Vinte milhões de pessoas passam fome no Brasil, segundo pesquisa

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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País voltou ao Mapa da Fome em apenas dois anos: total de cidadãos em situação de insegurança alimentar grave representa 9% da população

Foto: Getty Images

Jornal GGN – A pandemia de covid-19 colocou mais da metade da população brasileira em situação de insegurança alimentar (quando alguém não tem acesso pleno e permanente a alimentos), sendo que 9% da população passa pela chamada insegurança alimentar grave. Em outras palavras: 19 milhões de brasileiros estão passando fome.

A conclusão é do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, desenvolvido pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN), como parte do projeto VigiSAN.

O levantamento foi realizado em 2.180 domicílios nas cinco regiões do país, em áreas urbanas e rurais, entre os dias 5 e 24 de dezembro de 2020. Nos três meses anteriores à coleta de dados, 44,8% dos lares tinham seus moradores e suas moradoras em situação de segurança alimentar.

Ou seja: em 55,2% dos domicílios os habitantes conviviam com a insegurança alimentar, um aumento de 54% desde 2018 (36,7%). Em números absolutos, 116,8 milhões de brasileiros não tinham acesso pleno e permanente a alimentos no período de análise.

Desse total, 43,4 milhões (20,5% da população) não contavam com alimentos em quantidade suficiente (insegurança alimentar moderada ou grave) e 19,1 milhões (9% da população) estavam passando fome (insegurança alimentar grave).

Fome retorna aos níveis pré-Fome Zero

O levantamento confirma ainda que o país voltou aos níveis de fome vistos antes da adoção da estratégia Fome Zero: entre 2013 e 2018, segundo dados da PNAD e da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), a insegurança alimentar grave teve um crescimento de 8,0% ao ano. A partir daí, a aceleração foi ainda mais intensa: de 2018 a 2020, como mostra a pesquisa VigiSAN, o aumento da fome foi de 27,6%.

A queda da fome no Brasil foi mais expressiva entre 2004 e 2013, por conta do Fome Zero. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), a parcela da população em situação de fome em 2013 havia caído para 4,2% – o nível mais baixo até então. Isso fez com que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura finalmente excluísse o Brasil do Mapa da Fome que divulgava periodicamente.

Mas esse sucesso na garantia do direito humano à alimentação adequada e saudável foi anulado. Os números atuais são mais do que o dobro dos observados em 2009. E o retrocesso mais acentuado se deu nos últimos dois anos.

Ou seja: em apenas dois anos, o número de pessoas em situação de insegurança alimentar grave saltou de 10,3 milhões para 19,1 milhões. Nesse período, quase 9 milhões de brasileiros e brasileiras passaram a ter a experiência da fome em seu dia a dia.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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