Os modelos financeiros globais

Por Indio Tupi

Aqui do Alto Xingu, os índios ponderam que grande parte do debate dentro da corrente principal sobre as causas da crise assume a forma de uma teoria “do acidente”, que explica a derrocada como resultado de ações contingenciais por parte, por exemplo, do FED de Alan Greenspan, ou dos bancos, ou dos supervisores ou das agências de classificação de risco. Uma estrutura relativamente coerente, que denominam do Novo Sistema de Wall Street, deve ser compreendida como tendo causado a crise. Mas, além do argumento acima, observam um aspecto notável dos últimos vinte anos: a extraordinária harmonia entre os operadores de Wall Street e os supervisores em Washington. Tipicamente, na história norte-americana ocorreram fases de grandes tensões, não apenas entre Wall Street e o Congresso, mas também entre Wall Street e o Executivo. Isso foi verdade, por exemplo, em grande parte dos anos 1970 e 1980. Contudo, ocorreu uma nítida convergência no último quarto de século, o sinal de um projeto algo bem integrado.

Uma explicação alternativa, bem aceita nos meios social-democratas, argumenta que tanto Wall Street quanto Washington foram tomados por uma falsa ideologia “neoliberal” ou de “livre mercado”, que os desviou do bom caminho. Um giro criativo de extrema-direita nessa crença sugere que a ideologia problemática foi o “laissez-faire” – ou seja, nenhuma regulação -, enquanto o de que se necessita é um “pensamento de livre mercado”, o que implica alguma regulação. A conseqüência de qualquer das versões é normalmente uma discussão algo inócua sobre “a dose” ou “o tipo” de regulação que consertariam as coisas.

O problema com essa explicação é que, embora o Novo Sistema de Wall Street tenha sido legitimado pelas perspectivas do livre mercado, do laissez-faire ou do neoliberalismo, parece que essas não foram as ideologias operativas dos seus praticantes, seja em Washington ou em Wall Street. No detalhado estudo dos bancos de investimento de Wall Street, intitulado “The Greed Merchants”, Philip Augar argumenta que eles operaram, em grande parte, como um cartel consciente – o oposto de um mercado livre. É evidente que nem Greenspan nem os Presidentes dos bancos acreditaram nas versões sérias desse credo: economia financeira neoclássica. Greenspan não tem argumentado que os mercados financeiros são eficientes ou transparentes; ele aceitou plenamente que eles podem tender para bolhas e estouros. Ele e seus colegas têm estado bem cônscios dos riscos de sérias crises financeiras, nas quais o estado norte-americano teria que lançar mão de vultosas quantias em dinheiro dos contribuintes para salvar o sistema. Também entenderam que todos os diversos modelos de risco usados pelos bancos de Wall Street eram falhos – e estavam condenados a ser – uma vez que pressupunham um contexto geral de estabilidade do mercado financeiro, dentro do qual um banco, em um setor de mercado, poderia defrontar uma ameaça repentina; a solução deles era, em essência, diversificar o risco pelos mercados. Portanto, os modelos ignoraram as ameaças sistêmicas de que Greenspan e outros estavam bem conscientes: uma repentina reviravolta negativa em todos os mercados.

Os dois principais argumentos de Greenspan eram algo diferentes. O primeiro era que, entre os estouros, o melhor modo de as instituições faturarem horrores era eliminar as restrições sobre o que os atores privados podiam fazer; um setor altamente regulado faturaria muito menos. Essa ponderação é certamente verdadeira. Sua segunda ponderação é que, quando as bolhas estouram e as rupturas ocorrem, os bancos, intensamente ajudados pelas autoridades estatais, podem enfrentar as conseqüências. Esse também é um artigo de fé de Bernanke.

O debate real sobre a organização dos sistemas financeiros nas economias capitalistas não é acerca dos métodos e modos de regulação. É o debate entre opções sistêmicas em dois níveis:

• um sistema bancário e de crédito público, voltado para a acumulação de capital no setor produtivo versus um sistema bancário e de crédito capitalista, que subordine todas as outras atividades a seus próprios impulsos para o lucro; e
• um sistema monetário e financeiro sob controle cooperativo nacional-multilateral versus um sistema com caráter imperial, dominado pelos bancos e estados Atlânticos atuando em conjunto.

