Os militares, do Iluminismo ao terraplanismo, por Luis Nassif

Como Mourão está fazendo o mesmo curso intensivo de história do Eduardo Bolsonaro, confundiu as bolas e transformou as capitanias hereditárias em exemplo de empreendedorismo.

Reparem no raciocínio do vice-presidente Hamilton Mourão.

1. A Escola de Sagres, criada por Dom Henrique, Infante, foi um movimento de alta tecnologia, que projetou Portugal pelos séculos seguintes. Permitiu dominar a técnica da navegação, a construção de navios, a contabilidade das viagens. Empreendedorismo nato.

2. As capitanias hereditárias estão na raiz do patrimonialismo brasileiro. Enquanto os Estados Unidos abriam a possibilidade de propriedade da terra para os pioneiros, e a Argentina conquistava os pampas com os terratenientes, as capitanias estratificaram a propriedade da terra, foram responsáveis pelos latifúndios improdutivos, impediram o desenvolvimento de várias regiões do país, especialmente o Nordeste. Ou seja, antiempreendorismo nato.

Como Mourão está fazendo o mesmo curso intensivo de história do Eduardo Bolsonaro, confundiu as bolas e transformou as capitanias hereditárias em exemplo de empreendedorismo.

Some-se a visão rasa do general Alberto Heleno para se imaginar as Forças Armadas como um conciliábulo de terraplanistas. Não é bem assim. Os institutos militares têm formado engenheiros e tecnológos de alto nível.

E historicamente, não foi assim.

Os iluministas da República

O livro “Forças Armadas e Política no Brasil”, de José Murilo de Carvalho, tem um capitulo sobre a formação intelectual dos militares no período da Abolição e da Proclamação. Havia uma formação ampla, humanista, uma fé inabalável na ciência, estudo das escolas de pensamento, criando verdadeiros bacharéis fardados, com uma diferença. Os bacharéis civis provinham de famílias abastadas e iam buscar colocação no serviço público. Os militares vinham de famílias de militares e de baixa renda, portanto com uma visão de país diferente do patrimonialismo histórico.

Abaixo, alguns trechos do livro:

Separada da Escola Central, que, sob o nome de Politécnica, se encarregou do ensino da engenharia civil, a Escola Militar continuou a dar ênfase ao ensino das ciências e da engenharia. A quem completasse os cinco anos do curso, como foi o caso de Euclides, era concedido o diploma de bacharel em matemática e ciências físicas e naturais, um título nada militar. Sua importância na formação de Euclides foi muito grande. Buscarei resumi-la distinguindo quatro dimensões, a cultural, a intelectual, a política e a social.
Pelo lado cultural, paralelamente às matérias do curso, fortemente centradas nas matemáticas, engenharias e ciências da natureza, os alunos desenvolviam intensa atividade extracurricular em sociedades, clubes e revistas literárias. As revistas eram porta-vozes dos clubes. Destacaram-se, por ordem cronológica, a Phenix Literária (1878), a Club Acadêmico (1879), e a Revista da Família Acadêmica (1886).

A Revista do Club Acadêmico não destoava e publicava trabalhos sobre “A morte do amor”. A Revista da Família Acadêmica, de cuja direção fazia parte Cândido Mariano da Silva (Rondon), falava sobre “Evolução cósmica”, “H. Spencer e o evolucionismo”, “Concepção de Leibniz”.

Um dos mais destacados atores militares foi o futuro marechal Setembrino de Carvalho, ministro da Guerra de Artur Bernardes. Era tal o entusiasmo dos alunos pelo teatro e pelas atrizes que certa vez tomaram o lugar dos cavalos que puxavam a carruagem de Sarah Bernhardt.

Depoimentos de ex-alunos da época de Euclides garantem mesmo que o maxixe teria sido inventado lá dentro nos caroços, que vinham a ser bailes em que dançavam cadetes vestidos de homem com cadetes vestidos de mulher.[ 5] Fico imaginando uma parada militar ao ritmo de um maxixe.

As correntes mais populares eram o positivismo e o evolucionismo, com seus respectivos gurus, o francês Auguste Comte, os britânicos Charles Darwin e Herbert Spencer, e o alemão Ernest Haeckel. A juventude estudantil militar era dominada por crença fanática no poder da ciência. Esse cientificismo, partindo das ciências exatas e da biologia, estendia-se à sociedade, como doutrinavam Comte e Spencer.

