A 4ª edição da Pedalada Pelada parou o trânsito em Porto Alegre

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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da SUL 21

Pedalada Pelada pede fim da violência e do machismo no trânsito em Porto Alegre

Por Débora Fogliatto

A partir da ideia de que “obscena é a violência no trânsito”, dezenas de ciclistas pedalaram passando por bairros centrais de Porto Alegre neste sábado (5), na Pedalada Pelada 2016. O ato é uma edição do evento mundial que foi criado em 2004 simultaneamente na Austrália, na Itália, nos Países Baixos, na Rússia e nos Estados Unidos. Em Porto Alegre, aconteceu pela primeira vez em 2012, como parte da programação do Primeiro Fórum Mundial da Bicicleta, e continuou ocorrendo todos os anos pedindo o respeito a quem utiliza a bike como meio de transporte, o fim da violência no trânsito e do machismo contra mulheres ciclistas.

Desde as 18h, os ativistas se concentraram no Largo Zumbi dos Palmares, na Cidade Baixa, onde começaram a pintar seus corpos, nus ou seminus, com frases como “assim você me enxerga?”, “respeita as mina”, “sua pressa vale uma vida?”, “por um trânsito sem machismo”, entre outras manifestações. Dentre as mulheres, imperavam frases que abordavam o respeito a elas no trânsito e na sociedade como um todo. “Eu, no meu dia a dia, escuto coisas absurdas no trânsito como uma mulher ciclista. E a gente terminou 2015 com bastante atos feministas e estamos entrando 2016 com tudo para dizer ‘nos respeitem enquanto ciclistas e enquanto mulheres’”, explica Tássia Furtado, uma das sócias do Vulp Bici Café.

Os ciclistas também destacaram o fato de não serem “vistos” pelos motoristas e desrespeitados, o que coloca suas vidas em risco. “A Pedalada Pelada surgiu exatamente pela fragilidade que o ciclista tem no trânsito, que a gente sempre ouve a desculpa de não ter visto o ciclista, mas se a gente está pelado eles vêem. Porque a gente vem mostrar que não tem uma lata que nos cobre, se tirar um fino da gente, não vai só amassar o carro, vai perder um pedaço da nossa pele, se não a vida”, completa.

A mensagem da Pedalada também passa pela valorização de todos os tipos de corpos, e não apenas aqueles considerados dentro dos padrões sociais. No evento, havia pessoas totalmente peladas, outras apenas sem camiseta e ainda algumas de roupas.

Por volta das 19h15, os ciclistas saíram do Largo pela rua José do Patrocínio, onde logo no início um dos participantes teve a bicicleta atingida por um carro, mas não se machucou. O acontecimento chamou a atenção considerando que o ato pedia justamente o fim da invisibilidade dos ciclistas nas ruas. Ao perceber que o veículo encostava em sua roda, Marcelo Santos Keil saltou da bicicleta, e o motorista saiu do carro para conversar com ele, comprometendo-se a pagar pelo conserto. “Eu acredito que ele tenha batido sem querer, porque eu realmente não estava andando em linha reta e acho que ele não me viu”, afirmou Marcelo.

Após o incidente, os ciclistas seguiram até a avenida Venâncio Aires, gritando frases como “mais amor, menos motor”, “mais adrenalina, menos gasolina” e “você aí parado, vem pedalar pelado”. Atravessando a avenida Osvaldo Aranha, dirigiram-se pela Vasco da Gama, de onde foram para a Independência, Florêncio Igartua, Padre Chagas, Goethe e retornaram pela Osvaldo Aranha até a Loureiro da Silva, chegando novamente no Largo Zumbi.

 

 

Ana Gabriela Sales

Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.

1 Comentário

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  1. Pedalando de terno

    Estes dias, fiz uma tentativa de ir de bicicleta para o trabalho e ser visto pelos motoristas, que deu perfeitamente certo. Ao invés de ir com pouca roupa como os manifestantes, fui pedalar de terno.

    Coloquei um paletó de terno e sai de bike para o trabalho e para a minha surpresa, todo mundo me respeitava, passando a 1,5 metros de mim, ao ultrapassar.

    É que aqui em SP, o terno é uma vestimenta quase que sagrada, uma vez que indica classe social superior, e juiz, promotor se vestem de terno, daí o pavor de desrespeitar uma pessoa de paletó, he he he.

    Mal sabiam eles que sou um empregado assalariado, mas usando uma roupa certa, a gente é respeitado como um juiz.

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