A mudança no transporte ferroviário

Coluna Econômica

Um estudo de Neuroci Antonio Frizzo, presidente da Ferroeste, traz análises relevantes para entender a matriz de transportes no Brasil.

Ainda hoje, 65% das cargas são transportadas em rodovias. Como país continental, há a necessidade de uma matriz de transportes que contemple hidrovias, cabotagem e ferrovias. O caminho adequado é a multimodalidade – isto é, a integração dos diversos meios de transporte -, trabalho que vem sendo estudado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e a Valec, empresa controlada pelo Ministério dos Transportes.

Segundo o trabalho, estudos do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), especializado em projetos de consultoria, estima que o país terá necessidade de investir 5% do Produto Interno Bruto (PIB) em infraestrutura de transportes nos próximos cinco anos.

Dentre os Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) o Brasil é o último classificado no ranking infra-estrutura de transportes, segundo estatística do Banco Mundial e do World Factbook, publicação da agência do governo americano CIA (Central Intelligence Agency).

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OtreO trem terá papel relevante na mudança desse cenário. Mas o próprio Frizzo admite que o setor ainda precisa melhorar bastante. Pesquisas da Associação Nacional de Usuários do Transporte de Carga (Anut) indicam o nível recorde de 90% de insatisfação dos donos de cargas.

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Não deveria ser. Por suas características, o trem é o melhor modal para transporte de safras, commodities, insumos agrícolas e minérios.

Aí entra a multimodalidade.

Hoje em dia existem 28 mil km de linhas em operação no país, mas com amplo espaço para expansão. O Plano Nacional de Viação Ferroviária incluiu mais oito mil quilômetros de vias férreas à malha nacional.

Entram aí ferrovias de integração: a Norte-Sul, unindo o Norte e o Sul do país, e a Centro-Oeste, que ligará Goiás a Mato Grosso e Rondônia. Tem também a Oeste-Leste, entre Ilhéus, na Bahia, e Figueirópolis, no Tocantins, e a Transnordestina, passando por Pernambuco, Piauí e Ceará.

A meta é concluir essas obras até 2013. Para 2025, o DNIT trabalha com a meta das ferrovias absorverem pelo menos 32% do transporte de carga do país.

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Há uma grande mudança em andamento. Pelo novo modelo, haveria uma separação entre a infraestrutura férrea e os operadores – algo similar ao que ocorre no setor elétrico, onde a transmissão é separada da geração e da distribuição.

A infraestrutura ficaria disponível para vários operadores, circulando pelas várias linhas e pagando o chamado direito de passagem. Com isso, haveria espaço para um grande aumento da competição no setor.

O projeto foi preparado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT ), do Ministério dos Transportes e em breve será aberto à discussão pública.

Explica Rizzo que, com esse modelo, cooperativas, exportadores, importadores, empresas de transporte poderia montar sua própria estrutura de transporte e material rodante, pagando pelo uso da linha. 

Luis Nassif

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