A sociedade, ou, no caso de Comte, a Humanidade com H maiúsculo, eram governadas por leis tão rígidas quanto as da biologia ou da astronomia.

A faceta política da Escola é mais conhecida porque é um componente da conjuntura que vivia o país na segunda metade da década de 1880. A Escola Militar, as outras escolas superiores, a imprensa, o mundo político, todos discutiam a abolição e, sobretudo depois de 1888, a República. Os militares envolveram-se ainda no que ficou conhecido como a Questão Militar.

O abolicionismo lá chegou já em 1880, quando foi criada uma Sociedade Emancipadora que fazia propaganda e coletava fundos para a libertação de escravos. Em 1883, ela se uniu a outras sociedades dedicadas à mesma causa para fundar a Confederação Abolicionista. Em 1887, os alunos publicaram por conta própria um discurso de Rui Barbosa pronunciado na Confederação Abolicionista, aplaudindo a adesão do Exército à causa da libertação dos escravos.

Mais contundente foi o apelo que o Clube Militar dirigiu ao governo, em 1887, assinado por seu presidente, o então general Deodoro, solicitando que o Exército não fosse empregado na captura de escravos fugidos.

Os alunos da Escola foram ainda mais longe. Segundo alguns depoimentos, eles teriam desenvolvido ação semelhante à dos caifazes de Antônio Bento em São Paulo: furtavam escravos, escondiam-nos em suas repúblicas e os enviavam para o Norte.[ 7]

Os alunos da Escola foram ainda mais longe. Segundo alguns depoimentos, eles teriam desenvolvido ação semelhante à dos caifazes de Antônio Bento em São Paulo: furtavam escravos, escondiam-nos em suas repúblicas e os enviavam para o Norte.[ 7]

Entre os principais incentivadores do conflito estava  a mocidade da Escola Militar e agora também da Escola Superior de Guerra, criada em 1889 para abrigar os alunos dos dois últimos anos do curso da Praia Vermelha.

Veio de outro ex-aluno, contemporâneo e amigo de Euclides, Alberto Rangel, a definição da Escola como “uma academia em um quartel”. Os alunos referiam-se em geral a ela como Tabernáculo da Ciência, título que lembra o de Sorbonne usado para designar a moderna Escola Superior de Guerra. Suspeito que meu saudoso professor Francisco Iglésias se referiria às duas designações com um adjetivo que só dele ouvi: desfrutáveis.

Os terraplanistas do século 21

Extraído do artigo “Xadrez da ultradireita e o pensamento militar” sobre os intelectuais que fazem a cabeça de Alberto Heleno e Hamilton Mourão.

É por esses mares que singra o barco do general Coutinho.

De acordo com Costa Pinto, para o Gal. Coutinho os socialistas e comunistas (internacionais e nacionais) estariam infiltrados no discurso do politicamente correto:

1) nos partidos como FHC (vinculado ao fabianismo que teria como importantes representantes Soros, David Rockefeller, Bill Clinton, entre outros) e como o Lula (articulado com Fidel Castro organizados do Foro de São Paulo);

2) nas ONG´s;

3) nas escolas e Universidades;

4) nos meios de comunicação;

5) nas manifestações artísticas;

6) nos movimentos sociais (ambientalistas, movimento negro, LGBT, MST, etc..).

Nas palavras de Coutinho “os movimentos alternativos e de minorias são estimulados ou mesmo criados pelas organizações de esquerda revolucionária como componente auxiliar da luta de classes (aprofundamento das contradições internas) e como elemento ativo da ‘desconstrução’ da família tradicional e dos valores da civilização ocidental cristã”. ”

No plano internacional, além do apoio das ONGs, se valeriam da própria Organização das Nações Unidas (ONU) para favorecer regimes nacionais de esquerda e movimentos revolucionários em países do Terceiro Mundo.

É em cima dessa barafunda teórica, que o movimento alt-right, e seus sucedâneos tupiniquins, conseguem transmudar movimentos pacíficos, de defesa dos direitos humanos, em ameaças revolucionárias que precisam ser combatidas no plano cultural e com repressão política.

Luis Nassif

34 Comentários

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  1. Como disse o Caetano, via Instagram, o Brasil é muito, é uma grande diversidade, é rico. Por isso a reação é grande: porque, sendo muito, não pode dar certo : dando certo, seria muito. ..
    ……..

