Cinema: a nova Hollywood

 

Cinema 
Livro sobre a Nova Hollywood em 1968 chega ao Brasil

O ano de 1968 foi um ano político de grande importância e uma data chave no movimento de radicalização do cinema norte-americano, com filmes como ‘Bonnie e Clyde – Uma Rajada de Balas’, ‘A Primeira Noite de um Homem’ ou ‘No Calor da Noite’

24 de maio de 2011

 

Foi lançada recentemente no Brasil a primeira tradução em português de um dos mais significativos livros sobre cinema escritos nos últimos anos sobre Hollywood. É a obra Cenas de uma Revolução – O Nascimento da Nova Hollywood, do jornalista Mark Harris. O livro trata de um assunto ainda pouco explorado, mas de extraordinária relevância para a história do cinema, que é o surgimento da nova safra de diretores norte-americanos da década de 1960 que formou o que ficou conhecida como Nova Hollywood.

A nova geração era composta por nomes como Brian de Palma, Coppola, Scorsese, Penn, Bogdanovitch, Lucas e Spielberg, entre outros, e onde poderiam ser inclusos também cineastas mais velhos, como Stanley Kubrick ou Sidney Lumet, que também contribuíram de forma decisiva para a transformação da cara do cinema norte-americano a partir de então.

Estes diretores foram responsáveis por modernizar o cinema norte-americano da década de 1960, ainda impregnado daquele otimismo e ingenuidade característicos dos “anos prósperos” da década anterior. A nova década apresentou a todos um mundo totalmente diferente, marcado por uma profunda crise política e crescente radicalização do conjunto população de um modo geral, mas particularmente dos trabalhadores e da juventude. Acompanhando este movimento, os mais talentosos realizadores de Hollywood introduzem dezenas de novos filmes destacando o caráter de crise da época, em obras onde vinha a tona a decadência e corrupção geral da sociedade, a crise política e a revolta social.

A obra dedica-se a um dos episódios deste grande movimento de renovação do cinema, o significativo ano de 1968, quando foram indicados ao Oscar filmes que revolucionaram esta Nova Hollywood, como Bonnie e Clyde – Uma Rajada de Balas, de Arthur Penn; A Primeira Noite de um Homem de Mike Nichols e No Calor da Noite, de Norman Jewison, entre outros.

Obra de extraordinária importância foi o filme de Penn,­onde o casal de assaltantes – vividos por Warren Beatty e Faye Dunaway –, são apresentados de forma romantizada e são os verdadeiros heróis do filme, caçados brutalmente pelo governo e a polícia. Esta inversão de papéis era significativa da nova atitude que cada vez mais passava a dominar o cinema.

Outra obra bastante importante é A Primeira Noite de um Homem de Mike Nichols (diretor que já havia realizado o também fundamental Quem tem medo de Virginia Woolf? em 1966). Filme que consagrou Dustin Hoffman, A Primeira Noite de um Homem jogava uma pá de cal sobre o moralismo e a hipocrisia norte-americanos da década de 1950 ao apresentar a história de um universitário nada heróico que se envolve simultaneamente com uma mulher casada, esposa do melhor amigo de seu pai, e a filha dela, com quem se relaciona por mero jogo. A personagem de Hoffman revelava a total decadência da sociedade norte-americana da época, onde a juventude vivia sem objetivos ou perspectivas enquanto que o “mundo adulto” é também uma completa ruína.

Já No Calor da Noite destacava o problema do racismo presente nos Estados Unidos em um momento decisivo da luta dos negros por seus direitos civis.

O livro Cenas de uma Revolução procura analisar filme a filme sua importância para a época, detalhes de sua produção, os problemas enfrentados, as crises internas e finalmente, a recepção do público, da crítica e sua presença ou boicote nos festivais internacionais. É uma obra que vale a pena ser lida pois de dedica a um ano chave no processo de politização do cinema dos Estados Unidos em um dos momentos de maior crise da história do século XX.


Luis Nassif

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