Painel internacional

Resgates dos EUA beneficiaram empresas estrangeiras, diz relatório

O esforço do governo federal de estabilizar o sistema financeiro em 2008 com uma inundação de dinheiro para o maior número possível de bancos resultou em benefício para muitas empresas estrangeiras e deixou os Estados Unidos assumindo muito mais riscos do que o de governos que tiveram uma abordagem mais restrita, segundo o novo relatório de um painel de supervisão do fundo de resgate do Tesouro de US$ 700 bilhões.

Os membros do Painel de Fiscalização do Congresso, em relatório divulgado na quinta-feira, observaram que os amplos resgates financeiros da América tiveram mais impacto internacional do que os estritos programas de ajuda de outros países tiveram nas empresas dos EUA. Eles citam um estudo de caso do resgate da gigante de seguros American International Group. Enquanto o Tesouro comprometeu-se com US$ 70 bilhões para a AIG através de seu Programa de Alívio de Ativos Problemáticos (TARP, na sigla em inglês), afirma o relatório, grande parte desse dinheiro foi parar nos cofres dos parceiros comerciais estrangeiros na França, Alemanha e outros países. O dinheiro que os Estados Unidos deslocaram para a AIG se igualou em duas vezes ao que a França gastou no seu programa de injeção total de capital, e metade do que a Alemanha gastou .

“O ponto que chamamos atenção neste relatório é que não havia dados sobre para onde o dinheiro estava indo, nenhuma informação em relação aonde o dinheiro estava indo”, disse a presidente do painel Elizabeth Warren, professora de Direito de Harvard. “Sem essa informação, ninguém poderia fazer uma escolha política deliberada” sobre a possibilidade de pedir aos governos estrangeiros que contribuíssem para o resgate financeiro.
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O paciente é a Europa
O aumento da aversão ao risco no mundo
Economia grega encolhe mais 1,5%
BCE diz que recuperação depende de demanda privada

O paciO paciente é a Europa

Algo mais que folhas vão cair na Europa neste outono. A atenção norte-americana, sem dúvida, se concentrará no encontro de Barack Obama com um eleitorado aborrecido em novembro deste ano. No entanto, por toda a região, governos de direita, esquerda e centro na Europa parecem prestes a desmoronar, com suas posições corroídas por uma onda de austeridade, elevado desemprego e dívida pública, além do conhecimento de desagradáveis escândalos de corrupção.

Considere a situação dos cinco países mais importantes da Europa. Na Alemanha, um dos custos do resgate aos gregos no início deste ano parece ser a carreira da chanceler Angela Merkel. É muito cedo para riscá-la do mapa, mas os eleitores repreenderam fortemente a coalizão democrata-cristã nas eleições locais em julho, privando seu governo do controle da Câmara Alta do parlamento (Senado). Desde a eleição, as pesquisas de opinião de Merkel escorregaram, e problemas surgiram dentro de sua coalizão. Na Grã-Bretanha, a eleição que encerrou 12 anos de governo trabalhista em abril levou ao poder (…) uma coalização conservadora-liberal-trabalhista, uma situação incômoda e sem precedentes para os britânicos.

Na Itália, na semana passada o primeiro-ministro Silvio Berlusconi perdeu a maioria parlamentar devido à deserção de uma forte facção de 30 membros do seu partido Povo da Liberdade, com um ministro júnior acusado de corrupção. Na França, entretanto, um outro líder continental mercurial, o presidente Nicolas Sarkozy, se encontra envolvido em um escândalo de financiamento de campanha que pode ameaçar seu emprego. E na Espanha, o país europeu mais próximo do abismo, a coalizão do premiê José Luis Zapatero depende de dois partidos nacionalistas que sabem que o têm na mão. Tendo à frente as eleições regionais de outubro e novembro, tanto o Partido Catalão e o Partido Nacionalista Basco querem concessões em autonomia regional, o que o partido Socialista de Zapatero se opõe.
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O aumento da aversão ao risco no mundo

Uma nova rodada de aversão ao risco se apoderou ontem (quarta-feira) dos mercados. A preocupação foi sentida há alguns dias, com o aumento dos preços de matérias-primas agrícolas e a decisão do governo russo de suspender as exportações de trigo; qualquer “choque” de oferta de matéria-prima, como o trigo neste caso, lembra situações difíceis para a economia e os mercados de bolsa.

