Brasil paga o preço da guerra cambial

Da Folha

Brasil pagou preço pela guerra cambial, diz diretor do BC

Em seminário neste domingo (17) no Panamá, o diretor de assuntos internacionais do Banco Central, Luiz Awazu Pereira, afirmou que existe um consenso anti-inflação na sociedade que foi dolorosamente aprendido. Reconheceu que existem riscos, mas que o Banco Central está atento.

Lembrando o que é chamado de “guerra cambial”, o diretor disse ainda que uma discussão no âmbito do G20 seria mais adequada para lidar com a volatilidade do câmbio.

Awazu participou do Latin America Economic Forum, seminário organizado pelo Institute of International Finance (IIF), dentro do âmbito da reunião anual de governadores do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), no Panamá.

Segundo Awazu, a crise financeira global trouxe evidências de que a estabilidade do sistema financeiro brasileiro seria afetada pelas condições financeiras e monetárias globais, especialmente pelo forte fluxo de capitais ao país e o consequente impacto sobre os preços dos ativos brasileiros e condições do mercado de crédito.

Awazu afirmou que o país usou instrumentos macroprudenciais para conter o aumento da liquidez, mas a economia pagou um preço em termos de percepção externa, de transparência e previsibilidade política e, talvez, em termos de percepção do próprio empresariado interno.

Awazu considera compreensível que as economias desenvolvidas levem os juros a zero e promovam planos de expansão monetária para tentar resolver seus problemas de crescimento. Países como o Brasil, afirmou, estão aptos a lidar com isso usando ferramentas para conter esses efeitos.

Ele, no entanto, disse que a combinação é arriscada, e não favorece o bem-estar global. Uma discussão no âmbito do G20, ressaltou, seria mais adequada para lidar com a volatilidade cambial atual tanto nos países desenvolvidos quanto nos países emergentes.

Segundo o diretor do BC, essa discussão deveria considerar um quadro de melhor coordenação e equilíbrio entre os países.

PRODUTIVIDADE
Awazu disse que o Brasil não caiu na armadilha do baixo crescimento, mas que para se manter longe dessa possibilidade a palavra é produtividade.

Segundo ele, alguns pontos contam a favor do país: a alta produtividade no segmento de commodities, espaço para maior inclusão social e a atenção maior aos riscos de não diversificação da economia, além dos esforços para aumentar o potencial dos fatores de produtividade da economia.

Ele lembrou o extenso programa de concessões conduzido em portos, aeroportos, ferrovias e rodovias e citou o capital humano como uma chave para absorver mudanças tecnológicas e aumentar a produtividade além do setor de commodities.

Disse ainda que houve redução do custos dos fatores de produção por meio de reduções tributárias e cortes nas tarifas de energia elétrica.

JANELA DE OPORTUNIDADE
Para Awazu, o Brasil encontra uma janela de oportunidade para continuar trabalhando em reformas enquanto as economias desenvolvidas buscam maior crescimento.

Segundo ele, o mundo pós-crise é difícil, mas o Brasil está preparado, pois aprendeu a lidar com as crises. E agora tem que aprender também como lidar com seus sucessos. “Não seremos complacentes ou negligentes com nossa dever de casa”, concluiu.

Luis Nassif

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