Empresas europeias são investigadas na Operação Lava Jato

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Jornal GGN – A Deutsche Welle publicou reportagem com foco nas empresas europeias citadas no decorrer da investigação Lava Jato. Desde que a operação foi deflagrada, em março de 2014, empresas do Reino Unido, Suécia, Itália e Holanda estão sendo investigadas pela Polícia Federal. Ao todo elas tiveram mais de R$ 30 bilhões em contratos. As empresas afirmam que seus contratos não apresentam qualquer irregularidade.

Um complicador da situação é que, em dezembro, a Petrobras suspendeu as empreiteiras Skanska (da Suécia) e a Techint (da Itália), junto com outras 21 empresas suspeitas, de participarem de futuras licitações. A medida de caráter preventivo visa resguardar a petroleira e suas parceiras, mas o remédio têm sido amargo para os negócios.

Sugestão de Maria Carvalho

do Deutsche Welle

Empresas europeias estão na mira da Operação Lava Jato

Citadas no escândalo, companhias como Rolls-Royce, Skanska, Techint e SBM Offshore tiveram mais de 30 bilhões de reais em contratos com a Petrobras. Empresas negam qualquer irregularidade em seus negócios.

Além de grandes empreiteiras brasileiras, empresas europeias estão na mira da Polícia Federal (PF) no caso de corrupção da Petrobras. Desde que, em março de 2014, foi deflagrada a Operação Lava Jato, Rolls-Royce (Reino Unido), Skanska (Suécia), Techint (Itália) e SBM Offshore (Holanda) foram citadas no escândalo. Juntas, elas tiveram mais de 30 bilhões de reais em contratos com a estatal.

No maior escândalo da história da Petrobras, a suspeita da PF é que parte do dinheiro obtido através de pagamento de propina por diversas empresas seria repassada por funcionários da estatal para o caixa de partidos como PT, PMDB e PP.

A Skanska ganhou licitações para manutenção de plataformas, construção de uma usina térmica no estado do Rio e outros serviços avaliados em mais de 700 milhões de reais. A Techint obteve, só em um consórcio com a Andrade Gutierrez, um contrato no valor de 2,5 bilhões de reais para a construção de uma unidade de coque no Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj).

A Rolls-Royce foi citada pelo ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco. No acordo de delação premiada feito com o MPF, ele afirmou que a empresa britânica assegurou um contrato de 100 milhões de dólares com a estatal por meio do pagamento de propina. A multinacional inglesa fornece turbinas de geração de energia para plataformas de petróleo.

A holandesa SBM Offshore, que fornece navios-plataforma para a estatal e que tem contratos que somam cerca de 27 bilhões de dólares, é investigada por supostamente obter vantagens indevidas e pagar propina a funcionários públicos federais. Em novembro passado, a Controladoria-Geral da União (CGU) apontou “graves irregularidades” na relação entre as duas companhias.

Suspensão de futuras licitações

Em dezembro, a Petrobras suspendeu as empreiteiras Skanska e Techint, juntamente com outras 21 empresas suspeitas, de participarem de futuras licitações.

De acordo com comunicado da estatal, a medida, cautelar e em caráter preventivo, tem a finalidade de resguardar a petroleira e suas parceiras de danos de difícil reparação financeira e de prejuízos à imagem. O bloqueio, porém, não afeta contratos já firmados ou em andamento.

A decisão, que se aplica em grande parte a construtoras nacionais, deve levar a Petrobras a recorrer a empresas estrangeiras para compensar a perda na lista de fornecedores. A contratação de estrangeiras, porém, pode ser dificultada pela exigência de conteúdo local feitas pelo governo em seus contratos.

“Clube” de empreiteiras teria fraudado licitações da Petrobras e pago propina para agentes públicos

As principais empresas suspeitas de participarem do cartel são: Odebrecht, UTC, Camargo Corrêa, Techint, Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, Promon, MPE Montagens Industriais, Skanska, Queiroz Galvão, Iesa, Engevix, Setal, GDK, OAS Construções e Galvão Engenharia. Há investigações também sobre o envolvimento de fornecedoras como Alusa, Carioca Engenharia, Schahin, Setal Engenharia e dos estaleiros Keppel Fels e Jurong, de Cingapura.