Todos os sistemas econômicos modernos, capitalistas ou não, necessitam de instituições de crédito para facilitar as trocas e as transações; necessitam de bancos para produzir dinheiro a crédito e sistemas de compensação para facilitar a liquidação de dívidas. Esses são serviços públicos vitais, como um serviço de saúde. Eles são também inerentemente instáveis; a essência de um banco, afinal de contas, é a de que eles não mantêm fundos suficientes para satisfazer instantaneamente todos os direitos de seus depositantes.

Assegurar a segurança do sistema exige que a competição entre os bancos deva ser suprimida. Ademais, as questões de diretrizes sobre para onde o crédito deve ser canalizado são aspectos de grande importância econômica, social e política. Assim, é racional a propriedade pública do sistema bancário e de crédito e, na verdade, necessária, juntamente com o controle democrático. Um modelo público dentro dessas linhas pode, em princípio, funcionar no capitalismo. Mesmo hoje, a maior parte do sistema bancário alemão permanece em mãos do setor público, por meio dos bancos de poupança e dos bancos estaduais. O sistema financeiro chinês é esmagadoramente centrado num punhado de grandes bancos de propriedade pública, e o governo chinês, na verdade, dirige suas estratégias de crédito. É possível divisar tal modelo público operando com bancos privatizados. O sistema bancário japonês do pós-guerra teve esse caráter, com todos os bancos estritamente subordinados aos controles das diretrizes do Banco do Japão por meio da “janela do redesconto”. No pós-guerra, o cartel dos bancos comerciais britânicos pode também ser considerado como operando amplamente dentro dessa estrutura, embora extraindo lucros excessivos de sua clientela.

Mas o sistema de crédito privado capitalista, centrado nos bancos, operaria dentro da lógica do capital dinheiro – na fórmula de Marx, D-D`: adiantando dinheiro a terceiros para ganhar mais dinheiro. Assim que esse princípio é aceito como o alfa e o Omega do sistema bancário, a lógica funcional aponta em direção à apoteose de Greenspan. Esse é o modelo que foi adotado pelos Estados Unidos e o Reino Unido desde os anos 1980: tornar rei o capital dinheiro. Envolve a total subordinação das funções públicas do sistema de crédito à auto-expansão do capital dinheiro. Na verdade, todo o espectro da atividade capitalista submerge sob o manto do capital dinheiro, no sentido de que este último absorve uma parcela crescente do lucro gerado em todos os outros setores. Esse tem sido o modelo que ascendeu à dominância como o que denominamos o Novo Sistema de Wall Street. Tem sido um gerador de riqueza extraordinária dentro do sistema financeiro e, na verdade, transformou o processo de formação de classes nas economias anglo-saxônicas. Esse modelo, hoje, está em crise profunda.

O segundo debate envolve a garantia dos sistemas financeiros. Seja público ou privado, os sistemas bancário e de crédito são inerentemente instáveis em qualquer sistema em que o produto é validado após a produção, no mercado. Em tais circunstâncias, esses sistemas devem ser garantidos e controlados pelas autoridades públicas que detenham o poder de tributar e de emitir moeda. Enquanto forem entidades minimamente públicas – não inteiramente cooptadas pelos interesses privados do capital dinheiro – essas autoridades desejarão prevenir crises tentando colocar o comportamento do sistema financeiro aproximadamente de acordo com as linhas dos objetivos (micro e macro) econômicos. Atualmente, apenas os estados têm capacidade para desempenhar esse papel. Os manuais de Basel I ou II não podem fazer isso; nem a Comissão Européia ou o BCE.

