Setor de saúde à espera da grande reforma

A explosão do mercado de consumo brasileiro está promovendo mudanças estruturais em inúmeros setores, cada qual exigindo um reformador de peso, capaz de redefinir funções e papéis.

É o caso do mercado de saúde suplementar.

Nos últimos anos, ter um plano de saúde tornou-se o terceiro objeto de desejo da ascendente classe C – logo após a casa própria e a educação para os filhos. Tornou-se demanda central nos acordos coletivos e na própria atuação dos sindicatos.

Essa explosão de demanda criou uma nova realidade que atropelou o velho modelo. Há uma efervescência, um mercado em plena mutação mas amarrado aos paradigmas do velho mercado.

***

No universo da saúde suplementar convivem os seguintes personagens:

1. As empresas que vendem planos de saúde.
2. Os prestadores de serviços: hospitais, clínicas, médicos, laboratórios etc.
3. A ANS (Agência Nacional de Saúde), órgão regulador.
4. O governo.
5. O público.
Os planos são a porta de entrada para a economia da saúde.

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É um sistema fundado no conceito de seguro. Ou seja, estimam-se os custos, sinistros e, a partir daí, calcula-se o valor da apólice. É uma aposta – como em todo seguro – com diversas variáveis em jogo.

1.  A inflação do setor, com a introdução de novas tecnologias e novas demandas.

2. Uma pirâmide etária em mutação, com o envelhecimento da população.

3. A falta de protocolos médicos que limitem os gastos hospitalares ou as tecnologias desnecessárias.
4. A falta de limites ao número de consultas/ano.

5. Todos esses fatores são colocados em um plano recém-lançado. Depois disso, terá que se ater aos reajustes anuais autorizados pela ANS
***

Pelo modelo atual, o único elo que assume o risco do seguro é a operadora.

Sendo assim, a única maneira de mitigar o risco é através de carteiras amplas. Por isso mesmo, as chamadas “majors” (as grandes seguradoras) marcharam para os planos empresariais e para os planos de adesão (ligados a associações profissionais e sindicatos). E os planos individuais ficaram restritos a pequenas seguradoras e ao sistema Unimed, caminhando para a extinção.

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No caso dos planos empresariais, o custo da apólice está amarrado aos sinistros. Se em determinado ano houver muitos sinistros, ocorrerá uma majoração da apólice. E, muito provavelmente, as empresas procurarão outros planos.

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O redesenho passa, entre outros, pelos seguintes pontos:

1.     Os hospitais precisam aderir maciçamente ao sistema de protocolos – que definem a quantidade de procedimentos para cada internação. O que superar o protocolo correrá por conta e risco do hospital. Com esse enquadramento, será possível aos planos, inclusive, adquirirem pacotes de internação em hospitais.

2.     Tem que haver uma integração de bancos de dados das operadoras de saúde, seja para evitar duplicação de exames e procedimentos, seja para orientar políticas de prevenção.

3.     Há a necessidade da criação de um sistema de resseguros que garanta excedentes de consultas médicas per capita, por exemplo.

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São desafios à procura de um gestor. Mas o que se tem até agora, nas federações, na ANS e no proprio governo, é um vazio de ideias.

Luis Nassif

29 Comentários

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  1. limites e negócios

    Os planos de saúde, tipicamente negócio, determinam protocolos, mas daqueles em que o hospital atira o doente pela janela no décimo primeiro dia de tratamento intensivo, pois a cobertura garante pagamento de despesas até o décimo dia. O sistema privado aposta na ineficiência do sistema público, e vende sua apólice de seguro tal qual seguro de um automóvel, com prêmio condicionado ao perfil e sinistro condicionado a investigações. Não há alternativa: cuidar da saúde é tarefa de um sistema público, gratuito e universal. 

  2. Responsabilidades para todos

    Há um fator que deve ser considerado, de dificílima ponderação: como dito na análise, os planos convivem, além de com uma taxa variável de sinistralidade, mutante de agordo com seu público, com a constante criação de novas tecnologias, a “necessidade” que o paciante sente de usar tudo que há de novo, mais de uma vez, em mais de um lugar, com mais de um profissional, os médicos se dispõem a aplicar toda a tecnocolgia disponível, até para tratar uma unha encravada, especialmente se o paciente assim deseja – pois se não o fizer, será tachado de incompetente e trocado – e os sistemas de diagnósticos querem mais é vender seus serviços.

    A visão – completamente equivocada – que o usrário de planos de saúde tem de que “ele paga plano de saúde, portanto, precisa usar, AFINAL, suas consultas e exames são gratuítos, dentro do plano contratado”, é um dos grandes vilões dos custos do sistema e portanto, do peso das mensalidades.

    Assim como em relação à coisa pública – onde as pessoas muitas vezes não se importam em danificar equipamentos públicos, pois “não é meu mesmo” – o usuário irresponsável dos planos de saúde é o grande causador do aumento de mensalidades, que depois ele mesmo – usuário – não consegue pagar.

    Mesmo quando um diagnóstico pode ser emitido com toda segurança a partir de um raio X, muitos médicos, movidos pelo olhar de desconfiança de seus pacientes, seguirão em seguida para uma tomografia, e, não satisfeitos, logo estarão numa ressonância, ou sabe-se mais o quê é a última novidade do mercado…

    No final, é lógico, a conta sai do bolso do usuário.. E, lógico também, ele vai achar ruim.

  3. Estou mais preocupado com quem não tem acesso ao seguro

    Eu estou mais preocupado com quem não tem acesso ao seguro privado de saúde. São milhões de pessoas pobres e excluídas que não tem acesso a um sistema mínimos de saúde. Por mais caro que seja, se bem administradom o sistema de saúde público sai mais barato do que o privado porque não visa o lucro. Acho que as energias e recuros devem ser voltados para um sistema de saúde público bom e deixar o sistema privado cuidar do seu lucro.

  4. Nos últimos anos, ter um

    Nos últimos anos, ter um plano de saúde tornou-se o terceiro objeto de desejo da ascendente classe C – logo após a casa própria e a educação para os filhos. Tornou-se demanda central nos acordos coletivos e na própria atuação dos sindicatos.

    ESTÁ TUDO ERRADO!!!

    Todos devemos lutar pela qualidade e pela universalização da Educação e Saúde Públicas, esta deve ser a grande bandeira nacional.

    A arrecadação não pode ser apenas para pagar juros da dívida, como querem os neoliberais.

    Todos os trabalhadores e sindicatos devem apoiar, os trabalhadores e sindicatos dos profissionais de Educação e Saúde públicas, pois estamos TODOS no mesmo barco.

    Apostar no “eu sozinho” ou no “cada um por si” é burrice.

    O que as pessoas gastam com mensalidades e despesas com Saúde e Educação é um absurdo.

    A próxima etapa é o que, a privatização da segurança pública e da Justiça

    Um país que despreza tudo o que é coletivo e público, basta ver a situação dos transporte coletivo em nossas cidades.

    O exemplo positivo do Mais Médicos não pode ser exceção, tem que ser a regra.

    1. PLANOS DE SAÚDE

      Têm razão, está tudo errado! Mas o governo sabe disso e ganha muito com isso. Quando o governo não nos presta as garantias constitucionais (saúde, educação, segurança, etc..) o que fazemos? Recorremos a empresas que prestam os serviços (seguradoras, empresas de segurança, escolas, etc..). Essas empresas geram empregos e o governo recebe impostos dessas empresas e ainda diz que está gerando emprego. Quanto pior o retorno dos impostos pagos, mais serviços contratamos e mais se enriquece o governo.

  5. Poxa, saúde suplementar para

    Poxa, saúde suplementar para a Classe C?

    A questão tem que ser outra: como melhorar o SUS para a Classe C não precisar da saúde suplementar.

    E, mesmo que já morreu Neves e realmente o SUS será enterrado e todos precisarão de saúde suplementar, precisamos pensar antes em como fazer para este contingente todo se especializar, qualificar-se para o mercado de trabalho, para conseguir promoções, melhores oportunidades, grandes saltos na renda familiar.

    Ora, se grande parte da Classe C, conforme visto, ganha até 1,5 Salário Mínimo por mês e trabalha no setor de serviços, como é que faremos ela arcar com mais um gasto, se primeiro já comprometeu parte de sua renda em financiamentos de longo prazo, a exemplo do Minha Casa Minha Vida?

    Se para a classe média dita “tradicional” já está complicado arcar com plano de saúde, educação privada para os filhos, e por aí vai, é realmente sustentável este modelo privatista? 

     

  6. … tem-se a nitida impressao

    … tem-se a nitida impressao q o país estah indo aos trancos e barrancos.  cada vez eh um assunto q explode numa sequencia avassaladora.

    agora fala-se em melhorar a saude, mas nao se tem uma administraçao voltada numa unica direçao.  ve-se as esferas governamentais debatendo-se entre si mais para ganhar a midia do q de fato para resolver as questoes pertinentes.

    vejo na saude uma questao q esta passando desapercebida mas eh crucial:  a falta de hospitais.

    na minha cidade por exemplo, ha mais de trinta anos nao se constroe um unico hospital, nem mesmo a iniciativa privada.  dai a superlotaçao nos ja existentes.

    falta um plano de verdade !!!

  7. Não entendi porque deveria

    Não entendi porque deveria haver um limite para consultas durante um ano ? Reorganizar o setor sim, é preciso, mas me parece que limitar consultas num determinado periodo de tempo é torna-lo mais desumano do que ja é para os pacientes, com mais lucros para as operadoras.  

    Essa frase, com os planos de saude tais quais têm-se hoje, poderia ser assim:

    “Os planos são a porta de entrada para o comércio da saúde”

     

    1. A idéia não é limitar o

      A idéia não é limitar o número de consultas, mas utilizar sistema de resseguro para quando o número de consultas estourar a cota. Não muda a vida do segurado, apenas de quem paga a conta.

  8. Sindicatos valorizaram Planos de Saúde; azar do SUS!

    Infelizmente, nos últimos anos os sindicatos valorizaram em muito os Planos de Saúde. Não tem um sindicato que tenha deixado reivindicado e conquistado Plano de Saúde – independente da qualidade do mesmo – para a sua categoria.

     

    Com isso, os sindicatos esqueceram de exigir melhorias do Sistema Único de Saúde/SUS.

     

    Muitos avanços foram e são observados nos serviços do SUS, mas poderiam ter sido muito maiores caso o movimento sindical atuasse ao lado daqueles/as usuários do Sistema. Pena!

  9. O modelo desenhado pelo

    O modelo desenhado pelo Nassif é o americano. se você está empregado terá direito à saúde privada – via plano de saúde – pago em parceria com o empregador ou custeado pelo empregado via sindicato ou associações. Caso esteja fora disso, irá para o SUS.

    O Governo Federal já está – afirmo, está – criando o prontuário médico – eletrônico – do cidadão via Cartão Nacional de Saúde. Esse prontuário apresentará registros de atendimentos, em consultas, em internações, em exames laboratoriais e de imagem. Será um grande banco de dados da saúde contendo todos os dados acerca da saúde dos brasileiros, colhidos tanto da rede privada quanto da rede pública.

    Cada atendimento poderá ser registrado, como o resultado desse atendimento de saúde. Isso poderá projetar custos – e possibilitar fechar os ralos das fraudes e dos desvios de dinheiro e materiais por onde escoam os recursos – do SUS, necessidades materiais (insumos gastos em cada atendimento médico e, inclusive, fornecimento de medicamentos para cada paciente portador de doenças crônicas) e humanas (médicos especialistas e equipes de saúde básica, por exemplo – dimensionar e projetar a formação de médicos e enfermeiros especialistas, operadores de equipamentos de imagem, radioterapia, etc.) do SUS. Uma revolução na saúde. O Mais Médicos é só a ponta do iceberg. Após idas e vindas parece que a situação evoluindo.

    E até o IBGE está em campo colhendo informações – colendo amostras para exames de sangue e urina – a respeito da saúde do brasileiro.

    Veja reportagem de cinco dias atrás a respeito da segurança desses dados no link: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=35116&sid=14#.Ul6njNKsiSo

  10. saúde pública

    O que esperar da saúde pública, se no estado de mato grosso existem denúncias de que a secretaria de saúde desviou recursos da saúde para as obras da copa do mundo. manda quem pode…

  11. Planos de saúde

    Nassif,

     

    Sob o ponto de vista das operadoras a sua análise é perfeita. Sou usuário do plano e pelo estado de saúde que gozo, não utilizo tanto. Entretanto, inconcebível se pensar em limites de consulta anual. Caso a medida seja adotada, é a senha para me livrar definitivamente de qualquer plano.

    COmo outros, também defendo o SUS e acho incrível que a busca de novas fontes de financiamento para o SUS não sejam tema de debate. Dormita na Câmara dos Deputados o projeto do ex-deputado Dr. Aloísio que regulamenta o dispositivo constitucional que cobra a taxação das grandes fortunas. PMDB, PSDB e PSD foram os responsáveis por impedir o andamento do trâmite do projeto, após um excelente substitutivo elaborado pela Deputada Jandira Feghali. Da mesma forma, venceu o grande poder financeiro a batalha ideológica contrária à manutenção da CPMF. Fala-se muito em SUS, mas medidas emergenciais como esta vão sendo desconsideradas, seja por leviandade, seja pela omissão de quem deveria decidir.

