A montanha entre nós, por Fábio de Oliveira Ribeiro

A montanha entre nós

por Fábio de Oliveira Ribeiro

O título do filme poderia ser outro. Afinal, a montanha que estava entre os personagens aproximou-os.

Negro na branca. Este é um belo filme que certamente será odiado pelos racistas declarados ou não. Mas a beleza da obra não pode ser situada na rejeição do racismo e sim na afirmação do que há de profundamente humano em qualquer pessoa: fragilidade física e trauma psicológico.

Cada personagem encarna um desses aspectos. O que os aproxima não é apenas a necessidade, mas a empatia. Fisicamente machucada por causa do acidente, Alex (a fotógrafa branca) demonstra mais desejo de sobreviver. Fisicamente inteiro, Ben (o médico negro) resiste a fazer o que deve ser feito.

Ao longo do filme os papéis se invertem. Ben supera suas fraquezas psicológicas e sofre uma grave lesão. Alex é obrigada a superar as limitações físicas para salvar o companheiro. Antes disso ambos haviam se tornado íntimos.

Branca no negro. Quem toma a iniciativa do contato físico é Alex. Ben se deixa levar. A atitude dele é politicamente correta, mas para os racistas a cena erótica do filme será considera intolerável.

A intolerância dos racistas é crime. Mas nem sempre foi assim. No Brasil escravocrata a conduta de Ben seria considerada criminosa. Naquela época manter o escravo negro relações carnais com mulher branca era tipificado como estupro. A violencia era presumida, sendo irrelevante o consentimento e mesmo a iniciativa de Alex.

Curiosamente,  no Brasil os racistas tambem são contra o aborto em quaisquer circunstâncias. Eles querem revogar a regra do Código Penal que permite à mulher estuprada se livrar do feto indesejado que resultou da violência criminosa. Impossível dizer o que eles mesmos fariam se suas esposas ficassem grávidas de um negro  após seguir o exemplo de Alex.

A união de Ben e Alex na adversidade se torna um desencontro quando ambos retornam á civilização. Ela volta para o noivo, ele retorna à solidão em que se encontrava. Algum tempo depois eles se reencontram, mas algo os separa.

O ódio ao “outro” precisa ser aprendido e alimentado. Portanto, o racismo é um estupro intelectual. E o resultado desta violência não fere apenas a vítima do racista. Ele fere mortalmente o que existia de humano dentro do próprio racista, reduzindo sua sensibilidade estética. Isto explica porque Willian Waack e seus amigos Rachel Sheherazade, Demétrio Magnoli et caterva irão odiar o final do filme que eu comentei.

Fábio de Oliveira Ribeiro

3 Comentários

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  1. Fabio, fui ver este filme, é

    Fabio, fui ver este filme, é muito ruim. Um filme extremamente machista e não trata nada da questão racista a não ser pelo fato do heroi ser um negro

  2. Nada de racismo ou coisas que

    Nada de racismo ou coisas que tais,não sou disso.O filme é uma droga pior do que aquelas que o Mineirinho gosta.

  3. comentario

    A fotografia é impecável, ao igual que a edição. Sem dúvida voltaria a ver este filme! Recebeu muitas criticas, pessoalmente eu acho que é um filme que nos prende. O êxito do filme se deve muito ao grande elenco que é bastante conhecido pelo seu grande trabalho. Idris Elba esta impecável no filme A torre negra. Ele sempre surpreende com os seus papeis, pois se mete de cabeça nas suas atuações e contagia profundamente a todos com as suas emoções. Adoro porque sua atuação não é forçada em absoluto. Seguramente o êxito de filmes com Idris Elba deve-se a auas expressões faciais, movimentos, a maneira como chora, ri, ama, tudo parece puramente genuíno. Mais detalhes aqui: https://br.hbomax.tv/movie/TTL608754/A-Torre-Negra  Este ator nos deixa outro projeto de qualidade, de todas as suas filmografias essa é a que eu mais gostei, acho que deve ser a grande variedade de talentos. A fotografia é impecável, ao igual que a edição. Sem dúvida voltaria a ver este filme!

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