Intrigantemente, o projeto Atlântico agrupado sob o nome de “globalização econômica” – o sistema de fiat dólar, de fim dos controles de capitais, de livre ingresso e saída dos grandes operadores do Atlântico nos outros sistemas financeiros – tem assegurado que a maioria dos estados foi despojada da capacidade de garantir e controlar seus próprios sistemas financeiros: daí as intermináveis explosões no Sul ao longo dos últimos trinta anos. Os interesses empresariais do Atlântico se beneficiaram dessas crises, não apenas porque suas perdas foram cobertas pelo seguro do FMI – pagas posteriormente pelo povo pobre dos países afetados – mas também porque foram usadas como oportunidades para escancararem os mercados de bens e trabalho desses países para a penetração Atlântica. Mas, agora, a explosão atingiu a própria metrópole central. Obviamente, as economias Atlânticas desejam manter esse sistema em vigor: as práticas abrangidas pela “globalização financeira” constituem seu setor de exportação mais rentável. Mas não está muito claro se o resto do mundo comprará uma fórmula para fazer mais do mesmo. A alternativa seria retornar ao controle público, juntamente com a garantia pública. Isso poderia apenas ser atingido se os estados nacionais individualmente retomarem o controle efetivo, por meio de sistemas multilaterais cooperativos comparáveis àqueles que existiram antes de 1971, implementados em escala regional, senão que inteiramente em escala global.

Luis Nassif

35 Comentários

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  1. Já tiha lido no
    Já tiha lido no blog.

    Sinceramente, Nassif, este podería, quem sabe, ser o prefácio de :

    “Os Cabeças de Planilha II – Internacional”

    Impressiona a qualidade dos teóricos do Alto Xingú…

  2. Creio que esta é a crise
    Creio que esta é a crise anterior, parece que já existe um consenso que a falta de regulamentação, supervisão e fiscalização foram as causas da crise financeira internacional.

    A demora em identificar estas causas, e falta de instrumentos legais e de recursos financeiros permitiram que o desenvolvimento de uma enorme crise de confiança global.

    A crise econômica atual é uma crise de confiança.É esta crise que tem que ser combatida e ao mesmo tempo elaborar um novo marco regulatório e uma nova forma de supervisão e fiscalização para o sistema financeiro.

    Creio que já podemos dizer que não falta recursos naturais, nem mão-de-obra e muito menos crédito, e muito menos uma disputa de mercado, o que existe no momento é uma enorme falta de confiança para consumir o além do estritamente necessário.

    Está é a tarefa que os Goverrnos e as Autoridades Monetária tem que travar neste momento, creio que já está claro que existem instrumentos para destravar o crédito e que as Autoridades estão dispostos a usá-las desde de que o consumidor recupere a disposição em consumir.

    Por isso que é preciso avançar rapidamente em políticas fiscais que estimulem a criação de empregos, principalmente em países onde já ocorreu uma destruição significativas de postos de trabalho.

    No Brasil ainda tempos um espaço, e ao mesmo tempo uma tarefa de corrigir a Política Monetária, sem está correção não vamos a lugar nenhum, ou melhor iremos para o inferno do desemprego e da recessão.

    Creio que a batalha da ideologia já foi vencida mesmo antes de começar, e ela foi comanda pelo presidente do FED, Ben Bernanke, que impôs um pragmatismo acima da ideologia do livre mercado.

  3. É assim:

    Eu coloco 1 no
    É assim:

    Eu coloco 1 no banco A, e aí o banco A empresta esse 1, e quem pega emprestado do banco A paga esse 1 a alguém e esse 1 é depositado no Banco B – já temos aí 1 de depósito no Banco A e 1 de depósito no Banco B – O Banco B por sua vez empresta, e aí temos mais 1 no Banco C

    E qual a contrapartida dos depósitos, do crédito dos agentes econômicos, nos bancos A, B e C ?

    São empréstimos -> E o que fazem os empréstimos? Eles estimulam o consumo num primeiro momento, que até um certo limite estimula o investimento por parte dos agentes superavitários, que aceitam o risco de trocar dinheiro vivo por empresas, investimentos, etc – assim pagando salários, coisa e tal.

    Só que na maioria das vezes o estoque de endividamento cresce mais rápido que a renda – então o consumo esperado no futuro vai caindo – e o maior estoque de endividamento faz com que as pessoas endividadas poupem mais – o que diminui mais ainda o consumo…

    Com menos consumo “vislumbrado”, menos investimento – quem é superavitário deixa sempre um valor maior em “dinheiro vivo” parado – assim a renda agregada cai mais ainda…

    É claro que contínuos déficits governamentais (se houver – se gente como os republicanos, por exemplo, não sabotarem isso daqui há dois anos) aumentam o estoque de dinheiro, o que no longo prazo leva a uma volta do crescimento – mas até lá você tem uma depreciação enorme, você tem tensões políticas gigantescas…

    Então, como poderíamos resolver ? Aumentando a renda de quem consome e de preferência de quem deve – melhor ainda se for por meio de redistribuição de renda com impostos ou com a própria inflação, porque aí o estoque de dinheiro frente ao PIB não cresce tanto – com contrapartida num aumento decisivo dos gastos públicos.

