Ainda falta muito: um ano da tragédia em Santa Maria

Por Sergio Medeiros Rodrigues

Depois do tempo passado, um ano… ainda falta muito

O sofrimento ainda é visível

A luta ainda é um traço característico

Uma parte (grande-imensa) do amor que havia nos corações dos pais amigos parentes conhecidos…  ainda pulsa e pulsará pela eternidade.

E a força desta emoção/razão  pode  e deve mover forças construtivas

E assim remover obstáculos que somente não são intransponíveis, porque nada pode sê-lo frente a  determinação de pessoas com vontade firme e objetivos puros…

Olho as novas leis,  leio atentamente…

E não vejo a inserção do poder público.

A responsabilidade… parece que não lhes cabe nas novas leis, como não lhes está sendo exigida na interpretação das antigas.

Cabível a chamada destes órgãos a agir e a responsabilidade por eventuais omissões.

O Ministério Público  fez um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)  pelo barulho em relação aos habitantes externos e esqueceu dos milhares de frequentadores internos da boate…e disso resultou centenas de vítimas.. mas nada constou no atual inquérito… nem no processo…

E nada consta nas novas leis…

O Ministério Público do Trabalho e os fiscais do trabalho sabiam da precariedade do labor prestado nestes locais. Garçons, porteiros, seguranças, atendentes…

E nenhuma portaria,  nenhuma determinação neste sentido foi exarada.

A empresa que fabrica a espuma utilizada para vedação acústica e que se mostrou letal vende este material extremamente tóxico e.. até hoje, a ANVISA nada fez para que em letras garrafais seja feita a advertência de que este material quando incinerado emite fumaça tóxica potencialmente letal.

Não foi feita, ainda, uma campanha de esclarecimento para os servidores públicos – principalmente para os destes órgãos – de que de suas atitudes omissivas ou comissivas podem resultar tragédias e alertar para suas responsabilidades profissionais éticas e morais por tais fatos.

Nada disso está nas leis.

E esta é a minha angústia, a nossa ansiedade, a nossa luta e esperança…

Falta muito…

O que aconteceu não foi uma tragédia…  porque estas costumam ser fortuitas e esta foi resultado de nossa falhas humanas.

O que aconteceu não foi uma tragédia… porque estas marcam somente pela dor e a fatalidade… e esta será um marco de pessoas construindo de suas vidas (todas que possam estar juntas num só indivíduo) um mundo mais humano…  

O que aconteceu não foi uma tragédia… porque estas costumam ir para os livros de história e esta ficará lavrada em nosso corações e mentes.

O que aconteceu não foi uma tragédia…porque tragédias não mudam o mundo …mas o riso,  a juventude, e a vontade de viver de todos que lá pereceram…e que permanece conosco…fará manter, em todos os dias, para  sempre.. um brilho em nosso olhos…uma luz diferente ..de uma luta titânica… de vozes que não se calam e não esmorecem nunca.. porque são feitas de material indestrutível…do legado que nos deixaram…desse imenso amor que lhes movia e que carregaremos junto ao nosso peito pela eternidade…

Prossigamos…com amor.

Em 27 de janeiro de 2013….

Há tempo de emoção e tempo de razão….     mas talvez isso sirva a todos…. em todos os lugares…

É tempo de chorar

É tempo de abraçar os amigos

De rezar com força, engolindo as lágrimas…

….. A indignação nesta hora, ainda cede ao lamento, a solidariedade, ao abraço..

Amanhã (que também é hoje)

…curadas as feridas (como se fosse possível)…

De cada um de nós vem a pergunta… a cobrança…

Não somente da falta de segurança …da ambição desenfreada… da imprudência…

 

É tempo de tragédia…

É tempo de responsabilidades…

Eu quero saber do Poder Público…e de suas responsabilidades..

Da responsabilidade do Ministério Público do Trabalho, do Ministério Público, dos Procuradores do Trabalho, do Comandante dos Bombeiros, do Prefeito e seus fiscais…    e .. de todos os que trabalham nestes órgãos..

Em cada edifício …exigem escadas interligadas …para evitar acidentes …extintores …luzes de emergência.. e para isso são cobradas taxas e responsabilidades.. de cada um dos cidadãos…  de todos nós.. e isso cria em nós a ilusão de que os lugares em que há grande afluência de público, também serão rigorosamente fiscalizados… os funcionários serão treinados para emergências …haverá portas de saída de emergência …devidamente sinalizadas …luzes de emergência.. com funcionamento certificado… e autoridades públicas ciosas de suas responsabilidades…

E, é destas pessoas que dependem vidas… e é destas pessoas que se exige algo mais, um pouco de humanidade (não apenas responsabilidade)…  mas, isso, não somente dos que fazem mal seu trabalho e de cujo resultado resultam vítimas… mas de todos que, tendo condições de ver.. de influir.. calam… e nessa hora…

Choro mais uma vez também pela minha responsabilidade…

Eu passei por ali e disse…   que absurdo… onde estarão as portas de emergência.. como será a segurança… e mais não pensei… nem disse….

Agora me disseram…

Se alguma responsabilidade me cabe nesta hora.(e também cabe)..  além de chorar, de rezar, de abraçar…

É trazer à luz… todos os verdadeiros responsáveis… e dessa vez não vou me omitir.. nem mesmo em verificar uma simples intuição… que para muitos deveria ser uma certeza..

Em mim… tem uma parte que chora …e vai chorar por muito tempo…  mas, a outra parte vai buscar algo mais…

Nós devemos isso a todas as vítimas…

Redação

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. E sempre fica  a questão :

    E sempre fica  a questão : será que a lei será cumprida? CAsos muito mais simples resultam em nada. Eis um exemplo a quem se dispuser a acompanhar:

     

    Um policial civil de 33 anos morreu após se envolver em um acidente na Avenida Francisco Morato, na Zona Oeste de São Paulo, no fim da tarde de segunda-feira (27). A moto que ele dirigia foi atingida por um carro que fazia uma conversão proibida.

    O carro trafegava pela Avenida Francisco Morato, no sentido bairro, quando tentou fazer uma conversão proibida à esquerda no cruzamento com a Avenida Gióia Martins. Nesse momento, o carro atingiu a moto do policial civil André Silva de Carvalho. O policial morreu no local.

    “A minha interpretação é que nesse caso houve culpa, pois se trata de uma conversão proibida”, disse o delegado Daniel Aparecido.

    O delegado disse ainda que o filho do ex-governador Alberto Goldman, Cláudio Goldman, é quem dirigia carro. O motorista foi ao Instituo Médico Legal (IML), no Centro, e foi liberado para responder em liberdade por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Nem o motorista nem os advogados quiseram conversar com o Bom Dia São Paulo.

    Daniel Aparecido também disse que Cláudio Goldman usou o direito de ficar em silêncio na delegacia. O velório do policial vai ser no cemitério Vale dos Reis, em Taboão da Serra, na Grande São Paulo.

    “Ele tinha aproximadamente 10 anos de profissão. Ele tinha uma formação de direito, era um cara honesto, pai de família, deixou um filho de 4 anos de idade”, disse Ana Paula Mateus,
    prima do policial.

     

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador