Do O Globo
Um time de estrelas entre os executivos
Para a petroleira OGX vieram nomes fortes da Petrobras
RAMONA ORDOÑEZ
RIO – Empresa que deu início à crise no grupo EBX, a petroleira OGX reuniu um time de estrelas no seu comando desde o início. O empresário Eike Batista contratou por altos salários e bônus os melhores técnicos e executivos do setor, que até então trabalhavam na Petrobras. Em entrevista ao GLOBO, em 2007, Eike contou que decidiu entrar na atividade de petróleo quando soube que o índice de acerto na perfuração de poços no mar era de 30% no Brasil. Na extração de ouro, destacou Eike, para cada 17 mil pontos explorados, um tinha êxito. “Isso (o índice de 30% de acerto em petróleo) para mim não é risco”, disse Eike na ocasião.
O principal articulador da entrada de Eike no setor petrolífero foi o ex-diretor de Exploração e Produção da Petrobras Rodolfo Landim, que trabalhou no grupo de maio de 2006 a abril de 2010, começando na mineradora MMX. Depois, Landim presidiu a OGX, de onde saiu para assumir o comando da OSX (estaleiro). Em 2010, Landim rompeu com o empresário, depois de ter ganho R$ 210 milhões em bônus e participações acionárias, e entrou na Justiça contra Eike por divergências em relação à venda de ações que possuía da OGX. Landim foi substituído por Paulo Mendonça, outro ex-Petrobras e conhecido como “Mister Oil”.
Em julho do ano passado, logo após o anúncio de que os poços do campo Tubarão Azul iriam produzir apenas 5 mil barris de petróleo por dia, bem menos do que os até então previstos 20 mil barris por dia, o que detonou a crise no grupo, Mendonça foi demitido da presidência da OGX. Mas, hoje, dos cinco diretores da companhia, três ainda são ex-Petrobras: o presidente, Luiz Carneiro; o diretor de Produção, Paulo Belotti; e o diretor de Exploração, Paulo de Tarso. Dos 357 empregados da OGX, entre 20 e 30 são ex-funcionários da Petrobras.
Fontes do setor afirmam que muitos técnicos e executivos deixaram de lado a cautela com a qual estavam acostumados a trabalhar na Petrobras e acabaram contaminados com o excesso de otimismo de Eike, animado com as potencialidades do mercado brasileiro:
— Até porque ele pagava altos salários, bônus e comissões antes mesmos de surgirem os resultados na companhia — diz uma fonte.
Um fonte que trabalhou no Grupo EBX diz que uma das intenções do time de Eike era fazer investimentos e explorar riquezas no pré-sal brasileiro, que passava a ser uma das principais vitrines do então governo Lula para atrair recursos, até estrangeiros, para o Brasil.
Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.
Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.