Inflação com ajuste externo

O artigo de Luiz Carlos Mendonça de Barros, hoje na folha (clique aqui) reforça a idéia já expressa por Paulo Tenani, de que país com superávit em contas externas e internas é menos suscetível à inflação.

Diz ele:

“O IBGE acaba de publicar as estatísticas sobre as vendas no varejo em novembro de 2006. A equipe econômica da Quest fez algumas adaptações nesses números (…) Em novembro de 2006, as vendas no varejo no Brasil cresceram mais de 10% quando comparadas com o mesmo mês de 2005. Os números são ainda maiores no caso de móveis e eletrodomésticos (15%), veículos e motos (12%) e eletrônicos como celulares e computadores (23%). Números suficientemente elevados para que alguns analistas clamem por um cuidado maior por parte do Copom. Estaria havendo, segundo eles, um superaquecimento da demanda e o risco da inflação voltar a subir.

“A grande maioria desse grupo é formada por profissionais que se esqueceram de como pensar uma economia de mercado, aprisionados que estão em modelos incapazes de capturar o novo metabolismo a partir do ajuste das contas externas. Se tivessem mais cuidado, deveriam olhar também para as variações dos preços no varejo nesse mesmo período. No total dos produtos vendidos, tivemos uma deflação de 0,4%, no segmento de veículos, uma queda de preços de 2,0%, no de móveis e eletrodomésticos, uma redução de 3,9%, e no de eletrônicos, uma queda de 11%. Ou seja, a oferta desses produtos -incluídas as importações- está em linha com a demanda e não permite o aparecimento do que chamamos de poder de preços dos produtores desses bens”.

A análise econômica pressupõe o conhecimento do manual, mas a inteligência e a percepção do mundo real. Quando o mundo real não cabe mais no modelito, muda-se o modelito. Para isso é necessário conhecimento e sensibilidade para entender todas as peças do jogo. É como o xadrez. O sujeito que conhece abertura não é necessariamente o melhor jogador, porque no tabuleiro terá que encontrar, a cada lance, a jogada correta para responder à jogada do adversário.

É essa a dificuldade básica nas análises do economista-chefe do ABN-Amro Alexandre Schwartsman. Enquanto os estrategistas de visão ampla entendem o poder deflacionário das importações e, especialmente da China, a possibilidade de reverter exportações ou aumentar importações para atender o mercado interno, Schwartsman fica preso ao seu velho modelito, enfeitado com as miçangas das planilhas montadas exclusivamente para justificar suas teses – não para ajudar a entender o mundo real.

Mas sempre é assim. Tem a primeira linha, que percebe antes as mudanças de inflexão na economia. Depois entra a segunda linha que, lentamente, acaba incorporando as novas visões a seus modelitos. Seu problema é a incapacidade de perceber, mais à frente, novas inflexões que ocorrerem na economia.

Quando esse grupo se apropria do Banco Central, a conta fica extraordinariamente pesada, como ocorreu nos últimos anos.

Luis Nassif

6 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Tenho conta no banco real e
    Tenho conta no banco real e sabendo q esse incompetente de Alexandre Schwartsman e’ economista chefe ja me deu vontade de trocar de banco.
    Falar so bobagens depois q um tem mais de 35 o 40 anos nao da pra aguentar.
    O medo da inflacao e’ tb uma forma de assustar e manter juros estratosfericos.
    Mas tb o juro entra nos custos e crea inflacao.
    A economia e’ dinamica, se aumenta a producao e/o a oferta, nao vei ter inflacao. Alem das importacoes baratas da China (o Paul Wolson tem um grande trabalho em educar a respeito a pequena cabeca da Nancy Peloso, nos EUA) o Brasil tem potencialidade produtiva enorme, um mercado continental, consumidores q compram muito e tudo. Populacao creativa e dinamica.
    Nao a caso o Brasil e’ primero no foot ball, no volley e poderia ser tb in muitos outros.
    O esforco tem q ser na direcao de aumentar a producao real. Com os enormes recursos do Brasil nao vai ser muito dificil. So estabilizar e controlar o cambio e controlar os inuteis capitais especulativos.
    Baixar o juro pra favorecer a economia real (o banco tem nome tot errado)
    E’ assim poderosa a economia do Brasil q vai subir solzinha.
    A politica fiscal pode ser depois usada pra controlar os excesso.
    Tb jogando com as importacoes podem se controlar os tentativos especulativos.
    Os baixos juros internacionais favorecem o Brasil. A liquideza generada pelo banco central americano (nao tive medo nenhum de inflacao, e os aumentos dos precos dos ativos nao e’ inflacao mas investimento- q esperteza) e’ enorme, os investidores vao aceitar juro bem mais modestos.
    O Brasil e’ refem de uma meia duzia de especuladores e de incompetentes.
    O Lula parece amedrontado, e realmente nao entende muito do assunto, mas os conselheros menos q ele.
    In un quadro fiscal restritivo, monetario restritivo, juro destruidor, o governo opera com esquizofrenia, tenta de ampliar o credito, as espesa sociais, algum investimentos. Melhor q nada, e ja da certo considerada a immensa potencialidade.
    Mas o problema e’ politico, o Brasil tem q ser liberado dos invasores,q som brasileiros anti Brasil. Uma meia duzia.
    PS Li o artigo do Nakano, (enfim, contra vontade so pq apareceu aq algum dia atraz) mas o problema e’ q ele nao entende o q escreveu o supe creativo Ben Bernanke, quando inventou num memorabil escrito o excesso de poupanca dos pais pobres. Fora do alcance dele e’ depois entender o q queria fazer o Bernanke e a sua esperteza.
    O Nakano descobre a agua quente no final: os capitais especulativos determinam o valor do cambio. Obvio, o q aconteceu na Asia no 97?
    O poder de fogo da especulacao e’ immenso, nao tem banco central q possa aguentar. Nao esiste mais comparacao entre especulacao e comercio real.
    E

  2. A constatação de que houve
    A constatação de que houve deflação nos produtos com maior venda está coerente com a lógica da formação de preços. Quanto mais produzo e mais rápido comercializo, menor o custo unitário. Portanto, posso até reduzir o preço e ter um retorno líquido maior. Conclusão: o COPOM precisa reduzir os juros na próxima semana em, no mínimo, 0,5% (sou conservador).

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador