Painel internacional

Os “benefícios econômicos” da regulação bancária estrita

A economia global não vai sofrer se os bancos forem obrigados a adotar padrões mais rígidos de capital e liquidez, disseram o Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês) e o Comitê da Basileia para Supervisão Bancária, em declaração conjunta na quarta-feira. O comunicado resume um relatório intercalar sobre os efeitos em longo prazo na economia de obrigar os bancos a reter mais capital e ativos líquidos em relação ao seu balanço global. Os resultados refutam as reclamações do setor bancário de que tais exigências arranhariam o crédito à economia real.

“A avaliação do Comitê da Basileia sobre o impacto econômico de longo prazo considera que há claro benefício econômico líquido no período em aumentar o capital mínimo e os requisitos de liquidez de seus níveis atuais, a fim de aumentar a segurança e solidez do sistema bancário mundial”, disse o comunicado. “A análise mostra que os custos macroeconômicos de aplicação de normas mais fortes são administráveis, especialmente com arranjos iniciais apropriados, enquanto os benefícios de longo prazo para a estabilidade financeira e crescimento econômico mais estável são importantes”, disse o presidente do FSB, Mario Draghi, em um comunicado de imprensa.

O FSB e o Comitê da Basileia disseram que para cada aumento de 1% na proporção de capital para ativos que os bancos são solicitados a manter, o crescimento cairia apenas 0,04% ao ano durante quatro anos e meio anos. Eles disseram que um aumento de 25% no nível de ativos líquidos mantidos pelos bancos teriam menos de metade do efeito de um aumento de 1% nos índices de capital no mesmo período.
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A incerteza excepcionalmente incomum – Thomas L. Friedman
Meirelles previne sobre conclusões “precipitadas” dos analistas
Alemanha prioriza exportações e releva consumo interno
Acordo colombiano sobre bases militares dos EUA é ‘inconstitucional’

A inc A incerteza excepcionalmente incomum

Thomas L. Friedman
Nas últimas semanas tive a oportunidade de falar com altos responsáveis pela política econômica nos Estados Unidos e Alemanha, e acho que descobri onde estamos. É assim: as coisas estão melhorando, exceto quando não estão. Os resgates estão funcionando, salvo quando não estão. As coisas vão melhorar lentamente, a menos que piorem vagarosamente. Deveremos saber em breve, talvez não.

Não é à toa que as empresas relutam em contratar com tanta “incerteza incomum”, como o presidente do Fed (Federal Reserver, banco central dos EUA), Ben Bernanke, assim definiu. A razão é que isso é tão incomum que não estamos apenas tentando se recuperar de uma crise financeira desencadeada por empréstimos hipotecários malucos. Estamos também lidando com três problemas estruturais enormes construídos ao longo de várias décadas, e que chegaram a um ponto crítico ao mesmo tempo.

Como Mohamed El-Erian, presidente da Pimco, vem repetindo, “problemas estruturais exigem soluções estruturais.” Não há reparos rápidos. Nos Estados Unidos e Europa, vamos precisar de alguns ajustes estruturais grandes para voltar ao caminho do crescimento sustentado – mudanças que vão exigir um nível de consenso político e sacrifício que fizeram muita falta na maioria dos países até agora.
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Meirelles previne sobre conclusões “precipitadas” dos analistas

O presidente do Banco Central do Brasil, Henrique Meirelles, disse que o crescimento econômico vai acelerar no terceiro trimestre, e que os analistas não deveriam tirar conclusões “precipitadas” sobre as futuras decisões dos responsáveis pelas decisões políticas. “Haverá uma recuperação – a questão é qual será o nível de atividade e inflação”, disse Meirelles em entrevista à rede de TV GloboNews na noite passada. “O que não podemos fazer é chegar a conclusões precipitadas. O banco central não pode sinalizar aquilo que não sabe.”

Os operadores estão apostando que os formuladores políticos manterão a taxa básica de juros inalterada em setembro, depois que o banco central elevou a taxa em meio ponto percentual em julho, menos que o esperado, dizendo que os riscos de inflação caíram. Meirelles disse ontem à noite que a última decisão do BC visou garantir que a inflação iria desacelerar para a meta de 4,5% em 2011.