De repente, tudo parecia voltar à situação de alguns meses atrás: o dólar recuperando força contra todas as principais moedas e, em particular, face ao euro (contra o qual passava a ser cotado de 1,33 para 1,29 dólar por euro) e, juntamente com a dívida pública dos EUA e alemã, era mais uma vez o refúgio contra a incerteza agravada pelas últimas informações provenientes da China ou do Federal Reserve (Fed, banco central) dos EUA (ambos enfatizando a melancolia sobre suas respectivas economias). Pois, se os dados mais recentes da situação econômica da China apontam para uma desaceleração do crescimento (importações em baixa ou menor produção industrial) os pareceres emitidos ontem pelo Fed foram decepcionantes em dois sentidos.

Por um lado, mostravam um pessimismo renovado sobre o futuro imediato da economia dos EUA e, por outro, contrariavam a expectativa de que o Fed expandiria o escopo da política monetária quantitativa e prosseguisse comprando mais dívida do governo, colocando mais dinheiro em circulação (embora em um sentido é o que o Fed decidiu fazer, mas com o dinheiro dos vencimentos dos títulos hipotecários comprados nos últimos dois anos, e que já estão ativos no balanço, de modo que o efeito será neutro).
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Economia grega encolhe mais 1,5%

A economia grega encolheu 1,5% maior no segundo trimestre do ano, disse a agência de estatísticas do país. Isso aumenta para a queda de 0,8% do PIB registrado nos primeiros três meses do ano, sugerindo que o declínio da economia está se acelerando. O PIB da Grécia caiu 3,5% desde essa época no ano passado. O país foi forçado a se submeter a severos cortes de gastos públicos desde que provocou uma crise de dívida em toda a Europa no início deste ano.

A agência de estatísticas da Grécia, Elstat, disse que a “redução significativa” da despesa pública contribuiu para o aprofundamento da recessão do país. Economistas disseram que não ficaram surpresos com os números, e culparam a “incerteza” em torno das medidas de austeridade do governo para a queda no PIB. “A atividade econômica parece estar diminuindo em ritmo acelerado, devido à elevada incerteza e a implementação gradual das medidas de austeridade”, observou Nikos Magginas, economista sênior do Banco Nacional da Grécia.
 
O declínio total no PIB em 2010 está previsto para atingir 4%, de acordo com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional. Uma série de medidas de austeridade foi anunciada pela Grécia desde dezembro do ano passado. Elas incluem o congelamento de salários do funcionalismo público e reformas nos sistemas tributário e previdenciário.
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BCE diz que recuperação depende de demanda privada

Os bancos mais saudáveis e a maior demanda do setor privado serão necessárias para que a zona euro e a economia do mundo em geral, continuem a sua recuperação, disse hoje o Banco Central Europeu (BCE) em seu relatório mensal. “A sustentabilidade da recuperação no comércio global e da zona do euro dependerá criticamente não apenas de um fortalecimento adicional da procura privada, mas também da solidez e saúde do sistema financeiro global”, afirmou o BCE em artigo que analisa o colapso do comércio mundial, na esteira da crise financeira de 2008.

O relatório foi divulgado com dados mostrando que a produção industrial na zona do euro caiu inesperadamente em junho, enquanto as quedas de produção francesa e alemã sugeriram que a recuperação econômica da zona de moeda comum desacelerou no final do segundo trimestre. A economia da zona do euro se baseou fortemente nas exportações da Alemanha para sustentar seu crescimento este ano, compensando a retração de diversas economias do sul da Europa, devido aos pacotes de austeridade do governo.

As exportações da zona euro em maio subiram mais de 25% na base anualizada e menos de 2% abaixo do nível imediatamente anterior à crise entrar em sua fase mais aguda – setembro de 2008. O BCE advertiu na quinta-feira que boa parte da recuperação no comércio em relação ao ano passado deveu-se à recomposição dos estoques, e as medidas temporárias do governo agora estão terminando, como o programa de carros usados (como parte do pagamento da compra de novos).
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Luis Nassif

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