Em retaliação, Temer demite indicados de “traidores” da reforma trabalhista

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Marcos Corrêa/PR – Fotos Públicas
 
Jornal GGN – Michel Temer demitiu os indicados de segundo escalão de seu governo por deputados que votaram contra a reforma trabalhista, no último dia 26 de abril. O Diário Oficial da União desta terça-feira (02) trouxe três exonerações de apardrinhados do PTB, PSD e Pros.
 
Como forma de chantagem, o presidente da República decidiu que iria demitir os indicados de parlamentares que votassem contra as suas reformas na Câmara e no Senado. Ainda no dia 24 de abril, o mandatário já anunciava em reunião com líderes partidários que iria tomar a mesma medida com a Reforma da Previdência.
 
Além disso, decidiu exonerar todos os ministros que têm mandato na Câmara dos Deputados, para que regressem à Casa e sejam obrigados a votar a favor da Reforma, prevista em sessão na segunda semana de maio.
 
O próprio ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, anunciou publicamente a decisão de Temer, após se reunir com o presidente no Palácio do Planalto, no dia 24. “É um reforço. É como se fosse reforçar o time em campo. Vai ficar mais reforçado ainda com a ação efetiva e presente dos ministros na Câmara dos Deputados”, disse.
 
Para “reforçar o time”, serão demitidos 14 deputados federais para votarem a Previdência. A medida aparentemente “amigável” e como estratégia de governabilidade não obteve o mesmo tom com o caso da Reforma Trabalhista.
 
Nela, Michel Temer não teve cautelas ou preocupações com a repercussão da demissão da equipe do Executivo de três indicados por deputados que votaram contra a reforma. Deley (PTB-RJ), Ronaldo Fonseca (Pros-DF) e Expedito Neto (PSD-RO) não apoiaram o projeto, votado no dia 26 de abril.
 
Ainda que o texto foi aprovado, por 296 votos favoráveis e 177 contra, os apadrinhados destes três deputados foram demitidos, oficialmente, nesta terça-feira (02). Marcelo Xavier de Castro, indicado por Deley, foi tirado da Diretoria de Finanças e Administração das Indústrias Nucleares do Brasil S.A. (INB).
 
Recomendação de Ronaldo Fonseca, José Ricardo Marques foi exonerado do posto de diretor-geral do Arquivo Nacional do Ministério da Justiça. E o nome de Expedito Neto para ser delegado da Delegacia Federal de Desenvolvimento Agrário no Estado de Rondônia, Luiz Fernando Martins, também foi demitido.
 
Todas as demissões foram retaliações de Michel Temer frente ao que considerou “traição” de integrantes da base aliada às suas medidas econômicas em tramitação no Congresso.
 
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Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

7 Comentários

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  1. Não são “retaliações”,

    Não são “retaliações”, trata-se de quebra de pacto politico, ocorre há seculos na politica brasileira e mundial. Na politica brasileira é REGRA DE OURO, tem que cumprir o combinado. Estive na presidencia de uma estatal estadual por acordo do PTB com o Governador, o partido não cumpriu o acordo, fui demitido imediatamente, por telefone, pelo proprio Governador.

    Isso há 25 anos passados porque essa era e é a regra de jogo da politica. O Governo Dilma foi muito tolerante com quabra de acordos desse tipo, Ministros que faziam campanha aberta contra a Presidente continuvam nas suas pastas por meses,

    erro da coordenação politica de Dilma, que era NULA.

  2. Se já não contou com os votos
    Se já não contou com os votos destes “traidores”, ao demitir seus apadrinhados é que não vai contar mesmo com os seus votos…irão fazer falta.

  3. Fatos e versões

    Impressionante, como toda nossa imprensa  não se choca com este toma lá dá cá. Afinal se chocava até com indicação de Fachin para o supremo. Acusaram o PT de aparelhamento do estado, fizeram um julgamento do mensalão, acusando-o de comprar apoio político, e no momento o que  estamos vendo é a compra total de votos com dinheiro público.

    Portanto não posso aceitar que agora alguem venha me dizer tudo isto é normal,  e se Dilma caiu por isto,  então falem em bom tom. Dilma se opôs a esta corrupção. Mas as pessoas não se chocam quando os de sempre  roubam, manipulam , apens dizerm que é assim mesmo.

  4. Começou a queda de braço.

    Começou a queda de braço. Vamos ver quantos vão querer sacrificar seu futuro político para agradar um canalha confesso como Temer.

  5. Acirdos programáticos

    É porisso que vamos continuar durante séculos patinando nesse atraso e nesse lodaçal. Nos países civilizados as coalizões são feitas com base em acordos programáticos. Para se assinar o termo de fechamento da coalizão, os 2 ou 3 partidos discutem por dias ou semanas quais programas de cada um vão ser implementados. O toma lá dá cá é vergonhoso. Nem se ouve falar  nos programas partidários.
     

  6. Esse é o mote e a senha para abandonarem a canoa furada!!

    Olê. Olá Nessa canoa furada quem vai ficar!! Como o comandante deve ser o último a abandonar o barco que o Temeroso vá a pique com sua canoa furada! Será que os partidos estão loucos de afundarem juntos? 71% dos brasileiros são contra a Reforma da Previdência, a aprovação do presidente desceu a um dígito. Essa pôrra vai à pique mesmo. 

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