Um documentário para o melhor amigo

Por Marco St.

Um filme para não se esquecer jamais

Dear Zachary: A Letter to a Son about his Father
(Querido Zachary: Uma carta para um filho a respeito de seu Pai, tradução livre.)
 

Uma porrada.

Única expressão que consigo pensar depois de ver esse documentário. Por muito tempo adiei esse momento. Em blogs de cinema esse filme é sempre citado com uma série de “advertências”, por ser muito “triste” , “revoltante” , “chocante”.

Pois bem. Eu finalmente reuni coragem e o assisti. A descrição que eu mencionei acima está perfeitamente correta. O filme é devastador. Precisa de coragem para enfrentar a história contada nesse documentário. Não recomendo para quem tenha perdido alguém próximo e querido recentemente. Muito perturbador e sinceramente triste. Mas ao mesmo tempo é uma das mais lindas histórias de amor que eu já vi.

Andrew Bagby (na esquerda da foto) era o melhor amigo do cineasta amador Kurt Kuenne (na direita da foto), desde pequeno, tendo inclusive, atuado em quase todos os filmes feitos pelo amigo na infância e adolescência. Mas Andrew acabou sendo assassinado com cinco tiros pela sua namorada na época, Shirley. Kurt então, resolveu fazer um último filme protagonizado pelo amigo: um projeto pessoal, entrevistando pessoas próximas a Andrew e utilizando as muitas filmagens que tinha do amigo.

No meio do projeto, uma surpresa: Shirley, a assassina, estava grávida de Andrew. Enquanto David e Kathleen Bagby (pais de Andrew) começam uma luta na justiça pela guarda de Zachary, Kurt muda o conceito do documentário: agora, o filme será uma forma, de no futuro, Zachary conhecer quem foi o seu pai.

Ao mesmo tempo em que explora o absurdo da situação (Shirley acabou sendo solta em circunstâncias inacreditáveis), mas o que realmente importa é o enorme carinho que Andrew claramente despertava nos amigos, e em Kurt. Por onde o cineasta passa, não há ninguém que não possua uma história emocionante com Andrew, e que não desejasse conhecer e compartilhar de suas histórias com Zachary.

E a partir do momento em que David e Kathleen conseguem a guarda do neto, o filme muda: o que parecia apenas absurdo, se torna repulsivo. Quando Shirley finalmente é presa, os Bagbys são obrigados a conversar com ela, a mulher que matou o filho deles, quase diariamente, já que os constantes atrasos da justiça prejudicariam os seus esforços em cuidar da criança em definitivo.

Mas quando Kurt finalmente encontra com Zachary, o filho de seu melhor amigo assassinado… é difícil conter as lágrimas apenas ao lembrar da cena. E se há algo que o cineasta faz com brilhantismo técnico, e que é admirável, é como ele utiliza a montagem para salientar a tragédia que representou a perda de Andrew em sua vida: no momento em que relata a importância de sua amizade, ele exibe um trecho em que os dois, ainda crianças, encenam um momento em que Kurt declara ao amigo que “irá viajar no tempo, e evitar que você morra”.

Porém, se você pensa que eu contei coisas demais sobre Dear Zachary, acredite: isso foi quase nada, é já no famoso terço final do filme, que vamos descobrir a história completa. Quando todos os fatos enfim se encaixam. Algo difícil de se expressar em palavras. E interessante, porque nem mesmo Kurt sabia como o seu filme iria terminar, já que o desenrolar da história acontecia no mesmo tempo das filmagens. Quem não viu não faz idéia, quem viu sabe o quanto pertubadora é a revelação final e os seus desdobramentos.

Esse filme precisa ser visto. Ela passou recentemente no canal por assinatura GNT. Não existe o DVD dele lançado no Brasil, mas é facilmente encontrado nos “cine torrents” com legendas.

Separe uma ou duas caixas de lenços e deixe ao seu alcance. Vc vai precisar.

Luis Nassif

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