De acordo com dados do Ministério Público Federal (MPF), os crimes já denunciados envolvem o desvio de cerca de 2,1 bilhões de reais. Já foram recuperados 500 milhões, e 200 milhões em bens de réus estão bloqueados.

Na sexta-feira (20/02), o MPF ajuizou cinco ações de improbidade administrativa, que cobram 4,47 bilhões de seis empresas investigadas por desvios – Camargo Corrêa, Sano-Sider, Mendes Júnior, OAS, Galvão Engenharia, Engevix e seus executivos.

Empresas negam irregularidades

A Rolls-Royce afirmou, por meio de nota, que a empresa não recebeu detalhes das alegações feitas recentemente na imprensa e que não foi abordada por autoridades brasileiras:

“Nós temos sempre sido claros que não vamos tolerar conduta empresarial imprópria de qualquer tipo e tomaremos todas as medidas necessárias para assegurar a conformidade, inclusive cooperando com as autoridades em qualquer país.”

Já a Skanska disse que “a empresa conduz seus negócios com alto grau de integridade e ética e está à disposição das autoridades para colaborar nas investigações”.

A Techint, por sua vez, afirmou que respeita rigorosamente a legislação brasileira e que “não houve irregularidade nas contratações dos projetos que executou ou executa para a Petrobras”. A empresa criticou, ainda, o bloqueio imposto pela estatal.

“A decisão tomada pela Petrobras não possui caráter cautelar, mas de efetiva e concreta penalização antecipada e sem provas, em flagrante violação ao princípio de presunção de inocência. A Techint lamenta a postura precipitada e desprovida de qualquer fundamento adotada por sua cliente”, afirmou a empresa, por e-mail.

Procurada pela DW Brasil, a SBM Offshore não se manifestou até o fechamento da reportagem.

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

10 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Será que Robin (apelidado de

    Será que Robin (apelidado de sergio moro), depois de ler mensagens de Batman (apelidado de joaquim barbosa) no twitter, vai encanar os executivos alemães e italianos no seu chiqueirinho de Curitiba? O que fará Frau Merkel contra o poder absoluto de Robin? 

  2. Como querem recuperar a empresa impondo-lhe prejuizos

    A AGU está procurando negociar sem interferir nas punições mas o MPF já bateu o martelo: não, não e não. A lógica:  Vou te salvar lhe impondo um desfalque de 1 trilhão de reais por causa dos 2 bi que lhe roubaram….hum….

    “De acordo com dados do Ministério Público Federal (MPF), os crimes já denunciados envolvem o desvio de cerca de 2,1 bilhões de reais. Já foram recuperados 500 milhões, e 200 milhões em bens de réus estão bloqueados.”

    1. rs………………os números não mentem jamais

      mas torture os números e obtenha deles qualquer coisa

      neste tipo de investigação, e pelo tipo de mercado e tamanho das empresas envolvidas, os números nada mais são  que uma ferramenta política

       

        1. e, veja bem, são apenas suspeitas…

          chegar a um determinado valor a partir de suposições só mesmo com investigações “politiqueiras”,

          como diria o JB

  3. Como as brasileiras estão na

    Como as brasileiras estão na mira e as européias também, então só resta convocar as americanas para fazer obras no Brasil. Que tal chamar aquela do Dick Chenney, que ganhou para “reconstruir” o Iraque? Limpinha, limpinha.

  4. Têm ou não têm lobbysta em Brasília?

    Se têm, fazem o quê e para quem?

    Se conversam com alguem, qual o interesse e o cargo desta pessoa.

    Logo vai aparecer uma mulher traída, ou uma empregada brigona para colocar a boca no trombone. Aí, sai de baixo.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador