Jornal GGN – O Estadão informou nesta terça (24) que a nova direção do Botafogo entregou às autoridades do Rio de Janeiro indícios que motivaram a instauração de um inquérito policial envolvendo Maurício Assumpção, ex-presidente do clube, e Sérgio Landau, ex-diretor geral botafoguense. Eles são acusados de favorecer a Odebrecht em dois contratos suspeitos, que somaram R$ 20 milhões, entre 2013 e 2014.
Em 2014, o blog chamou atenção para o contrato de publicidade firmado entre o Botafogo e a Telexfree, uma empresa então já condenada e impedida de atuar no Brasil por causa de um escândalo envolvendo esquema de pirâmide que lesou 1 milhão de pessoas. Os dois que hoje são acusados, Assumpção e Landau, moveram uma ação contra o editor-chefe, Luis Nassif, por causa dos artigos que tratavam do assunto.
Do lado da Odebrecht serão investigados os executivos Benedito Barbosa Junior (diretor presidente à época dos acontecimentos), Leandro Andrade Azevedo (diretor da empreiteira) e João Borba Filho (presidente do Complexo Maracanã Entretenimento S.A.).
Segundo o Estadão, a atual gestão do Botafogo, liderada pelo presidente Carlos Eduardo Pereira, suspeita de “ilegalidades em dois contratos em mútuo assinados por Assumpção com a Odebrecht, em 2013 e 2014, no valor total de R$ 20 milhões e aponta que os acordos causaram “graves prejuízos ao clube.”
As informações iniciais, levantadas a partir de uma investigação interna, dão conta de que a Odebrecht foi favorecida por Assumpção na intervenção do estádio do Engenhão, hoje chamado de Nilton Santos.
O atual comando do clube não divulgou detalhes da apuração interna, mas afirmou que os indícios são suficientes para cravar que o clube foi “vítima de atividades suspeitas”.
Em 2014, Nassif questionou parceria firmada entre o Botafogo e a Telexfree, que teve o envolvimento pessoal de Landau. “Não há nenhuma justificativa plausível para esse contrato. É altíssima a probabilidade de que a operação tenha sido armada para lavagem de dinheiro”, apontou. Apontava o fato da Sérgio Landau ser irmão de Elena Landau que, na época em que trabalhava para o Banco Opportunity, de Daniel Dantas, ter comandado investimentos em clubes de futebol, um dos setores preferidos para lavagem de dinheiro.
À época, Nassif esboçou o que poderia ser o esquema de lavagem de dinheiro envolvendo o Botafogo e a Telexfree. Ele escreveu:
“O que explicaria esse contrato com o Botafogo? Há muitas décadas, o Botafogo não tem a menor repercussão internacional. Internamente, não haveria razão para a Telexfree se promover comercialmente, posto que impedida de operar no país.
A única explicação para essa operação estapafúrdia é lavagem de dinheiro:
1. A Telexfree simula um pagamento para o Botafogo no exterior.
2. O presidente do Botafogo traz o dinheiro para o país, legalmente.
3. Depois, trata de acertar com os controladores da Telexfree formas de repassar parte dos recursos.”
Com a denúncia envolvendo a Odebrecht, encaixa-se a última peça do quebra-cabeças: os contratos fictícios de patrocínios visariam lavar dinheiro recebido da empreiteira.
Em janeiro de 2014, o blog também publicou entrevista da promotora Alessandra Garcia Marques, do Ministério Público do Acre, ao portal CentenárioMT.com.br, na qual ela dispara contra a parceria Botafogo-Telexfree. “É incrível, isso é uma vergonha, isso só acontece no Brasil”, disse. Ela também frisou que o contrato com o Botafogo precisou ser assinado fora da jurisdição brasileiro.
Landau, por sua vez, deu outra explicação para aquele fato. “Como firmamos a parceria com eles, queríamos conhecer a sede e tudo foi assinado lá. Só por isso. Não há nenhum problema”, tangenciou.
A parceria entre o clube a Telexfree acabou em maio de 2014. A ação contra Nassif ainda está rolando.
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Foto à direita: Cleber Mendes/Lancepress!
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