    Temos que aguentar esses traças abecedarianos .

    Os abecedarianos foram uma seita cristã alemã do século XVI que defendia o analfabetismo. O ponto principal de sua doutrina era o fato de que todo o conhecimento humano, inclusive o alfabeto é desnecessário e supérfluo. Wikipédia

  2. Como disse o Caetano, via Instagram, o Brasil é muito, é uma grande diversidade, é rico. Por isso a reação é grande: porque, sendo muito, não pode dar certo : dando certo, seria muito. …….
    ……..
    …….
    Temos que aguentar esses traças abecedarianos .

    Os abecedarianos foram uma seita cristã alemã do século XVI que defendia o analfabetismo. O ponto principal de sua doutrina era o fato de que todo o conhecimento humano, inclusive o alfabeto é desnecessário e supérfluo. Wikipédia

  3. considerações soltas
    -segundo DILMA (confirmado em dados) uma escola militar custa TRÊS vezes mais que uma regular.
    -Penso que parte da IGNORÂNCIA plantada e insuflada nas casernas deve-se ao golpe de 64 e sua ruptura abrupta, quando então os militares se mantiveram afastados (marginalizados) e longe dos anseios da sociedade civil.
    -Ver que as FFAA mantém hoje, em seus quadros, gente com o calibre moral e intelectual, com os valores do “Capetão”, de heleno ou Mourão, chega a dar medo (ou um misto de NOJO)
    ..como pode, reflito, essa turma manter sob si a missão de tomar conta do BRASIL, e pior, de portar armas e ameaçando apontá-la IMPUNEMENTE contra sua própria gente ..jesus ?!
    TALVEZ um dos grandes erros foi a academia e escolas de base (civil e militares) não colocarem em seu curriculo a aprendizagem sobre a CONSTITUIÇÃO do BRASIL, nossa história (sobre nossos heróis), sobre o que é o Estado de Direito ..do porque a NAÇÃO não pode permitir que correntes desafetas à democracia vinguem e SE PRONUNCIEM atentando contra a vontade e direito do povo..
    ..enfim, talvez, se as FFAA brasileiras e seus membros tivessem aprendido a respeitar a sociedade civil, e esta, a eles militares, talvez o país não estivesse vivendo este MAR DE DESESPERANÇA e fracionamento que hoje vemos.
    pior que dessa ruptura quem acaba ganhando são sempre os mesmos, os ESTRANGEIROS ..em especial, os americanos

  4. A “guerra” desse pessoal é contra os “comunistas”…por decorrência, contra o PT, PT, PT. Eles não têm é mais o que fazer, alem de mandar pintar arvore e meio fio, dar ordem unida e outras bobagens… Nem dar tiro esses caras sabem. Meu pai foi instrutor de tiro na Marinha. E o que aprendeu, ele dizia, foi fora: desde moleque andava de 38 naqueles cintos com coldre e cartucheira.

    1. É uma coisa de doido. Ignoram a própria história militar. Pra esses tapados, o Brasil mandou tropas pra Europa na Segunda Guerra a passeio. Não fazem idéia do motivo. A Carta de 48, da Declaração Universal Dos Direitos Humanos, foi o marco da vitória das sociedade liberal democráticas contra o nazifascismo. Aqui, pra esses estúpidos, Direitos Humanos sao coisa de “comunista”…

      Meu deuxxx!

  5. O Exército historicamente é utilizado pela elite econômica de cada época para destruir movimentos sociais legítimos, matando brasileiros:
    (1) o Exército agia como “capitão de mato” na captura de escravos rebeldes, a serviço dos barões do café.
    (2) O Exército destruiu Canudos, matando milhares de brasileiros, defendendo interesses dos fazendeiros nordestinos
    (3) o Exército dizimou milhares de agricultores no Contestado, defendendo interesses econômicos da Brazil Railway Company e Southern Brazil Lumber & Colonization Company.
    (4) o Exército comandou a Ditadura Militar de 64, defendendo interesses geopolíticos dos EUA.
    (5) recentemente, o general Villas Boas ameaçou o STF e o TSE com 300 MIL militares armados, tendo como objetivo a eleição de Bolsonaro. Além disso, o Exército designou um general para ser formalmente subordinado ao Comando Sul do Exército dos EUA.
    Acredito que as Escolas Militares formem engenheiros e tecnólogos capacitados ao “estado da arte”. Porém, seus comandantes são todos entreguistas e alguns são imbecis. Os generais Mourão e Augusto Heleno fazem parte do grupo dos imbecis. Villas Boas e Sergio Etchegoyen são exemplos de ilustrados entreguistas.
    Há militares nacionalistas nas Forças Armadas ?