  12. Considerando-se que os planos

    Considerando-se que os planos de adesäo säo hoje o carro chefe das operadoras e, que essas modalidades näo se subordinam aos limites de reajustes da ANS, mas, säo bem superiores, está feito o estrago no bolso dos usuários, que se submetem a consuiltas de 15 minutos. e mitas vezes se obrigam a ter de esperar a autorizäo para exames básicos.

    Como se diz no popular, as operadoras estäo nadando em dinheiro e, os médicos, promovem uma avalanche de consultas diárias- de 15 minutas cada – para manter o fluxo de dinheiro no nével desejado.

     

    Nesta equaçao vai se banalizando a saúde pública com o  enriquecimento ilícito de operadoras e operadores.

  13. A retirada de 40bilhões

    A retirada de 40bilhões anuais da saúde, arquitetada pelo psdb com apoio do PSOL precisa ser rediscutida. jamais me esquelo dafoto onde a Luiza Helena comemora isto junto com os demotucanos, O povo precisa cobrar esta conta!

  14. Nassif,
    Interessante a

    Nassif,

    Interessante a questão levantada…

    Mas se falar em “protocolos de condutas médicas” e isto implicando em custos financeiros  para planos de saúde que objetivam lucro é assunto muito delicado, por que não dizer perigoso. 

    A Sáude precisa precisa ser viável economicamente, como tudo no mundo que vivemos, mas seus valores primordiais são a ética e o humanismo, não o lucro.

    A solução ouro para a questão é o finananciamento, a gestão e a implementação adequada do SUS.

  15. Caro Luis Nassif,
    Sou da area

    Caro Luis Nassif,

    Sou da area de seguros e a muito tempo não lia algo tão objetivo e lúcido sobre a assistência médica privada, seja seguro saúde ou plano de sáude.

    Sobre a limitação no nº de consultas, na década de 80 havia um segurado saúde (Dr. Comind) que conforme o plano contratado limitava a consulta a 06, 10, 12 ou sem limite.

    O plano nunca deu prejuizo a seguradora e não havia reclamações do segurados sobre o limite de consultas.

    Não acredito que alguém vá ao médico mais de 12 vezes ao ano(01 vez por mês), além dos retornos de consulta

    que são gratuitos. Até para agendar uma consulta demora-se quase 30 dias.

    Hoje  querem ter a liberdade de consultas ilimitadas. Mas tudo têm um preço, não é mesmo?

     

  16. Os planos deveriam investir

    Os planos deveriam investir em medicina preventiva. Se pagassem a um médico da família para visitar os segurados, poderiam evitar tratamentos e internações mais caras.

  17. Carência de recursos de saúde.

    O que mais se vê atualmente é consumidores de serviços de saúde insatisfeitos ou com a cobertura de seus planos ou com prazo para afendimento. A extrema carência de profissionais para atendimento da atenção básica de saúde também mostra seus efeitos nas  atividades de saúde privada  O bimômio aumento de demanda e a falfa de formação de profissionais nos leva a este quadro de insatisfação . Uma solução de qualidade para esta questão está no incentivo para formaçao de profissionais da área da saúde e no tempo que isto vai demandar. Perseverança é fundamental.. 

  18. A apropriação de renda disfarçada de privatização

    O que raramente é dito é que quando se deixa o mercado estimular os seguros privados de saúde isso é de total interesse do Estado.

    Parcelas crescentes da ‘classe média em ascensão’ passam a contratar esses serviços, usando, obviamente, parte do aumento de sua renda familiar.

    Essas mesmas pessoas deixam de pressionar o SUS.

    O efeito desejado é o de aumento de tributação.

    A renda disponível para consumo cai, deixando de pressionar a oferta em outros segmentos mas preservando os investimentos necessários em saúde, uma espécie de ‘direcionamento’ para um dos gargalos no Brasil (o Brasil tem menor expectativa de vida em relação a outros países da mesma renda média.)

    A responsabilidade do Estado cai. Com menor número de famílias procurando o SUS fica menos difícil, dado que o cobertor do orçamento é curto, melhorar o atendimento no Serviço Único de Saúde. O processo é facilitado pela maior proporção de empregos formais e pela proliferação de planos de saúde coletivos.

