Breves comentários sobre o fascismo, por Gustavo Gollo

Breves comentários sobre o fascismo, por Gustavo Gollo

Estamos ressuscitando, no Brasil, uma questão que andava dormente. Pouco antes da última grande guerra, um movimento sociopolítico de características bem marcadas sacudiu o mundo; era o fascismo que, na Alemanha, com suas peculiaridades locais, recebeu o nome de nazismo.

Os fascistas alemães, os nazistas, implementaram uma política de massacre às minorias, cuja face mais alardeada foi a perseguição a judeus. Atente que os nazistas perseguiram violentamente os negros, os ciganos e todos os que não tinham uma total ascendência alemã, entre eles os judeus. Homossexuais e todas as outras minorias também foram vítimas.

A perseguição fascista tem por alvo o outro, o diferente de “nós”, o culpado de tudo.

“ ‘Tá tudo uma droga e a culpa é desses caras (diferentes de nós, sejam quem forem). Então, nos juntamos, baixamos o sarrafo, botamos ordem nessa corja, e quem não gostar nós arrebentamos pra mostrar quem manda! E ai deles se reclamarem!”.

Lembro de uma breve discussão, uns poucos anos atrás, quando foi lançada no Brasil uma edição do livro escrito por Hitler, “Minha Luta”. Na época, alguns se indignaram, clamaram pela proibição do livro, um erro. Acho que o fascismo, assim como todas as coisas, deve ser divulgado e compreendido. Acredito que seja o obscurantismo, a própria ignorância decorrente da proibição, que alimenta o fascismo. Penso que se o compreendêssemos, o repudiaríamos, e que sua aceitação agora, entre nós, decorre da ignorância. É porque desconhecemos o fascismo, por não sabermos do que se trata, que ele nos ameaça. Por outro lado, se ao compreendê-lo nos sentirmos seduzidos por ele, só nos restará aceitá-lo. De qualquer modo, saibamos o que estamos fazendo.

Raríssimos brasileiros aceitam o rótulo, ninguém se considera fascista. Todos aqui aprenderam a repudiar os “fascistas” – grupos uniformizados de perseguidores de judeus –, de acordo com ensinamentos da TV. Não estando de uniforme, nem perseguindo judeu, pode; aí não é fascista – é o que a TV tem ensinado.

 

Após o final da grande guerra, foi proclamada a declaração universal dos direitos do homem, uma espécie de negação do fascismo, muito simples e direta.

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.”

Penso que o fascismo corresponda simplesmente à negação de tais direitos, à imposição de que algumas pessoas não sejam humanas, mas inerentemente indignas e não-merecedoras da consideração devida às pessoas humanas, e nada importa se os perseguidos são judeus, negros, ou pobres, nem se os perseguidores usam, ou não, uniformes.

 

Assim, em oposição à declaração dos direitos humanos, podemos reconhecer a declaração do fascista:

 

É hora de mostrar quem manda. Está tudo errado e a culpa é desses caras. Quem sabe o que é certo sou eu. Vou dar um jeito nisso e quem não gostar que saia da frente. Quem manda sou eu e cala a boca!

Que os fascistas saibam o que são, e o que estão fazendo.

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador