O Plano de Banda Larga e os fabricantes nacionais

Por Paulo Cezar

Telebras – Tentando desfazer um dos principais equivocos das privatizações.

Do Valor

Fabricantes nacionais formalizam consórcio

Danilo Fariello, de Brasília
10/05/2010

Um grupo de no mínimo oito fabricantes nacionais de equipamentos de tecnologia vai se associar em consórcio para concorrer aos editais que a Telebrás abrirá até o fim do ano para implantar novas redes de banda larga. O Grupo de Empresas Nacionais de Tecnologia (Gente) será oficializado assim que for divulgado o primeiro edital. Por enquanto, ele é composto por Padtec, Trópico, Icatel, AsGa, Gigacom, Datacom, Parks e Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD).

As empresas do grupo querem ganhar musculatura para concorrer com os asiáticos no mercado internacional. Os chineses são, atualmente, os principais fornecedores desse tipo de equipamento no mundo e no Brasil.

“O mundo todo tem projetos de expansão da banda larga e queremos seguir exemplos como o da Embraer para competir no exterior”, diz Raul Antônio Del Fiol, diretor-presidente da Trópico. Os participantes do consórcio têm condições de fornecer 100% dos produtos necessários para as redes, diz o executivo. “Surgimos com a primeira onda de redes feita pela Telebrás, mas, após a privatização do setor, as operadoras usaram poucos produtos nacionais. Agora, na terceira onda, as empresas que sobreviveram têm uma ótima oportunidade.”

Segundo Roque Versolato, presidente da Gigacom, os cerca de 2,5 mil funcionários que as oito empresas reúnem hoje poderá ser triplicado ao longo do Plano Nacional de Banda Larga, que tem prazo até 2014. Para Jorge Salomão, presidente da Padtec, a receita das empresas do grupo, de R$ 1,2 bilhão atualmente, pode triplicar com o projeto. O Brasil é um dos poucos países capazes de construir integralmente essas redes com tecnologia nacional, diz José Lopes, presidente da Datacom.

O grupo Gente reuniu-se com a ministra Erenice Guerra, chefe da Casa Civil, na sexta-feira, em Brasília. Um dos focos do governo, com o Plano Nacional de Banda Larga, é estabelecer uma política nacional de equipamentos tecnológicos. A ideia é usar o poder de compra governamental, via Telebrás, para fomentar a indústria nacional, com o chamado direito de preferência ao produto com tecnologia brasileira. O modelo prevê desconto de 100% do IPI incidente sobre os equipamentos nacionais. Além disso, o BNDES terá uma linha de crédito estimada em R$ 6,5 bilhões para financiar a aquisição de equipamentos com tecnologia nacional.

O governo federal oferece uma série de incentivos tributários e de crédito para as empresas do setor, estabelecidos pela Lei de Informática e pelo Processo Produtivo Básico (PPB), que prevê estímulos à produção nacional. Mesmo assim, o governo estima que, das redes construídas pelas operadoras de redes fixas após o processo de privatização, iniciado em 1998, apenas uma fatia entre 2% e 4% dos equipamentos instalados tenha sido fabricada no país.”

Luis Nassif

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