    No que toca às IFs, que passem a ser gestoras de recursos – Não emissoras de moeda – com imposição de riscos aos investidores – quem sacar antes, paga o prejuízo pela venda do crédito com desconto, por exemplo – a oferta de crédito deixa de ter como necessária contrapartida a criação de moeda.

    Mas do jeito que vai… Não vai adiantar nada…

    Vocês podem apostar nisso !!!

  4. Assino embaixo. Bancos
    Assino embaixo. Bancos deveriam ser públicos e respondendo ao governo do país, não este oba-oba atual onde o objetivo é lucro custe o que custar (mesmo que destrua o país). Por mim, banqueiros iam presos

  5. Creio que a crise de
    Creio que a crise de confiança se instalou no EUA em função da demora do ex-Secretário do Tesouro Americano em reconhecer a necessidade de se romper com o livre mercado e buscar um novo marco regulatório e uma intervenção mais ousada nos mercados, junto com o FED.

    Depois a crise de confiança se alastrou para a zona do Euro, Inglaterra, Russia, Australia e Brasil por graves erros na condução da Política Monetária e pela resistência dos governos em buscar uma ação ampla de combate a crise financeira americana, praticamente isolando o FED na luta contra a crise financeira.

    Na Asia a crise se alastrou mais função de uma reação em cadeia causada pela globalização da economia, do que por erros graves na condução da Política Monetária, quer pelo enorme controle estatal na economia chinesa, quer por no Japão já estava se praticando uma polítca expansionista mesmo antes do início da crise financeira nos EUA.

    O Brasil por ter uma menor participação do comércio exterior no PIB, e por vir de uma forte expansão do Mercado Interno, poderia resistir mais a crise econômica internacional se não fosse os graves erros do COPOM na condução da Polítca Monetária.

  6. Excelente análise do Índio
    Excelente análise do Índio Tupi.
    Fecho com a conclusão do Daniel Campos. Não há mais como justificar a existência de bancos particulares. Todos deveriam ser estatizados.
    Aliás, o Paul Krugman também concorda conosco (rs). Em recente artigo para o NY Times ele, sutilmente, questionou qual a utilidade dos bancos particulares para a sociedade humana.
    No caso do Brasil: como é possível que quatro ou cinco famílias tenham o controle de uma área tão estratégica para o país como o sistema financeiro?

  7. Uma macro análise de alto
    Uma macro análise de alto nível. Parabéns. Certamente o ponto de partida para entender e discutir o sistema financeiro global. Debate dos grandes. Mas há muito o que ponderar entre os dois extremos: crédito e garantias nas mãos do poder público ou “laissez-faire”. Há uma gradação de cores regulatórias no espectro. Os atlânticos certamente vão tentar um modelo que preserve sua hegemonia. Mas a correlação de forças pode já não ser a mesma. É isso que veremos. No entanto, não devemos nos iludir sobre outro componente deste processo decisório: o poderio militar, ou seja, o clube dos 7. Se a drenagem dos interesses do Atlântico for interrompida, a primeira consequência é instabilidade no mundo.

  8. Todo mundo fala dos bancos,
    Todo mundo fala dos bancos, mas esquecem que os mais importantes atores do atual sistema financeiro nao sao os bancos comerciais mas os fundos: de private-equity, de investimento, de hedge e os venture capital. Qual a participacao deles num eventual novo sistema?

