Mesmo com Desenrola, número de inadimplentes ainda cresce

Alta taxa de juros sobre dívidas antigas e ter mais de um cartão de crédito são os principais fatores que mantém brasileiros na inadimplência.

A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostra que apesar dos programas de renegociação de dívidas, o volume de inadimplentes atingiu o maior patamar desde janeiro de 2010: 12,7% informam não ter condições de pagar as contas em atraso e devem permanecer em situação de inadimplência.

O levantamento mostra ainda que a proporção de pessoas com dívidas atrasadas também cresceu e atingiu a marca de 30% no último mês, resultado semelhante ao de dezembro de 2022.

De acordo com a economista Izis Ferreira, os consumidores que não conseguem pagar as contas em dia são os que possuem mais de dois cartões de crédito, além de financiamento ou crédito consignado. Ao assumir diversos compromissos, estes consumidores não conseguem honrar todos eles no prazo.

“Ainda é um desafio conseguir negociar ou pagar uma dívida que está atrasada há mais tempo e que sofre mais com esses juros altos, que aumentam o custo da dívida e acabam tornando o valor muito significativo, e essa família não consegue pagar”, explica Izis.

As modalidades de dívidas pesquisadas são cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado, prestação de carro e de casa.

Desenrola

Criado com o intuito de reinserir inadimplentes no ciclo de crédito, o Desenrola gerou R$ 8,1 bilhões em acordos até 11 de agosto, referente aos endividados da Faixa 2, cuja renda mensal é inferior a R$ 20 mil, informa o Ministério da Fazenda.

Segundo dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), foram 1.296 milhão de contratos renegociados, que atingiram 985 mil clientes.

A Associação Nacional dos Bureaus de Crédito (ANBC) indica ainda a desnegativação de 7,5 milhões de consumidores que deviam até R$ 100, entre 17 e 31 de julho.

Endividamento

Em contrapartida, o nível de envididamento das famílias brasileiras caiu em agosto, pelo segundo mês consecutivo.

De acordo com o levantamento, o índice de famílias que possuem algum tipo de parcelamento, não necessariamente em atraso, passou de 78,1% para 77,4%. Nos últimos 12 meses, a redução é de 1,6 ponto percentual.

“Um contexto mais benigno de inflação mais baixa em comparação com o ano passado e um mercado de trabalho resiliente, absorvendo pessoas de menor grau de instrução. Isso tem levado as pessoas a terem uma folga no orçamento, e um volume menor delas busca o crédito como meio para o consumo de bens e de serviço”, explicou a economista responsável pela pesquisa.

*Com informações da Agência Brasil.

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Camila Bezerra

Jornalista

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