Diversificar a matriz dos transportes

Nassif:

A discussão sobre a futura matriz dos transportes no país ganha espaço.

É preciso enfrentar o poderoso lobby a favor das rodovias (fabricantes de automóveis e caminhões, de auto-peças,de pneus, concessionárias de rodovias com seus pedágios, empreiteiras a recuperar uma pavimentação que tem hora certa de durabilidade , empresas de ônibus,etc…) que vem prevalecendo há muitos anos.

Sobre as concessionárias- Na notícia sobre o desempenho da CCR,  a receita líquida no terceiro trimestre  foi de 978,4 milhões de reais, alta de 23 por cento. No acumulado de 2010 a receita cresceu 20,8 por cento, para 2,715 bilhões.

Especialistas divergem sobre expansão da malha rodoviária

Média de investimentos públicos em rodovias mais que dobra neste governo, mas quilometragem fica estagnada

Sabrina Lorenzi, iG Rio de Janeiro | 27/12/2010 05:51

 

Lucro líquido da CCR cresce 29,2% no 3o trimestre

Tráfego em rodovias cresceu 0,9% em novembro

Um futuro de congestionamentos

Tráfego da OHL, a maior do país, cresce 40% até setembro

 

Especialistas divergem sobre o aumento de investimentos na expansão da malha rodoviária no País. O diretor-geral do Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS), Paulo Fleury, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), avalia que a solução do gargalo no transporte está na construção de ferrovias para trens interestaduais, tanto para cargas como para passageiros. Segundo ele, o governo deveria sobretaxar os pedágios e oferecer o transporte coletivo em vez de aportar pesados recursos na ampliação de estradas.

As condições das rodovias, segundo Fleury, melhoraram após os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). No período 2003 a 2008, a média anual de investimentos do setor público mais que dobrou nas rodovias, comparada aos aportes realizados de 1999 a 2002, no governo anterior. A média passou de R$ 687,7 milhões para cerca de R$ 1,4 bilhão. Os investimentos privados também avançaram, num ritmo ainda maior, como reflexo do processo de privatização iniciado na década de 90.

“Os investimentos do PAC e das concessionárias melhoraram muito a qualidade das rodovias, mas pouco ou quase nada se expandiu em quilometragem”. Os maiores gargalos, destaca ele, estão nas rodovias que ligam grandes cidades como Rio e São Paulo e nas estradas que escoam grãos no Centro-Oeste. No primeiro caso, as estradas não comportam o crescimento da frota de veículos. No segundo, falta infraestrutura para permitir o transporte da carga agrícola.

O especialista lembra que o governo tinha um plano para aumentar a participação da malha ferroviária na matriz de transporte mas mesmo assim destinou a maior parte dos recursos do PAC para transportes, segundo ele para estradas. Sem considerar o transporte de minério de ferro, que é feito por trens, 70% da carga brasileira é transportada por rodovias.

Mesmo diante a iminência de gargalos por excesso de carros nas estradas, Fleury se mostra contrário à expansão da malha. “Na Europa é ainda pior”, afirma, citando exemplos de Londres e Paris, onde as saídas das cidades e os acessos aos aeroportos ficam constantemente congestionados. O caos nas estradas também ocorre em vias de cidades americanas como Los Angeles. “Não adianta fazer mais estradas; a solução é taxar, punir quem sai de carro e ofertar transporte público como metrô e trens interestaduais”, completa.

O consultor em logística da Confederação Nacional da Agricultura, Luiz Antônio Fayet, discorda de Fleury. “Não podemos copiar o modelo europeu porque não temos densidade populacional para isso. A solução daqui é rodovia, somos rodoviários por natureza”, afirmou.

Fayet avalia que a solução para o transporte de cargas no País passa pelo aumento do uso de hidrovias. O pior gargalo dos produtores, opina, está nos portos. E o pior gargalo dos cidadãos brasileiros, mais que as rodovias, está nos aeroportos, segundo os especialistas.

Luis Nassif

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