    Aos poucos diminui-se, assim, o atraso no setor de saúde sem precisar recorrer aos impopulares ‘aumentos em impostos’. 

    Mas também não há nenhuma redução dos impostos… As famílias, na média, gastam mais em saúde, educação, segurança e transporte. Mas a arrecadação/PIB nunca cai.

    Por conseguinte, obtem-se um aumento relativo da capacidade do Estado (= ‘socialização’) com o simultâneo beneplácito da opinião pública conservadora (= estimuladora da prestação de serviços privados de saúde – e em outros setores.)

    Desse modo, aos poucos, abandona-se o modelo europeu de ‘welfare state’ (que pressupõe elevados impostos e universalização pública da saúde e educação) e migra-se para o modelo norte-americano, mais social-liberal.

    Não é nem bom nem ruim, dado que o que importa é que aquilo que é necessário seja realizado e financiado.

    Mas é um processo que deveria ser mais claramente explicado ao eleitorado.

    1. Bom, bom não é.
      O Krugman

      Bom, bom não é.

      O Krugman escreveu no NYT exatamente isto, que os franceses parecem mais sisudos que os estadunidenses, aparentemente, mas são mais felizes, devido a cobertura social maior que nos EUA.

      É muito claro que o governo brasileiro tem como norte o modelo americano ao invés do Welfare State europeu, mas o problema é que nem o primeiro modelo (que não é nem uma ‘Brastemp’) conseguimos alcançar, pois não temos, nem a curto, nem a longo prazo, perspectivas de alcançar a renda per capita dos norte-americanos.

      Dinheiro até temos para construir um sistema público de saúde bom.

      O problema são as medidas que deveriam ser tomadas para tanto, desagradando o setor financista, os bilionários operadores de planos de saúde, e por aí vai.

  19. saúde suplementar

    Também sou do ramo de seguros e saúde e definitivamente acho que é necessário se criar um sistema completamente novo, já que o atual não está servindo mais. O privado tem sub planos que não atendem a contento, tem planos caríssimos que o cidadão almeja mas a maioria não pode pagar e tem o SUS (este só elogia quem não tem noção das coisas ou quem ainda não precisou de fato de um atendimento rotineiro). De certo que haverá exceções no atendimento do SUS mas é lamentável o que um cidadão comum tem que passar ao tentar usar esse serviço. O atendimento é lastimável, médico que mais parece ” mecânico” sentado  todo esparramado na cadeira, sem jaleco de médico, macas velhas e enferujadas, aparelhos de exames quebrados, funcionários de férias e um “quebra galhos” atendendo em seu lugar, num regime de poucas horas e achando que está fazendo um favor à população, atendentes folgados e sem educação com o paciente, agressões de funcionários à pacientes e por aí vai numa lista infindável de queixas. Aí você se pergunta: qual será a verba que é de fato destinada à esse serviço de extrema importância? Será que não é suficiente? a resposta sabemos que é interminável também. Os buracos que deve existir nessa intrincada engrenagem são infinitos. Ou seja, o cidadão sempre pagará uma conta absurda. Na rede privada ou na rede pública. Quem poderá salvar o cidadão do esfolamento vivo?

  20. Se o Governo está preocupado

    Se o Governo está preocupado com a Saúde Pública é só investir macissamente no Saneamento Básico, a exemplo do que está ocorrendo em São Paulo onde todas as cidades terão 100% de água tratada,100% de esgoto coletado e 100% de esgoto tratado,ou seja,Programa Cidades 300%.A falta de sanemento corresponde a 50% das doenças que abarrotam os prontos-socorros e hospitais do Norte e Nordeste do Brasil.São Paulo é o Estado com maior índice de Saneamento do País,Sabesp fazendo um excelente trabalho.

  21. Pra  quem acha o sistema de

    Pra  quem acha o sistema de saúde dos EUA uma maravilha:

    “Em Nova Jersey, um centro médico cobra 101.945 dólares (cerca de 200 mil reais) para implantar um marcapasso no coração (o hospital Albert Einstein, em São Paulo, por exemplo, cobra cerca de 10 mil reais pelo serviço).” 

    Lendo isso já dá para perceber a importância do SUS em disciplinar o sistema privado.

    Leiam mais:

    http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/29051/saude+a+venda+tratamento+de+pneumonia+custa+ate+us$+38+mil+nos+eua.shtml

     

  22. SUS X PLANOS DE SAÚDE

    O debate se dá em razão de o Sistema de Saúde do Brasil ser tipo “cobra de duas cabeças”. O governo tanto se responsabiliza pelo SUS como subsidia os Planos de Saúde. Em verdade, os planos de saúde surgiram fomentados pelos governos de então, com fortes e doces subsídios. A sociedade reclama um choque de saúde pública. Choque de investimento e implantação de modelo de saúde compatível com os nossos avanços tecnológicos e sociais. Da vinda dos médicos estrangeiros, emergiu o grande debate: a saúde pública que o Brasil precisa. Se de um lado a simples presença de um médico não é a solução do problema, a sua ausência é o caos. O Sistema de Saúde não pode ser canibalizado pelo setor privado( medicamentos e procedimentos de alto custo são custeados pelo poder público, pois os planos se omitem em cumprir a obrigação de fazer); d’outra banda, há o pagamento pelo governo federal aos planos de saúde via dedução no imposto de renda. O SUS que nasceu para ser instrumento da cidadania vem sendo deslocado ora para os pobres, ora para os não tão pobres, quando para procedimentos de alto custo para pobres e portadores de planos de saúde. A guerra muda, mas não tão silenciosa entre o setor privado e o SUS é, não raro, a fabula da raposa que é designada a cuidar das galinhas.

    A sociedade brasileira deve discutir se quer um SUS para a sociedade ou um SUS para os que não tem planos de saúde. Sou adepto do SUS CIDADÃO, aquele que é uma amalgama da sociedade e ferramenta de mitigação das desigualdades sociais; assim, o modelo de assistência deve ser repensado. A construção de consórcios intermunicipais e interestaduais são indispensáveis. O aprofundamento do método de médico de família deve ser intensificado. O uso diarreico de exames deve ser reavaliado. A anamnese do paciente pelos métodos tradicionais, sob o enfoque de que a relação medico-paciente deve ser humanizada deve ser valorizada e estimulada.

    As vezes, me pergunto: se o SUS funcionasse bem, quantos planos de saúde sobreviveriam? Assim, os planos vivem em razão da insatisfação da população com o modus operandi do sistema. Será que o setor privado quer mesmo que a saúde pública funcione em caráter cidadão?

    Amarílio Lopo Neto

  23. SUS X PLANOS DE SAÚDE

    O debate se dá em razão de o Sistema de Saúde do Brasil ser tipo “cobra de duas cabeças”. O governo tanto se responsabiliza pelo SUS como subsidia os Planos de Saúde. Em verdade, os planos de saúde surgiram fomentados pelos governos de então, com fortes e doces subsídios. A sociedade reclama um choque de saúde pública. Choque de investimento e implantação de modelo de saúde compatível com os nossos avanços tecnológicos e sociais. Da vinda dos médicos estrangeiros, emergiu o grande debate: a saúde pública que o Brasil precisa. Se de um lado a simples presença de um médico não é a solução do problema, a sua ausência é o caos. O Sistema de Saúde não pode ser canibalizado pelo setor privado( medicamentos e procedimentos de alto custo são custeados pelo poder público, pois os planos se omitem em cumprir a obrigação de fazer); d’outra banda, há o pagamento pelo governo federal aos planos de saúde via dedução no imposto de renda. O SUS que nasceu para ser instrumento da cidadania vem sendo deslocado ora para os pobres, ora para os não tão pobres, quando para procedimentos de alto custo para pobres e portadores de planos de saúde. A guerra muda, mas não tão silenciosa entre o setor privado e o SUS é, não raro, a fabula da raposa que é designada a cuidar das galinhas.

    A sociedade brasileira deve discutir se quer um SUS para a sociedade ou um SUS para os que não tem planos de saúde. Sou adepto do SUS CIDADÃO, aquele que é uma amalgama da sociedade e ferramenta de mitigação das desigualdades sociais; assim, o modelo de assistência deve ser repensado. A construção de consórcios intermunicipais e interestaduais são indispensáveis. O aprofundamento do método de médico de família deve ser intensificado. O uso diarreico de exames deve ser reavaliado. A anamnese do paciente pelos métodos tradicionais, sob o enfoque de que a relação medico-paciente deve ser humanizada deve ser valorizada e estimulada.

    As vezes, me pergunto: se o SUS funcionasse bem, quantos planos de saúde sobreviveriam? Assim, os planos vivem em razão da insatisfação da população com o modus operandi do sistema. Será que o setor privado quer mesmo que a saúde pública funcione em caráter cidadão?

    Amarílio Lopo Neto

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