A reação dos barra-pesadas

A reação dos barra-pesadas
Ainda há pouca sensibilidade em relação aos movimentos da opinião pública em um ambiente democrático. A não ser em períodos de catarse ampla (como no trauma pós-Torres Gêmeas), a opinião pública tende a se insurgir contra toda forma de excesso de poder. Na democracia, o sistema de pesos e contrapesos acaba operando com base nos sinais que emanam da opinião pública.

Quando surgiram os escândalos Waldomiro e “mensalão”, passaram a impressão de que Lula tentava se revestir de superpoderes. Houve uma enorme reação da opinião pública midiática.

Nos meses seguintes, a chamada grande imprensa moveu uma campanha implacável contra Lula, e dobrou o fio. Passou a sensação de que o superpoder a ser contido era o da mídia. Vários membros do governo foram caindo, passando a impressão de que o governo estava se livrando dos barra-pesadas, ao mesmo tempo em que o excessos da mídia vitimizava Lula.

O caso do dossiê da revista “IstoÉ” dá uma guinada no pêndulo. De repente, a euforia da vitória, ou sei lá o quê, passa a sensação de impunidade, que leva a essa operação desastrosa. Os fantasmas do passado, que pareciam exorcizados pelos excessos da mídia voltam a aparecer.

O episódio provavelmente não inverterá o resultado das eleições. Mas trará dificuldades quase insanáveis para o governo Lula a partir de 1º de janeiro, quando começar seu segundo mandato. Enfraquece fundamente a posição de todos aqueles que tentavam afastar o radicalismo. E só fortalece os que desejam a guerra, tanto do lado da oposição quanto do lado do PT.

O episódio, aliás, passa a idéia clara de que partiu de setores do PT que seriam alijados do jogo, na hipótese, remota, de um pacto de governabilidade. Não se sabe se a intenção foi atingir a canidatura oposicionista ou torpedear as pontes que estavam sendo lançadas por Tarso Genro, Luiz Dulci, Dilma Rousseff e outros preocupados com a governabilidade.

Mas é evidente que as entranhas do governo continuam abrigando toda sorte de barras pesadas e que dificilmente Lula irá abrir mão deles, a não ser quando descobertos em flagrante.

Luis Nassif

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