  6. Esses generais da banda que subiram no palco envergonham três personagens históricos que passaram pelas fileiras do Exército, dois que honraram a Força Aérea e um que engrandeceu a Marinha: Euclides da Cunha, Luis Carlos Prestes e Carlos Lamarca, Casimiro Montenegro Filho, Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho e Othon Luiz Pinheiro da Silva. Eles se destacaram pela luta em favor do Brasil, do povo brasileiro e da independência política e científica do nosso país. Perto desses gigantes, Mourão e Alberto Heleno são baratinhas nos ombros de anões.

  7. uma das fontes imprescindíveis para compreender os Generais Bolsonarianos é um de seus livros de cabeceira: “Orvil”.

    (link: https://www.averdadesufocada.com/images/orvil/orvil_completo.pdf)

    como no título já está dado, trata-se da descrição de um mundo de cabeça para baixo e terraplanado.

    perfeitamente narrado para se encaixar numa moldura que faz das FFAA brasileiras a guardiã da liberdade na luta sem tréguas contra o comunismo.

    em “Orvil” estão sequenciadas as 4 tentativas de tomada de poder no Brasil pelos comunistas: a Intentona de 1935, o período pré 1964, a luta armada e a redemocratização.

    conforme avaliação apresentada no livro, a 4a. tentativa de tomada do poder, pós redemocratização e pela via parlamentar, é: “a mais perigosa e, por isso, a mais importante”.

    ainda seguindo o exposto em “Orvil”:

    – após a autocrítica de sua derrota na luta armada, as diferentes organizações comunistas mudaram de estratégia, optando por um trabalho de massas;

    – este trabalho de massas se deu através de agitação, propaganda, recrutamento, infiltração, valendo-se todos os meios de comunicação social a fim de conquistar corações e mentes da população brasileira.

    ou seja: “marxismo cultural”.

    vivemos em tempos de radicalidade. uma circunstância que a História nos impôs.

    uma radicalidade que forçará a todos o abandono incontornável de todas ilusões.

    as ilusões quanto a Democracia Liberal, da qual o Capitalismo não mais necessita, sendo mesmo a este um entrave em seu incontrolável apetite por acumulação.

    as ilusões quanto a via parlamentar e institucional; as ilusões quanto a uma “burguesia nacional”; as ilusões com salvadores da pátria; as ilusões quanto a qualquer mínima possibilidade de diminutas condições de justiça e igualdade nos marcos do Capitalismo.

    mas a História é implacável.

    também os Generais e seus comandados perderão suas ilusões. conhecerão mais uma vez a dimensão infinita de seus enganos e o poço sem fundo de sua incompetência.

    a História está fazendo seu acerto de contas.

    foi preciso que os Porões da Ditadura assumissem, sem intermediários, o Palácio do Planalto para gerar o impensável, o maior de todos os pesadelos dos Generais: o momento Chávez.

    o definitivo capítulo de “Orvil”.
    .

    1. Ora ora dona Aurora,quem é vivo sempre aparece.Meu amigo arkx,que reaparece com o singelo sobrenome de Brasil.Tudo bem com você?Onde diabos você tirou essa triste ideia de
      sobrinominar-se de Brasil?Se se coloca-se Arks Pau Brasil,Roberto Vagalume Barroso o receberia extra agenda.Eu não recomendaria Arks Santa Cruz por que suas chances de ser readimitido como Ministro de Bozo,seria próximo a zero.

  8. É seu Nassif, a sociedade pagando para ter este bando de reacionários medíocres em posições de mando. Acho que as forças armadas precisam ser repensadas, estão longe de ter capacidade de prover defesa do país.

    O chefe da segurança institucional do planalto foi vice-presidente do comite organizador das olimpíadas. Nunca percebeu corrupção que grassava solta ali, estava indignado com a corrupção do pt e do perigoso foro de são paulo. Sob sua responsabilidade um membro da equipe é preso com 40 quilos de cocaína em viagem internacional da comitiva presidencial !!
    Na comitiva dste presidente que promete acabar com os bandidos a bala enquanto eles fazem uso do avião e da segurança presidencial.

