Gestores internacionais cedem a conservadores e abandonam fundos ESG

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Gestores como BlackRock e Vanguard cedem ao debate público e encerram carteiras focadas nos chamados “investimentos verdes”

Foto de Yiorgos Ntrahas na Unsplash

Alguns dos maiores administradores de financiamento globais aumentaram a intensidade com que tem deixado de lado fundos focados na estratégia ESG (conjunto de práticas ambientais, sociais e de governança).

Essa movimentação ganhou força no segundo semestre de 2023, quando gestores como BlackRock e Vanguard começaram a mudar suas abordagens e a rejeitar propostas centradas em questões sociais e ambientais.

Reportagem da Fortune em setembro de 2023 mostra que, na ocasião, o Vanguard Group aprovou apenas 2% das resoluções sociais e ambientais apresentadas pelos acionistas ao longo do ano que passou, abaixo dos 12% registrados em 2022.

Na ocasião, o CEO da BlackRock, Larry Fink, sinalizou o afastamento dos investimentos vinculados a questões socioambientais e uma perda de aproximadamente US$ 4 bilhões em ativos vinculados à gestão ESG – o que está longe de ser inexpressivo, mesmo que a BlackRock tenha cerca de US$ 9 trilhões em ativos sob gestão.

Enquanto isso, autoridades públicas chegaram a questionar se estratégias de investimento deveriam estar tão próximas de critérios ambientais, sociais e de governança – segundo a Fortune, essas mudanças “tem sido impulsionadas por uma combinação da reação da opinião pública e o foco em resultados financeiros”.

Avanço do conservadorismo

Segundo o Yahoo!Finance, os lançamentos atrelados a ESG foram muito populares entre 2020 e 2021, quando diversos ETFs e fundos mútuos focados em causas climáticas e sociais foram colocados no mercado.

Porém, o crescimento de muitos deles foi comprometido justamente pela reação conservadora nos Estados Unidos – e agora, o segmento têm perdido o fôlego em meio a saídas e a um fraco desempenho em termos de rentabilidade.

Outra hipótese citada envolve justamente o período de comercialização: a reportagem destaca que é normal que um fundo que esteja obtendo “uma recepção medíocre” dos investidores seja encerrado após três anos.

Um terceiro ponto é o aumento da fiscalização por parte da SEC (The Securities and Exchange Commission, a CVM norte-americana), que mudou sua regra relacionada à denominação de fundos para exigir que 80% da carteira seja composta por ativos que reflitam o nome pelo qual o fundo é comercializado.

O foco é justamente atingir os fundos ESG que cobram taxas extras dos investidores por uma gestão especializada, mas que na realidade acabam apresentando taxas de rentabilidade menores.

Segundo a Fortune, é importante ter em vista as ações executadas por fundos como a BlackRock e a Vanguard por conta de sua importância para o setor.

“A transparência é essencial para garantir que estes gestores estejam empenhados na necessidade primária de seus investidores: concentrar-se na maximização de retornos e no aumento da carteira (…) As principais empresas financeiras adotaram o ESG para acompanhar a tendência – e também viram nisso uma oportunidade de ganhar muito dinheiro”.

Nas redes sociais, o jornalista Lorenzo Carrasco destaca que a derrocada dos investimentos não está ligada apenas aos juros norte-americanos, mas também aos “efeitos da crescente reação aos exageros da agenda climática, demonstrada nos últimos meses pelas grandes manifestações de produtores agropecuários na Europa”. “E, de forma discreta mas inequívoca, grandes empresas petrolíferas estão arquivando os seus planos anteriores de acelerarem as suas metas de “neutralidade em carbono”, o bizarro conceito de “Net Zero”, com o firme apoio de acionistas e investidores”, ressalta

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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