  9. “We should ban banks from
    “We should ban banks from risk-taking because society is going to pay the price (again). (Since) This is not the first time.
    …That’s the point, with society’s money. Banks are gambling with society’s money, funds are gambling with investors’ money — it’s one layer better.
    So we should have more risks taken by funds and less risk taken by banks, because banks have a severe agency problem. …
    When I trade I don’t have an agency problem; I have my neck on the line. When a bank or banker trades, it’s not his neck on the line. He has an agency PROBLEM, and like [former Merrill Lynch CEO] Stanley O’Neal, if you follow the strategy you’re going to make $160 million, and keep it, EVEN IF YOU BLOW UP. And you’ll do it again.” N.Taleb

    E, Se lembrarmos q alguns dos efeitos indiretos da crise econômica deflagrada em ’29 foram os belos empurrões na ascensão da gang nazista nas eleicões Alemãs em 1932; a sucessão d golpes e contra-golpes na América do Sul, a forma como caiu a monarquia Espanhola e os acontecimentos q se seguiram assim como os avanços coloniais d Japão e Itália tb no comeco dos anos ‘30; dá pra tremer só d pensar q furacões poderá gerar esse ‘bater d asas d borboleta’ do subprime/Lehman…

    Sinceramente, espero como eles q estes dois senhores estejam errados: http://www.youtube.com/watch?v=NxwN2MRbkho

  10. Prezado Nassif e
    Prezado Nassif e comentaristas e Indio Ianomãmi
    È bem sabido que um dos processos mais prazerosos para Acadêmicos (Scholars em sistemas totalitários) e Intelectuais ( Scholars em sistemas políticos abertos) (lembro-me do Paul Krugmann-Prêmio Nobel) é usarem profusamente o seu sistema próprio técnico -linguístico para expressar obviedades e tautologias para entender processos jáesclerecidos em suas causas elementares. É claro que esta crise é proveniente da globalização computacional e matematização errada de complexos processos financeiros que desconsideraram e levaram o fator humano a agir (desastrosamente!) em uma escala de tempo inumana!, além do óbvio acúmulo de problemas de políticas governamentais de déficits e desenvolvimento econômicos de décadas-especialmente no cenário dos USA (lembro-me quando realizando um estágio de estudos no CALTECH em 1987,presenciei uma discussão de estudantes de Engenharia que centralizava-se exclusivamente no problema déficit externo americano à época!). A substituição da obtenção do lucro capitalista através do progresso industrial pela simples obtenção através de “jogos de guerra econômicos” -vulgo mercado financeiro,levaram a um processo de lei de selva no sistema financeiro americano e por tabela , aquele global. Infelizmente o dinheiro destruído pela eclosão da presente crise, era atrelado a bens reais ,que também desapareceram do PIB das Nações: foi como se tivesse existido uma guerra , com a sua conseqüente destruição material!,infelizmente sem deixar saída para aplicar-se políticas de reconstrução material!( como na Crise de 1929, no Plano Marshal,etc..).Acho que os efeitos presenciados somente são um pálido começo para este processo de desequilíbrio econômico global ,sistêmico e inédito e que poderá durar décadas , mudando o cenário geo-economico-político do Planeta

  11. Meus amigos, o conluio entre
    Meus amigos, o conluio entre agências de risco, consultorias financeiras, bancos de investimentos, seguradoras e autoridades financeiras (muitas vezes oriundas desse esgoto) resulta apenas em polpudos bônus para todos.Deveriam ser presos por formacão de quadrilha.
    Trouxas somos nós.

  12. Nassif, toda vez que leio o
    Nassif, toda vez que leio o que escreve o Indio Tupi eu pergunto se você, à moda Fernando Pessoa, também escreve via heterônimos ?

  13. “A alternativa seria retornar
    “A alternativa seria retornar ao controle público, juntamente com a garantia pública. Isso poderia apenas ser atingido se os estados nacionais individualmente retomarem o controle efetivo, por meio de sistemas multilaterais cooperativos comparáveis”

    Excursus muito bom.
    Alem da teoria o problema eh pratico e de escolha dos interesses, algo muito politico.

    A adesao ao modelo atlantico na verdade representa uma dolarizacao. A globalizacao era e eh ate hoje a dolarizacao do mundo.
    Esse tipo de dolarizacao ela impede o desenvolvimento de um pais. O de qualquer forma o subordina a economia do dolar.
    Pelo carater asimmetrico e de subordinacao eh imperialismo.