    A presidenta foi espionada, a petrobras foi espionada, autoridades foram espionadas, conversa da presidenta foi violada. Eles não sabiam, nada aconteceu, procuravam comunista debaixo da cama por certo. O trabalho deles eles não fazem, e ficam querendo dar palpite no que não tem nem ideia nem formação para tal.

    Este projeto para a amazônia, que saiu pelas metades no intercept, beira o delírio, avisa para eles que o dinheiro das contribuições da previdência, o dinheiro que financiou o milagre, agora vai para banco, e eles não vão abrir mão. O que precisa de defesa é o pré-sal, isto sim tem valor.

  9. Não existe nada mais inútil e caro do que manter as forças armadas num país cuja elite não tem a mínima noção de geopolítica e economia política. O único e indisfarçável motivo de manter esses parasitas é, como se sabe, a segurança dos ricos e dos interesses estratégicos estrangeiros no Brasil.

    Se você estudar a trajetória das forças armadas brasileiras vai ficar chocado ao saber que a maior parte de sua história esta ligado à golpes de estado, quarteladas e subserviência ao pensamento militar norte-americano.

    Ou seja, nós pobres contribuintes financiamos uma máquina cujo escopo principal é manter a pobretada, os insurgentes e desafetos da globo e cia. sob controle.

  10. Mas sera o Benedito! No Brasil até as FFAA é uma jaboticaba: não é nacionalista… Daqui a pouco o Mourão vai dizer I love you Trump too.

    Gostei da descrição que faz o livro sobre a formação dos militares na século XIX… Quando se ouve os “quadros” que chegaram ao poder, a gente chega a pensar que a Escola Superior de Guerra tornou-se uma escolinha do professor Mourão e cia.

  11. Já tive oportunidade de trabalhar com oficiais do Exército e Aeronáutica. Tecnicamente são muito bons, mas o pessoal da Aeronáutica e até onde eu sei da Marinha, sacaneia muito essa visão tacanha de mundo do pessoal do exército. São muito diferentes e na verdade nem fazem parte do governo bolsonaro, exceto o min. de Minas e Energia, que é um técnico e tá lá pra defender o submarino nuclear.

  12. Não sei se por lapso,mas Nassifão,para os íntimos deles e graças a Deus em plena forma,esqueceu-se do “Iluminista Roberto Barroso”.Eu enquadro-o no iluminismo do vagalume,qual seja:”Você diz que sabe muito,vagalume sabe mais,vagalume esconde a bunda coisa que ele não faz”.Para não me complicar com essa historia de bunda,deixo um aviso aos Capitães de curto,médio e longo prazo:Lula só sairá da prisão nas seguintes condições, se for:Amarrado,dopado,colocado a força dentro de uma camisa de força,ou sentença transitada em julgado,com reconhecimento de sua inocência.Fora disso,esqueçam.

  13. 1)ENGENHEIROS E TECNÓLOGOS ,FORMADOS PELAS FFAA,não me diz NADA.Conheço´dezenas de engenheiros que acreditaram e ainda acreditam muitos deles no miliciasno,então,não confundir instrução com EDUCAÇÃO.
    2) Carece qualquer membro dessa cultura formadora de alienados do ingrediente BÁSICO da EVOLUÇÃO HUMANA—–O QUESTIONAMENTO– ele é preterido em favor da hierarquía e a disciplina ,ou seja A NADA.
    3) milico ,só deve ser treinado para DEFENDER AS FRONTEIRAS CONTRA UM INIMIGO EXTERNO ,E SÓ.
    4) que produz essa cambada de “funcionários públicos” coçando o saco nos quartéis????qual a riqueza que geram para o país???? são como bandido preso,sem nada para fazer só ficam a pensar besteiras,por exemplo dar golpes de Estado.

  14. Como não lidamos corretamente com os milicos no fim da ditadura, a História vai nos dando a oportunidade de novamente resolver as coisas adiante.

    Tá mais que claro o papel deletério das várias instituições que formam a coisa pública brasuca, entre elas a ‘casta’ militar.

    Vai chegar o momento do acerto de contas e, espero, saibamos ser implacáveis desta vez.

  15. Segundo Mourão o índio é indolente e o negro malandro, como se ensinava nas escolas nos anos 60, a partir daí ele não aprendeu mais nada a não ser combater o comunismo.

