A Petrobras de volta a Bolívia

Do Estadão

Petrobrás volta a investir em gás natural na Bolívia

Em 2006, a estatal foi surpreendida e afetada com a decisão do governo Evo Morales de retomar os investimentos privatizados 

14 de dezembro de 2010 | 0h 00 

Nicola Pamplona e Sabrina Valle – O Estado de S.Paulo

Quatro anos após a nacionalização do setor de petróleo na Bolívia, a Petrobrás volta a investir em expansão de suas atividades no país vizinho. A companhia concluiu as negociações para a compra de 30% do campo de gás Itaú, concedido inicialmente à francesa Total, e passará a operar o projeto. Itaú é vizinho aos campos de San Alberto e San Antonio, maiores exportadores de gás para o Brasil.

A Petrobrás não comentou a operação, que foi notícia na imprensa boliviana e confirmada ao Estado por fontes diplomáticas. As negociações se iniciaram após a constatação de que Itaú e San Alberto fazem parte de uma mesma jazida petrolífera. A Total confirmou a descoberta de Itaú em 2009, quando deu entrada no processo de declaração de comercialidade.

Aent”A entrada da Petrobrás no projeto era esperada. Nesses casos (em que a jazida pertence a duas ou mais concessões), é normal que haja um rearranjo acionário”, comentou o diretor da consultoria Gas Energy, Marco Tavares. Isso porque os diversos consórcios envolvidos são obrigados a negociar uma maneira de dividir a produção das reservas.

A estatal YPFB-Chaco ficará com 4% de Itaú, segundo fontes próximas ao processo. A britânica BG Bolívia tem 25% e a Total fica com 41%. A operação tem de ser aprovada pelas autoridades bolivianas. O valor do negócio não foi confirmado por nenhuma das partes.

Os campos operados pela Petrobrás na Bolívia produzem uma média de 23 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, que representam mais da metade da produção boliviana do combustível. Boa parte do volume é exportado ao Brasil, que consome uma média de 30 milhões de metros cúbicos por dia de gás do país vizinho, volume transportado por meio do Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol).

Em 2006, a estatal brasileira foi surpreendida com a implementação, pelo governo de Evo Morales, do processo de retomada dos ativos petrolíferos no País, privatizados n a década de 90. Em sua primeira ação nesse sentido, Morales promoveu o cerco militar de uma refinaria da Petrobrás no país.

As refinarias já foram vendidas à estatal local YPFB e a Petrobrás aceitou alterações nos contratos de concessão dos campos de gás natural, que passam a propriedade da produção à YPFB. A estatal brasileira, porém, mantém a operação dos campos sob o argumento de que precisa garantir o suprimento de gás ao mercado brasileiro.

A manutenção dos investimentos faz parte também da estratégia de política externa do governo Luiz Inácio Lula da Silva, que defende maior cooperação com os países vizinhos. Dois anos após a nacionalização, Lula esteve na Bolívia prometendo maiores investimentos brasileiros. 

Luis Nassif

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