Meirelles disse que “precisamos olhar com moderação e serenidade” a recuperação “saudável” da economia a partir da desaceleração do segundo trimestre. A Copa do Mundo e outros eventos temporários contribuíram para um crescimento mais lento no período de abril a junho, disse. As estimativas sobre o crescimento econômico e inflação devem levar em conta pressões competitivas, incluindo a expansão do crédito e renda, bem como a retirada dos estímulos fiscal e monetário no início do ano, disse Meirelles.
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Alemanha prioriza exportações e releva consumo interno

A Alemanha deve se tornar muito competitiva, para o seu próprio bem. Com as exportações levando ao mais rápido crescimento econômico desde a reunificação, os consumidores (internos) não estão respondendo da mesma forma, de forma que empresas que vão da Siemens à Daimler se apegam às reduções salariais que lhes deram vantagem internacional. O resultado: a maior economia da Europa, quatro vezes mais dependente de exportações que os EUA, está pisando no acelerador com um único cilindro.

A mudança é improvável, com a Alemanha liderando o impulso por prudência fiscal europeia e ignorando os apelos de investidores e da administração Obama (EUA) de fazer mais para ajudar a reequilibrar a economia global através da recuperação do consumo interno. Embora o plano da chanceler Angela Merkel para a redução de 80 bilhões de euros (US$ 103 bilhões) de gastos torne os títulos públicos atraentes para um fundo como o Pacific Investment Management Co. (Pimco), os estoques de varejo podem sofrer e a dependência do país das exportações o deixa vulnerável a uma desaceleração global.

“A Alemanha tem que trabalhar por sua demanda doméstica”, disse Andrew Bosomworth, gestor de carteira da Pimco em Munique, que administra o maior fundo mútuo do mundo. “Nem todos podem exportar. Alguém tem de importar.” A ministra das Finanças francesa Christine Lagarde, o Departamento do Tesouro dos EUA e o bilionário investidor George Soros já pediram que a Alemanha faça mais para atenuar os fluxos de comércio que dizem serem ainda muito desigual e constituem um obstáculo a uma recuperação global.
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Acordo colombiano sobre bases militares dos EUA é ‘inconstitucional’

O tribunal constitucional colombiano decidiu ontem que o acordo do ano passado, dando aos Estados Unidos acesso a mais bases no país é inconstitucional, porque não foi aprovado pelos legisladores. A decisão do tribunal, formado por uma maioria de 6 a 3, no entanto, disse que a decisão não afeta o contingente pessoal militar dos EUA e os empreiteiros que trabalham nas bases colombianas contemplados por acordos anteriores.

Isso significa que todo o pessoal dos EUA das sete bases incluídas no pacto de 2009, podem se mudar para bases autorizadas por acordos anteriores, enquanto o governo decide se apresenta o último acordo perante o Congresso, onde o novo presidente Juan Manuel Santos tem ampla maioria. No ano passado o acordo com Washington intensificou atritos com a vizinha Venezuela, com o presidente Hugo Chávez, forte crítico da influência dos EUA na América Latina, chamou-o de ameaça ao seu país. Brasil e Bolívia também criticaram o acordo, dizendo que perturbaria o equilíbrio de forças na região.

Santos, que foi ministro da Defesa antes de concorrer para presidente, tem consistentemente defendido o acordo, alegando que “melhora a nossa capacidade de combater o narcotráfico e o terrorismo”. Desde que assumiu o cargo em 7 de agosto, Santos trabalha para melhorar as relações com Chávez. Não houve comentários imediatos do governo sobre se iria pedir ao Congresso a ratificação do acordo sobre a base. O ministro da Defesa, Rodrigo Rodrigues, leu uma declaração à imprensa dizendo apenas que o governo vai estudar a decisão. Ele acrescentou que o governo “reitera a importância fundamental da cooperação entre Colômbia e Estados Unidos”.
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Luis Nassif

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