  16. Durante muito tempo ainda pagaremos pelo golpe de 1964. Naquela época, ao serem vitoriosos os militares da linha dura, todo aparato de ensino das FA ficaram sob comando da linha dura militar e o resultado que vemos hoje em dia é isso. Esse foi o evento chave para o descarrilhamento do pensamento militar e em nenhum momento depois, nenhum governo civil mudou esse quadro.

  17. Prezados Nassif e camaradas

    Fiz uma “pesquisa” (porca) no Google, e o único livro que aparece deste sujeito é “A revolução Gramscista No ocidente”.
    Será que o astrólogo (que, utilizando seu linguajar, que utiliza supositórios de LSD para preparar suas “aulas”) exilado na Virgínia leu este livro para se inspirara em suas asneiras?
    E , como vocês disseram, será que foi a internet (que trás conhecimento, mas também muita asneira, preconceito, idiotia e burrice na veia) que reduziu a ESG a uma seita olavista? Não é possível que mourão, heleno e villas-boas sejam a representação de nosso exército; deve haver gente lúcida e inteligente lá; não tipo como estes que querem apenas dinheiro e status

  18. Prezado senhor Luis Nassif

    Visto farda a 35 anos, servi em praticamente todo o território nacional, servi no exterior, servi na Africa, vi e assisti presencialmente a derrocada da engenharia nacional, vi a “nossa’ substituição por chineses, Walvis bay por exemplo, onde há até uma certa “territorialidade” chinesa, por franceses e dinamarqueses. Tudo destruído pela “síndrome da varanda Gourmet”, agora em Miami também…

    As sucessivas vitórias petistas trouxe um sentimento de corpo dúbio e extremamente curioso, na caserna, profissionais de ESTADO e entusiasmados com o que se pronuncia e se anunciava, a modernização, a profissionalização do estamento. A dubiedade vem de “nossa” origem social, a tal classe média tão proclamada e martelada pela mídia- JP, CBN e J 10…
    Se não tenho votos…
    “Eu os identifico a todos, e são muitos deles, os mesmos que, desde 1930, como vivandeiras – os terraços – vem aos bivaques bulir com os granadeiros e provocar extravagâncias do poder militar”.

    As vivandeiras sumiram dos quarteis em 1985 e mudaram para o Leblon, para a casa das Garças.
    Carlos Lacerda foi uma grande vivandeira, 1954/1964, e acabou preso em 1968, agora temos nos dias atuais, a contestação da eleição de 2014, o ápice destas vivandeiras e quase foi preso.

    Assim como em 1985, mais dia, menos dia, a turma do Leblon e da Faria Lima nos deixará mais uma vez com brocha na mão e vão beber champanhe com o returno.

    Há um deslumbramento de classe, não necessariamente de poder. Há uma ginastica, um contorcionismo intelectual dos preparados e a queda da fantasia dos despreparados de visão binaria para a aceitação social dos vivandados.

    Já na baixa oficialidade, o caso é serio… E preocupante.

  19. O quadro mostrado por José Murilo De Carvalho – acadêmico e ilustre filho da cidade de Andrelândia (acho que essa nem o Nasif conhece… rs) – é datado.
    Realidade extinta com a República, o clima progressista e científico descrito foi permitido e estimulado pelo Império. Para uma metáfora útil, contrastar as pessoas de D.Pedro II x Floriano Peixoto.
    É uma pena que muitos líderes militares da época tenham traído o juramento de lealdade que fizeram ao Brasil e ao seu Povo, na figura de nosso Chefe de Estado, o Imperador. Quebrado o tabu, foram soltas as rédeas para tudo o que assistimos depois, sendo Canudos apenas o começo.

  20. Caro Nassif ,vivemos tempo de trevas, talvez isto explique a grande massa de “olavistas nas carreiras militares, principalmente os mais aficionados pela política de viés nazifascista. Diferente de 64, não mais existe nem a sorbone de Castelo ou a liderança de Henrique Lott. Aí que o bicho pega. Restou a turma de bolsonaristas, desvalorizada no passado nas forças armadas

