O apoio do BNDES aos frigoríficos

Do Estadão

Aposta do BNDES em frigoríficos assusta concorrentes

RAQUEL LANDIM E DAVID FRIEDLANDER Agencia Estado

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Tópicos: bndes; frigoríficos

RAQUEL LANDIM E DAVID FRIEDLANDER – A estratégia oficial de turbinar frigoríficos para transformá-los em gigantes mundiais está prestes a bater a marca de R$ 18,5 bilhões recebidos do Banco Nacional de Desenvolvimento e Econômico e Social (BNDES). A maior parte desse dinheiro vem sendo aplicado no JBS e no Marfrig para financiar uma campanha agressiva de aquisições de concorrentes no Brasil e no exterior.

Até agora, o banco estatal já desembolsou R$ 16 bilhões com o setor – R$ 6 bilhões em empréstimos e R$ 10 bilhões na aquisição de participação acionária. Outros R$ 2,5 bilhões foram prometidos na semana passada ao Marfrig, para financiar mais uma compra: a da americana Keystone Foods.

A política do governo de criar grandes multinacionais brasileiras voltou ao debate com a campanha eleitoral e a discussão sobre o papel do BNDES no próximo governo. Nos frigoríficos, a tática de “engorda” começa a entusiasmar os investidores, que enxergam oportunidades de lucro com os papéis dessas empresas. Mas incomoda concorrentes menores e pecuaristas, aborrecidos com a concentração de poder nas mãos de JBS e Marfrig (leia abaixo).

Uma das críticas é que o BNDES estaria subsidiando empresários que poderiam se virar sozinhos. O banco, porém, afirma que a maior parte do dinheiro investido nos frigoríficos não é subsidiado pelo Tesouro Nacional, nem sai do Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT). São recursos captados com investidores pela BNDESPar, subsidiária do banco, e repassados aos frigoríficos a custos de mercado.

Empresários do setor, que pedem anonimato por medo de contrariar o governo, questionam a escolha dos parceiros do BNDES. Cerca de três anos atrás, outro frigorífico importante, o Minerva, procurou o banco na tentativa de conseguir apoio para sua expansão. Saiu de mãos vazias. Enquanto isso, apoiado pelo banco estatal, o JBS tornou-se o maior produtor de carne processada do mundo.

No setor, circula a versão de que um dos pontos fortes de JBS e Marfrig são suas conexões políticas. Líderes num setor que exibe margens de retorno baixas e riscos altos, a avaliação do mercado é que essas empresas não teriam ido tão longe sem o BNDES – já que os investidores passaram a olhar os frigoríficos com mais interesse há pouco tempo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. 

Apoio do BNDES começa a fazer efeito

RAQUEL LANDIM Agencia Estado

SÃO PAULO – Os “anabolizantes” do BNDES estão fazendo efeito e os frigoríficos brasileiros começam a cair nas graças do mercado internacional. O suporte do banco melhorou o perfil da dívida das empresas e deixou os investidores mais seguros.

Duas importantes agências de risco melhoraram a classificação do JBS. A Fitch Ratings deixou as ações a três passos do grau de investimento, que é o patamar que o mercado considera que não há risco de calote. Para a Standard & Poor?s, o risco oferecido pelo JBS hoje é o mesmo da americana Tyson Foods.

É uma mudança significativa de percepção, porque os investidores enxergavam JBS e o concorrente Marfrig com desconfiança. As principais preocupações são o alto nível de endividamento e a consolidação das aquisições. O JBS comprou mais de 30 empresas nos últimos anos, enquanto o Marfrig adquiriu 14 companhias fora do País.

Para a analista sênior da Fitch Ratings, Gisele Paolino, a compra da Pilgrim?s Pride, uma das maiores produtoras de carne de frango dos EUA, diversificou os negócios da JBS. “É um ramo com risco alto, porque existem restrições sanitárias e surtos de doenças. Ao atuar em carne bovina e carne de frango, o JBS minimiza esse problema”, explica.

A atuação do BNDES, no entanto, tem sido fundamental. O banco estatal comprou quase todas as debêntures lançadas pelo JBS para adquirir a Pilgrim?s. As debêntures são títulos de dívida, mas o mercado não interpretou como uma pressão sobre o fluxo de caixa da empresa.

“Consideramos como emissão de capital, porque são papéis conversíveis em ações. Foi um veículo para que o BNDES entrasse como sócio da filial americana do JBS, que tem capital fechado”, disse Gisele.

Cauê Pinheiro, analista da SLW Corretora, explica que a operação do BNDES reduz a despesa financeira e melhora a margem de lucro da empresa, pois o banco empresta dinheiro a um custo que o mercado não estaria disposto a oferecer. “O BNDES é um parceiro importante, porque as empresas não correm o risco do apetite do mercado”, disse.

As duas companhias estão tomando recursos no mercado internacional. O JBS está em processo de captar US$ 700 milhões, enquanto o Marfrig concluiu em abril uma oferta de bônus de US$ 500 milhões.

Os investidores locais também avaliam que existe uma boa oportunidade de lucro no curto prazo. Segundo Rafael Cintra, analista da Link Investimentos, as ações estão relativamente desvalorizadas, porque foram afetadas pela crise na Europa.

A lua de mel entre o mercado e os frigoríficos, contudo, é recente e persistem dúvidas. O JBS ainda não conseguiu abrir o capital de sua filial nos Estados Unidos. A empresa já adiou duas vezes a empreitada. Na primeira tentativa, alegou que o mercado externo estava ruim, mas prometeu a oferta para o primeiro semestre deste ano. Na divulgação mais recente de resultados, descartou qualquer possibilidade da operação ocorrer antes de 2011, mas não revelou os motivos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. 

Luis Nassif

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