Redução dos reservatórios avança. São Paulo está perto de nova crise hídrica

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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da Rede Brasil Atual

Redução dos reservatórios avança. São Paulo está perto de nova crise hídrica

Ambientalista afirma que desde as obras já feitas, até a falta de informações para a população, gestão Alckmin fez abordagem equivocada do problema de abastecimento na região metropolitana da capital

por Felipe Mascari, da RBA

São Paulo – Na última quarta-feira (25), os seis sistemas que abastecem a região metropolitana São Paulo apresentavam níveis de água armazenada piores do que em 2013, período que antecedeu a crise de abastecimento daquele ano. No reservatório Rio Claro, por exemplo, a diferença representa uma queda de 56,9%.

Em estado de alerta desde julho deste ano, o volume do sistema Cantareira está em 34,1% – 7,2% a menos do que o mesmo período em 2013, quando estava com 41,3% de sua capacidade. Caso continue em queda e chegue aos 30%, o Cantareira entrará em estado de restrição, o que permitirá a retirada de apenas 23 metros cúbicos por segundo do reservatório.

O Rio Claro é o que apresenta maior diferença de volume, comparado com o período que antecedeu a crise. No mesmo dia, em 2013, o sistema registrava 93,1% de sua capacidade. Agora está em 36,2%. Outra queda é vista no sistema Alto Cotia. De 87,6%, em 2013, o reservatório está, atualmente, com 42,9% – uma diferença de 44,7%.

Segundo os dados da Sabesp, os sistemas Guarapiranga, Rio Grande e Alto Tietê também apresentaram redução significativa em seus volumes: 28,6%, 15,2% e 7,8%, respectivamente.

Com a região metropolitana próxima de uma nova crise de gestão hídrica, o planejador ambiental Renato Tagnin explica que há três motivos para que São Paulo volte a passar pelos mesmos problemas que os de 2013 e 2014: as políticas elaboradas pelo governo de Geraldo Alckmin (PSDB), a falta de campanhas de educação e de informação para a população e a constante alteração de clima na capital.

Para ele, a discussão sobre novas crises hídricas não vai acabar enquanto a sociedade não mudar o modo de pensar. “Enquanto acharem que só obra resolve, sem olhar para o ambiente, nada muda. Depois do que vivemos em 2014, não tem mais desculpa para não se evitar uma crise”, critica ele.

Tagnin, que é consultor do Ministério do Meio Ambiente para a elaboração da Estratégia Federal de Gestão Ambiental Urbana, também afirma que um dos processos que agrava a crise hídrica é a falta de informação para a população. “Na crise de 2014, enquanto foi negada a sua existência, a pessoa abria a torneira e não encontrava água. Negar a crise com finalidade eleitoral é sacanear a população. O povo colaborou, reduziu o consumo, ou seja, existe um potencial de mobilização que não pode ser desprezada.”

O especialista também alerta para a mudança do clima na região metropolitana, como o aumento da estiagem no inverno e as precipitações de verão. “O avanço da urbanização e do desmatamento também é um dos motivos disso. A alteração da cobertura do solo reduz a umidade, aumenta a erosão e remove o ecossistema da Mata Atlântica, ou seja, acaba com a estabilidade da natureza. Poderemos ter períodos de estiagem em períodos de chuva e, quando chover, ter enchente e não servir nada para o abastecimento. A ilha de calor sobre a cidade rouba parte da chuva que deveria cair nas áreas verdes e dos reservatórios”, diz.

Tagnin alerta que a escassez reduz a qualidade da água, resultando em doenças para a população. Além disso, ele também conta que a crise faz as pessoas recorrerem à fontes não seguras, como caminhões pipa, nascentes e poços rasos.

“A quantidade de água reduz, mas os poluentes continuam indo nos cursos da água, só que eles estão mais concentrados, já que há pouca água para diluir. Portanto, a qualidade piora cada vez mais. Mesmo que fique tirando água de um lado e jogue para outro. Você pega água da Billings, uma água suja, e coloca no reservatório Rio Grande. Ou seja, você piora a qualidade da água limpa. A crise hídrica tem uma face trágica”, acrescenta Renato.

 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

3 Comentários

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  1. Exemplo de que o eleitor

    Exemplo de que o eleitor sempre vota certo o que não impede de ser induzido a erro. Alckmin está há 22 anos enganando a população de São Paulo com seus mal feitos políticos sendo maquiados ou escondidos pela midia parceira. Alguém se lembra do prêmio de gestão hídrica pelo volume morto ? Ao contrário de Haddad, que administrou a cidade com rara competência e honestidade mas recebeu bombardeio diuturno da midia parceira do outro nos 4 quatro anos como prefeito. Resultado, Alckmin reeleito governador no primeiro turno e Haddad fragorosamente derrotado na tentativa de reeleição, também no primeiro turno. Isso mostra a beleza da Democracia, que com todas as imperfeições é o único regime que, mesmo com atraso, permite a correção dos erros, sem sangue na calçada. Os mesmos eleitores d’antanho, em sua maioria, estão hoje colocando as coisas nos trilhos, Haddad rumo a Brasilia, Alckmim a Pindamonhangaba se tiver sorte. Com midia e com tudo.

  2. Houve um grande erro em SP
    Houve um grande erro em SP quando acabaram com o Parque dos Búfalos(isso mesmo exterminaram um parque)bem a beira da represa Billings,um grande receptador de água,e construíram vários conjuntos de prédios(p 20mil pessoas,acho)em um bairro q sequer tem estrutura para tanta gente e em uma área de preservação de mananciais,UM GRANDE ERRO E GRANDE IRRESPONSABILIDADE DO GOVERNO TUCANO !!!

  3. Isso mesmo.
    São Paulo,

    Isso mesmo.

    São Paulo, locomotiva do país. Pedir justa medida nas coisas apenas acirra o “chauvinismo”. 

    Enquanto tem gente que acredita nisto, outros enfiam a mão no seu bolso. 

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