  21. Nassif, tome este parágrafo de seu texto: Some-se a visão rasa do general Alberto Heleno para se imaginar as Forças Armadas como um conciliábulo de terraplanistas. Não é bem assim. Os institutos militares têm formado engenheiros e tecnólogos de alto nível.
    Eu trabalho em uma universidade, em meio a doutores. Com o tempo, a gente percebe colegas doutores nas mais diversas linhas da academia com a cabeça do gen. Heleno. A verdade é que há uma fração da humanidade que não se submete à realidade e à razão. Eles filtram a realidade e trocam a razão por convicções muitas vezes formadas na juventude. A realidade filtrada apenas confirma suas convicções. Assim, o tempo consolida ainda mais essas convicções. Observo que há um certo número de pessoas com essa característica, independente da ideologia, da idade, religião, gênero e formação.
    Creio que uma formação inadequada apenas piora o problema, pois acreditam que a escola certificou aquilo em que acreditava, ou que aquilo que pensa é chancelado pela técnica e pela ciência.
    As FFAA passaram por um processo de limpeza ideológica. Depois de 64, eliminaram quem pudesse exibir comportamento que fosse interpretado como de esquerda. A ala reacionária que deu o golpe promoveu a purificação ideológica e se encarregou de alinhar as escolas militares segundo seu pensamento. Antes havia gente como o Mal. Henrique Lott, nacionalista e legalista. Quando morreu, em 1989, não teve sequer um enterro com honras militares. Um recado e um sinal muito significativo. O resultado é que a cúpula do exército hoje é homogeneamente reacionária. Não há sequer nacionalistas. A prova disso está no silêncio diante da alienação de segmentos estratégicos da economia e da tecnologia nacionais.
    O pior é perceber que quem veio depois foi formado por essa gente. Isto significa que o pior ainda está por vir.

  22. Além da ótima citação do Nassif que é o José Murilo de Carvalho, há um livro que contribui bastante com essa discussão, pois enfoca a mesma questão intelectual entre civis e militares:
    Angela ALONSO. Ideias em movimento: a geração 1870 na crise do Brasil-Império. São Paulo, Paz e Terra, 2002.
    O texto ajuda a compreender o que para mim está na raiz do problema que temos nas Forças Armadas brasileiras: o ressentimento dos militares para com os civis.
    Nassif apontou isso muito bem: “Os bacharéis civis provinham de famílias abastadas e iam buscar colocação no serviço público. Os militares vinham de famílias de militares e de baixa renda, portanto com uma visão de país diferente do patrimonialismo histórico”.
    Ainda hoje as Forças Armadas são oportunidade de ascensão social para as famílias de baixa renda, o que as tornam presas fáceis das doutrinas da época.
    Há que se considerar também que antes da Independência em 1822, os militares obedeciam a comandos portugueses para manter a Colônia em pé. Depois do “grito do Ipiranga”, passamos a ter comandos (supostamente) brasileiros para lutar contra os próprios brasileiros, ou seja, forças armadas com funcionamento dúbio, que ninguém sabe a quem eles obedecem, a portugueses ou brasileiros naquela época, e hoje a brasileiros ou a norte-americanos.
    Faltou falar na vergonhosa Guerra contra o Paraguai, uma covardia histórica do Exército brasileiro, que muitos deles preferem nem lembrar. Depois que Argentina e Uruguai abandonaram o confronto, assim como o nosso próprio Duque de Caxias, nossos soldados, quase todos pretos,
    pardos e índios, ficaram em campo lutando contra crianças, mulheres e idosos, até o extermínio quase completo da população guarani-paraguaia.
    Quando voltaram ao Brasil, esfarrapados, encontraram um Império em ruínas, sem comando e sem grana para recompensá-los pela “vitória”.
    Oportunidade perfeita para o golpe da República.

    Quando você for convidado pra subir no adro
    Da fundação casa de Jorge Amado
    Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
    Dando porrada na nuca de malandros pretos
    De ladrões mulatos e outros quase brancos
    Tratados como pretos
    Só pra mostrar aos outros quase pretos
    (E são quase todos pretos)
    E aos quase brancos pobres como pretos
    Como é que pretos, pobres e mulatos
    E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados…

    Haiti – Caetano Veloso

    1. Acertou o ponto. E agora, com os concurseiros do MP, Bacen, Rf e o próprio congresso, a origem social da tropa “baixou” ainda mais.
      Antes eram filhos de oficiais, agora sub-oficiais e praças.

      Fácil observar na cerimonias de formatura.

