilitazione è ‘hi-tech’

    Condotta su 8 pazienti con paralisi, i risultati sulla rivista Scientific Reports

    11 agosto, 17:22

     

    Individui con paralisi completa da tanti anni hanno recuperato parzialmente qualche funzione (senso del tatto, sensazione di dolore, controllo della vescica e qualche movimento) dopo un anno di riabilitazione ‘hi-tech’ con interfacce uomo-macchina, realtà virtuale e avatar. Reso noto sulla rivista Scientific Reports, è lo straordinario risultato di una ricerca condotta su otto pazienti con grave paralisi: in pratica è come se il loro sistema nervoso fosse stato riprogrammato da questa riabilitazione ultratecnologica e i pochi nervi rimasti intatti dopo l’incidente siano riusciti a risvegliarsi, consentendo il ripristino parziale di funzioni motorie e tattiti.

     

    “Finora nessuno aveva mai assistito al recupero di queste funzioni in pazienti da tanti anni in condizioni di paralisi completa”, spiega Miguel Nicolelis della Duke University di Durham. Nicolelis è partito dallo sviluppo delle interfaccia uomo-macchina, ovvero sistemi che captano le onde cerebrali su cui ”corrono” pensieri e intenzioni e le traducono in un comando per il pc o per un braccio robotico o per una protesi che aiuti a camminare. I ricercatori hanno chiesto ai pazienti di immaginare di muovere le gambe e raccolto i loro segnali neurali. Con i pensieri dei pazienti hanno animato avatar che mettessero in atto virtualmente i movimenti immaginati.

     

    Inoltre, i pazienti vestivano indumenti con sensori e altre tecnologie in grado di inviare feedback al paziente stesso. Così pian piano il paziente ha ricominciato ad avvertire sensazioni tattili.

     

    Laddove prima vi era il ”silenzio” completo dei sensi, spiega Nicolelis, i pazienti hanno ricominciato a sentire; probabilmente grazie a nervi spinali rimasti sani e riprogrammati dal training hi-tech. Ad esempio i pazienti hanno potuto avvertire la differente sensazione di camminare sulla sabbia o sull’asfalto (tramite il loro avatar). E non è tutto, con gambe robotiche e uso di realtà virtuale, i pazienti sono riusciti a muovere volontariamente alcuni muscoli e camminare.

  3. um Nicolelis não faz verão

    Perdi toda motivação para acompanhar ou comentar as notícias deste país, que trafegam entre o escrachado e o tenebroso. Espero que o genial Miguel Nicolelis consiga escapar das perseguições politicas realizadas pelos anões morais que se apossaram da nação, faria melhor se abandonasse o barco e prosseguisse suas pesquisas em alguma nação civilizada.

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