China aumenta participação em produções hollywoodianas

Do Valor Econômico

Cinema chinês pega carona com Hollywood

Por Frederik Balfour e Ronald Grover | Bloomberg Businessweek, de Hong Kong e Los Angeles

O assassino de aluguel interpretado por Bruce Willis viaja para o futuro no filme “Looper”, com estreia prevista para o ano que vem. Graças ao apoio da DMG Entertainment, de Pequim, esse futuro está na China. A DMG bancou a produção sob a condição de que as locações fossem transferidas da França e que um papel fosse escrito para a atriz chinesa Xu Qing. Depois de contornar esses problemas, o filme passou a ser classificado como uma coprodução chinesa, fora, portanto, da cota de importações de 20 filmes estrangeiros por ano e permitindo aos produtores estrangeiros ficar com até três vezes o valor arrecadado nas bilheterias. “Estamos tentando ser relevantes para um mercado significativo”, afirma Dan Mitz, presidente-executivo da DMG. “O setor disparou como um foguete.”

“Looper” faz parte de uma onda de produções sino-americanas, no momento em que Hollywood tenta crescer na China, que está abrindo mais de 1,4 mil salas de exibição por ano. O ‘remake’ de 2010 de “Karatê Kid”, estrelando Jackie Chan e Jaden Smith, foi produzido pela Columbia TriStar, da Sony Pictures, e pela estatal China Film Group. A Fox Searchlight Pictures e a IDG China Media, de Pequim, se uniram para produzir “Flor da Neve e o Leque Secreto”. “Todo mundo está querendo pegar o trem”, diz Bill Kong, que coproduziu o sucesso de 2000 “O Tigre e o Dragão”. “Dez anos atrás, se você conseguisse uma bilheteria de US$ 3 milhões na China, dava pulos de alegria. Hoje, é possível conseguir US$ 100 milhões ou US$ 200 milhões.”

As bilheterias cresceram 64% na China no ano passado, para 10,2 bilhões de yuan (US$ 1,6 bilhão), segundo a Administração Estatal do Rádio, Cinema e Televisão. Embora isso seja uma fração dos US$ 10,6 bilhões registrados nos Estados Unidos, segundo a Box Office Mojo, a China é um mercado com um potencial de crescimento enorme para Hollywood. A construção de novas salas de cinema vai mais que dobrar o número de salas existentes até 2015, em relação às 6,2 mil existentes no fim de 2010, segundo Mintz.

James Wang, 41, e seu irmão mais velho Dennis fizeram seu primeiro filme, a comédia “Party A, Party B” na metade da década de 90. A produção rendeu US$ 4 milhões, “um sucesso na época”, diz ele. No ano passado, Wang, presidente-executivo da Huayi Brothers Media, a maior produtora independente de cinema da China, lançou “Aftershock”, um filme de Feng Xiaogang sobre o terremoto de Tangshan, em 1976. O filme arrecadou US$ 105 milhões.

O governo chinês está usando o sistema de cotas para impedir a disseminação da cultura estrangeira e promover a incipiente indústria cinematográfica doméstica. “A China quer promover seu poder suave”, diz Shen Dingli, professor do Centro de Estudos Americanos da Universidade Fudan, de Xangai. As coproduções servem ao “propósito político de promover nossa cultura e sistemas com a competência de Hollywood.”

A DMG Entertainment está captando US$ 300 milhões para um fundo para ajudar franquias de filmes americanas a se qualificarem como coproduções. Para ganhar esse status, os filmes precisam ser licenciados pela autoridade chinesa que regula o setor da mídia, que estabelece as regras sobre os financiamentos dos filmes, as locações e a porcentagem de artistas chineses que devem participar dos elencos. Entre os benefícios, uma coprodução pode ficar com 47% das bilheterias, ante 13,5% dos filmes importados.

O produtor Bill Kong transformou “A Múmia: Tumba do Imperador Dragão” em uma coprodução com a Universal Studios, da NBCUniversal e a China Film Group, quatro anos atrás. As filmagens foram realizadas na China e Jet Li e Isabella Leong estavam entre os atores chineses acrescentados ao elenco. “Não foi um grande filme, mas ele usou uma grande franquia americana na China”, diz Kong. “Com o tempo haverá mais.”

Wang, da Huayi Brothers Media, recentemente se juntou a Thomas Tull, fundador da Legendary Pictures, cujos sucessos incluem “Batman; O Cavaleiro das Trevas” e “Se Beber Não Case”, para iniciar uma empresa chamada Legendary East. A unidade vai produzir filmes na China de olho nas plateias locais e internacionais, financiados em parte pela venda de uma participação de 50% para a Paul Y. Engineering Group, de Hong Kong, por US$ 220,5 milhões. A Relativity Media, de West Hollywood, um dos financiadores de “Cowboys & Aliens”, anunciou, em 14 de agosto, uma joint venture de US$ 100 milhões com a Huaxia Film Distribution para a produção de filmes e programas de televisão na China.

Chegar à fórmula certa não é fácil. Alguns sucessos americanos renderam uma fortuna na China, como “Avatar”, atingindo uma bilheteria bruta de US$ 216 milhões. Por outro lado, a versão chinesa de “High School Musical”, produzida pela Huayi junto com a Walt Disney, em 2010, rendeu menos de US$ 155 mil. O público chinês não gosta de musicais, diz Wang.

Luis Nassif

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