Os modelos de gestão pública

Coluna Econômica

Na gestão das empresas, um dos grandes avanços gerenciais foi a implantação da chamada gestão por processos.

No modelo tradicional, cada departamento da empresa trabalhava isoladamente, quase que como área estanque. Na gestão por processos, identificam-se os processos principais da empresa e junta-se em torno de cada um todos os departamentos que têm participação nele. A partir daí, acertam-se ações conjuntas.

Por exemplo, um processo consiste na fabricação de determinado produto. Passa pela compra de insumos, pelo recebimento, pelos custos, pela entrada na linha de produção, pela saída do produto pronto e pela venda.

Aí se define um indicador: o tempo médio entre a decisão de produzir, de comprar os insumos até a entrega ao cliente final. Escolhido o processo e o indicador, definem-se as metas de redução do prazo. Cada departamento terá que se submeter ao gestor do processo.

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NaarNa área pública, especialmente na gestão do orçamento, a complicação é maior ainda. Suponha políticas voltadas para jovens. Envolvem ações do Ministério da Educação, Saúde, Esportes, Ação Social etc. Para que essas ações ganhem eficiência, há a necessidade de integrá-las.

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As primeiras tentativas de integração ocorreram no governo FHC, com a criação de conselhos de ministros: um para economia, outro para área social, outro para exportações etc. Mas ainda era um modelo inflexível, com um caráter muito mais de troca de informações do que de

O passo seguinte foi o “Brasil em Ação” e o “Avança Brasil” , coordenado pelo Secretário Executivo do Ministério do Planejamento, José Paulo Silveira.

No caso do Avança Brasil, organizaram-se todas as verbas orçamentárias em programas em torno de públicos específicos – crianças, adolescentes, velhos, regiões etc. Depois definiu-se o conjunto de ministérios envolvidos em cada programa. Foi indicado um gerente incumbido de tocar o programa, cobrar dos ministérios e criar indicadores de acompanhamento.

A experiência falhou por razões variadas. Primeiro, porque gerentes não têm como cobrar ministros: é uma questão hierárquica. Depois, pelo não envolvimento do presidente Fernando Henrique Cardoso com o programa.

Mesmo assim, ficou um aprendizado rico, para ser aproveitado, especialmente na unificação dos projetos e na criação de indicadores.

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O passo seguinte foi o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Incorporou avanços anteriores e corrigiu deficiências. Nesse modelo, montava-se sala de situação para cada projeto. Mas aí envolvendo não apenas ministérios e departamentos federais, como associações empresariais, conselhos de secretários estaduais, organizações sociais. Define-se o papel de cada agente, firma-se um documento no qual todos os lados se comprometem com sua parte e montam-se círculos de acompanhamento, em cada ministério e centralmente na Casa Civil.

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Em um próximo governo, esse modelo terá que ser mais aprimorado. Novos agentes terão que ser incorporados nas análises de projetos, que precisarão ser mais detalhados e mais abertos à exposição pública. E aí as ferramentas de rede social serão relevantes. 

Luis Nassif

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