  23. Além da ótima citação do Nassif que é o José Murilo de Carvalho, há um livro que contribui bastante com essa discussão, pois enfoca a mesma questão intelectual entre civis e militares:
    Angela ALONSO. Ideias em movimento: a geração 1870 na crise do Brasil-Império. São Paulo, Paz e Terra, 2002.
    O texto ajuda a compreender o que para mim está na raiz do problema que temos nas Forças Armadas brasileiras: o ressentimento dos militares para com os civis.
    Nassif tangenciou isso muito bem: “Os bacharéis civis provinham de famílias abastadas e iam buscar colocação no serviço público. Os militares vinham de famílias de militares e de baixa renda, portanto com uma visão de país diferente do patrimonialismo histórico”.
    Ainda hoje as Forças Armadas são oportunidade de ascensão social e econômica para as famílias de baixa renda, o que as tornam presas fáceis das doutrinas da época.
    Há que se considerar também que antes da Independência em 1822, os militares obedeciam a comandos portugueses para manter a Colônia em pé.
    Depois do “grito do Ipiranga”, passamos a ter comandos (supostamente) brasileiros para lutar contra os próprios brasileiros, ou seja, forças armadas com funcionamento dúbio, que ninguém sabe a quem eles obedecem, a portugueses ou brasileiros naquela época, e hoje a brasileiros ou a norte-americanos.
    Faltou falar na vergonhosa Guerra contra o Paraguai, uma covardia histórica do Exército brasileiro, que muitos deles preferem nem lembrar. Depois que Argentina e Uruguai abandonaram o confronto, assim como o nosso próprio Duque de Caxias, nossos soldados, quase todos pretos,
    pardos e índios, ficaram em campo lutando contra crianças, mulheres e idosos, até o extermínio quase completo da população guarani-paraguaia.
    Quando voltaram ao Brasil, esfarrapados, encontraram um Império em ruínas, sem comando e sem grana para recompensá-los pela “vitória”.
    Oportunidade perfeita para o golpe da República.

    “Quando você for convidado pra subir no adro Da fundação casa de Jorge Amado
    Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
    Dando porrada na nuca de malandros pretos
    De ladrões mulatos e outros quase brancos
    Tratados como pretos
    Só pra mostrar aos outros quase pretos
    (E são quase todos pretos)
    E aos quase brancos pobres como pretos
    Como é que pretos, pobres e mulatos
    E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados”…
    Haiti – Caetano Veloso

  24. Conheci alguns militares reformados ao longo da vida. Alguns deles eram pitorescos, outros confusos.

    Nesse em quem estou pensando agora, ao deixar o exército perdeu toda a sua autonomia. O que ele nunca teve lá continuou sem ter na vida civil.

    O cara estava tão acostumado a obedecer ordens que desaprendeu a se comportar de maneira autônoma. Colocou um negócio em sociedade com o irmão, mas nada fazia sem a autorização do mesmo, a quem chamava de “meu comandante”.

    Uma vez ele notou que a gasolina do carro estava acabando. Parou o carro em um posto de gasolina praticamento colado a um grande restaurante-lanchonete. Sabia que o irmão passaria por ali, e mesmo com um cartão de crédito na carteira resolveu esperá-lo para obter consentimento para reabastecer o carro.

    Um outro, também reformado, foi trabalhar como mergulhador para a Petrobrás.

    Um dia mergulhou muito fundo e apressão elevada deixou ele mouco de um ouvido. Ele teria sido colocado para fora da corporação militar por ter visitado, sem autorização, um país dentro da antiga Cortina de Ferro para saber como funcionava o comunismo.

    Um terceiro era meu primo. Quando soldado ele era dono de uma lambreta, e isso causava muita inveja nos soldados mais antigos. Nas forças armadas antiguidade é posto.

    E quando no quartel roubaram o coturno desse meu primo, o sargento a quem foi prestado queixa disse quase gritando “te vira”. O “te vira” era uma autorização não escrita para que meu primo agisse da mesma forma, ou seja, que roubasse um coturno de um outro soldado.

    Eu não queria servir e não servi. NÃO houve nada de corrupção nem de compra de reservista. Meu filho também não queria servir e não serviu. Expliquei para ele como deveria agir para não ser recrutado. Não temos vocação para levar grito, ora!

  25. dessa aman não sai nada q q acrescente.. é só gente doutrinada pelos eua.. só se salvam a saúde (q nem é militar) e a engenharia… acabou a guerra do paraguai e o exército largou o dom pedro ii e adotou seu novo amo os ricos e agora involuiram para entreguistas. Ora, o caminho é imitar a costa rica

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