Ronaldo Bicalho
Pesquisador na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
[email protected]

Energia e transporte: emissões, dependência ou mobilidade? Qual é o problema?

Por Helder Queiroz, do Blog Infopetro

Tal como mencionamos num artigo de março de 2010, as políticas energéticas em diferentes países e as estratégias das empresas de energia estão sendo progressivamente reorientadas, a fim de atingir, no longo prazo, padrões de produção e uso de energia que levem em consideração as novas condições de contorno do setor de energia. Surge como principal vetor deste processo de transição o componente tecnológico. Neste sentido, abre-se hoje um leque importante de novas possibilidades tecnológicas que envolvem novas fontes de energia e novos equipamentos. É possível citar como ilustrações exemplares dessa tendência na geração de energia elétrica com: i) o papel esperado de uma contribuição crescente de fontes renováveis; ii) a incorporação de novas tecnologias em programas de eficiência energética e iii) as transformações esperadas no setor de transporte automotivo.

Este texto está dedicado a análise deste último ponto. Depois de décadas sem transformações significativas, o setor de transportes se encontra, hoje, no centro dos debates acerca de estratégias factíveis que permitam alterar o binômio “motores a combustão-derivados de petróleo”. Não é por acaso que, dentre as grandes corporações internacionais se encontrem os fabricantes de automóveis e as empresas de petróleo. As vantagens inerentes deste binômio consolidaram um padrão de mobilidade do consumidor individual em torno dos automóveis com motores a combustão. O crescimento da demanda de carros de passeio e da gasolina e do diesel contribuiu, em grande medida, para o sucesso dessas corporações ao longo do século XX.

Ao longo da última década, tal como destacado em diferentes textos postados aqui, as políticas energéticas têm sido revistas buscando a compatibilização dos objetivos de segurança energética, redução da dependência externa de energia e a redução das emissões de CO2.

Neste sentido, o setor de transportes, ancorado fundamentalmente na demanda de gasolina e de diesel, tem se revelado como uma arena crucial para as mudanças necessárias para o alcance dos objetivos fixados acima.

Dessa forma, uma série bastante diversificada de alternativas emergem como potenciais soluções. No setor de transportes no qual predomina o uso de derivados de petróleo, a “grande e longa transição” aponta para uma corrida energética e tecnológica para abastecer o automóvel do futuro[1]. Desde o início da última década, passamos pelos supostos benefícios da Economia do Hidrogênio, pelo pretenso papel dos biocombustíveis (etanol e biodiesel) de primeira e segunda geração, pelos automóveis com motores flex, chegando aos carros elétricos e aos carros híbridos, especialmente associados à tecnologia plug-in.

O transporte rodoviário ainda é o modal mais utilizado no mundo atualmente para movimentar tanto mercadorias, quanto pessoas (cerca de 80%), e, continua a crescer a cada dia não mostrando sinais de contenção (espera-se um crescimento médio de 2% a.a). Para atender esta crescente demanda, os derivados de petróleo, como o diesel e a gasolina, ainda se constituem nos principais recursos energéticos requeridos, representando cerca de 98% do total utilizado no mundo. (…) continua no blog Infopetro.

Ronaldo Bicalho

Pesquisador na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador