Daniela Mercury e o carnaval do passado

Nassif, essa daqui dá “pano prá manga”, pois embora a Daniela Mercury tenha feito um desmentido oficial, até onde sei, o Bob Fernandes não é de botar o nome dele em barca furada…

Do Terra Magazine

“Caetano e Gil são do passado”, diz Daniela Mercury

Bob Fernandes e Claudio Leal

Nos bastidores da gravação do programa “Aprovado”, da TV Bahia (afiliada da Rede Globo), em janeiro, a cantora Daniela Mercury fez intervenções cruas sobre o carnaval de Salvador, ao defender sua posição mais próxima ao que se convencionou chamar de Axé. Câmeras desligadas, a conversa correu na informalidade, com divergências claras sobre o modelo da festa. Participavam do debate os músicos Luiz Caldas, Durval Lélys e Saulo Fernandes, o professor Paulo Miguez e o apresentador Jackson Costa.

O estúdio da TV Bahia estava repleto de técnicos e assessores dos músicos. Terra Magazine apurou os bastidores com três dos presentes.

Fora do ar, o professor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da Ufba, Paulo Miguez, prosseguiu a discussão e afirmou que o Axé Music só teria sido possível com a evolução do trio elétrico nos anos 70, com Moraes Moreira introduzindo o ijexá e com a existência da Tropicália. Nessa hora, Daniela o interrompeu e se declarou de “saco cheio” dessa história. “Caetano (Veloso) e (Gilberto) Gil são do passado”, opinou.

Segundo os presentes, houve outros momentos de constrangimento, depois de críticas de um dos participantes ao cantor Bell Marques (do Chiclete com Banana) por ter passado na frente do afoxé Filhos de Gandhy, na Praça Castro Alves, em 2006. Bloco tradicional, fundado por estivadores baianos em 1949, o Gandhy tem historicamente prioridade no desfile. Em respeito, os trios costumavam desligar o som e deixar o “tapete branco” passar. A atitude de Bell Marques foi interpretada como um desrespeito às tradições da festa.

Assim que Miguez terminou uma intervenção, Daniela emendou: “Isso é porque você não sabe o que é ficar seis, sete horas esperando para entrar na avenida, ouvindo aquele cara (do Gandhy) tocar o agogô!”. O professor se revelou surpreso por ouvir essas palavras da cantora. “Aquele cara tocando o agogô é a história do carnaval”, reagiu Miguez, segundo as fontes ouvidas pela reportagem. Além de comandar um trio, Daniela Mercury organiza um camarote no bairro da Barra.

Duas visões opostas se cristalizaram no debate. Na parte gravada, Durval Lélys se alinhou à postura dos empresários carnavalescos. Luiz Caldas, um dos criadores do Axé, vem se posicionando a favor de mudanças – e até já compôs a canção“Apartheid da Alegria”.

No programa exibido em 28 de janeiro, Daniela Mercury opinou: “Na verdade, só existe carnaval por causa da iniciativa privada”. “Não é verdade”, rebateu Miguez. Nesta parte, o apresentador Jackson Costa interrompeu a discussão: “Nosso tempo é curto. Esse assunto não cabe num programa só. Vocês todos juntos não cabem num programa só. Então, a gente vai encerrar o programa de hoje aqui”.

Após o corte, novamente em conversa informal, segundo apurou Terra Magazine, Daniela ouviu que os grandes empresários não bancam, por exemplo, a limpeza, a saúde e a segurança nos circuitos. “Então o melhor é ir embora”, teria contraposto a cantora. Caldas ironizou: “Duvido que você largue o osso”.

Relatam alguns dos participantes que a conversa de bastidores não foi gravada e por isso não está em nenhum dos blocos do “Aprovado”, nos programas transmitidos em 28 de janeiro e 4 de fevereiro. Na TV Bahia, Daniela Mercury criticou o preconceito contra o gênero musical. “Me irrita profundamente quando as pessoas chamam o Axé de ritmo. Gente, o Axé não é um ritmo. O Axé é um gênero musical relacionado ao trio elétrico, nascido no trio elétrico (…) Fazer trio elétrico é dificílimo”, defendeu.

A assessoria da cantora se posicionou a respeito da reportagem de Terra Magazine: “Não confirmamos declarações de terceiros sobre o que Daniela teria dito nos bastidores ou nos intervalos de alguma gravação. Daniela já está em parceria com o Terra para cobertura do Carnaval e gravação de entrevistas exclusivas para o Portal, quando responderá sobre questões do Carnaval, com suas reais opiniões, portanto o Terra não precisa recorrer a meios indiretos e pouco confiáveis para ter a opinião de Daniela sobre qualquer assunto.”

No início da tarde desta quinta-feira (16), Daniela Mercury enviou uma segunda resposta, por meio de sua assessoria, na qual desmente as declarações atribuídas a ela nesta reportagem. “As declarações atribuídas a mim na matéria não são verdadeiras e estão completamente fora de contexto. Sempre estive disponível para a imprensa e realmente não posso me responsabilizar por declarações atribuídas a mim por terceiros”, afirma Daniela no texto.

Confira a nota na íntegra.

“Em resposta a declarações inverídicas e descontextualizadas atribuídas a Daniela Mercury e publicadas no Terra Magazine, a artista declara: ‘Caetano e Gil são os 2 artistas brasileiros que eu mais admiro e respeito e que reverencio no meu atual show e DVD Canibália Ritmos do Brasil. São dois grandes artistas que em vários momentos de minha carreira tive o prazer de homenagear e de quem falo sempre em minhas entrevistas.

As declarações atribuídas a mim na matéria não são verdadeiras e estão completamente fora de contexto. Sempre estive disponível para a imprensa e realmente não posso me responsabilizar por declarações atribuídas a mim por terceiros”. Daniela Mercury

Terra Magazine ouviu três dos presentes durante a gravação do programa “Aprovado”, da TV Bahia (afiliada da Rede Globo), em janeiro. Todos eles confirmam o teor da conversa, no mesmo contexto em que foi reproduzido na reportagem.

Terra Magazine

Luis Nassif

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