    Mas esse imperialismo produz retornos para restritos grupos financista e oligopolios, de norma bastante poderosos num estado, q costumam contrabandear a adesao ao modelo atlantico de dolarizacao como a unica via para o desenvolvimento.

    A proposta do credito de estado no Brasil vai na direcao de visar un maior desenvolvimento nacional, mais equilibrado e sustentado.
    O Brasil eh um continente, com muitos recursos e tem enorme potencialidade de crescimento (q obviamente restritos grupos obstaculam e negam, por ser colocada em xeque a concentracao de poder e patrimonial e por isso um presidente nao do PT, q nao vai dar continuidade ao trab de Lula, pode comprometer o caminho, o meu candidato preferido seria Patrus).

    Essa escolha, como sinaliza o indio q sempre fica nas alturas, passa para uma programacao de importacoes e exportacoes, e um sistema multilateral de compensacoes q reduza o papel do dolar. Brutalmente dito a exportacao em troca de papel dolar deve ser reduzida.. En passant essa tb eh a via para a solucao da impasse mundial.
    Mas tem um mas.

  14. Semana passada no The
    Semana passada no The Guardian um articulista argumentava na mesma direcao que o Indio do Xingu: se o sistema financeiro e’ organizado e estruturado tendo como missao fundamental a maximizacao de lucros para os investidores no sistema financeiro, mesmo em detrimento da economia real e dos interesses mais amplos da sociedade, nao se justifica que agora os governos tenham que salva-los mesmo ao risco de afundarem juntos, sistema financeiro, economia real, governos e sociedade.

    Porem, alega-se que o sistema financeiro e’ demasiadamente importante para o resto da sociedade e a economia real, e portanto nao pode “quebrar.” Mas se o sistema bancario e’ tao fundamental para a economia real, e consequentemente para a sociedade, entao nao se justifica que o sistema seja organizado apenas em funcao da maximizacao do lucro de uns tantos grupos privados ‘as custas da economia como um todo.

    O sistema financeiro e’ responsavel pela prestacao de um servico publico fundamental e do qual a economia real depende para existir e funcionar adequadamente. E’ uma aberracao sem tamanho, e sem sentido, que o “rabo continue balancando o cachorro”. Portanto, a verdadeira discussao e’ saber porque essa priorizacao dos interesses de uns poucos mega investidores em detrimento dos interesses da sociedade como um todo.

    Essa e’ uma discussao politica vital que a midia corporativa em paises como o Brasil jamais ira’ permitir em seus veiculos. Mas na Gra-Bretanha, um dos centros desse sistema Atlantico, as “liabilities” do sistema bancario sao quatro vezes maior do que o Produto Nacional Bruto, de acordo com o The Independent, de sabado. Nao havera’ bancos privados, ou midia corporativa, capaz de sobreviver ao temporal que esta’ vindo por ai’, pelo menos para o sistema financeiro que o Indio do Xingu chama de Atlantico.

  15. Caros Navegantes,

    A semana
    Caros Navegantes,

    A semana promete fortes emoções, check-up:

    Agora já não é somente o Roubini que esta dizendo que o pior astá a frente, agora é o economista do Obama

    Larry Summers na NBC:
    “The next few months are, no question, going to be very, very difficult and it may be longer than that,”
    (os próximos meses, sem dúvida, será de muito, mas muita dificuldade, e poderá ser mais do que isso)

    Quarto trimestre-08, PIB pode ser negativo de 5,5%, pior em 26 anos.
    O defict pode chegar a $2 trilhões dólares, segundo alguns economistas
    Em Nov. Stiglitz escreveu artigo no FT dizendo que o deficit seria de U$1,5 trilhóes nos próximos 2 anos, levou quase dois meses para o mercado falar em U$1,2 tri, inicio do ano. Agora já se fala em deficit de $2 tri.
    http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601087&sid=aa9CZ110AKYg

    CNN Money:
    Earnings, economy – here comes ‘terrible’ ( ganhos economicos estão terriveis)
    http://money.cnn.com/2009/01/25/markets/sunday_weekahead/index.htm

    Sds,

  16. O Indio Tupi é um dos
    O Indio Tupi é um dos melhores que colaboram com o blog. Ainda diziam

    que indio não tinha cultura.

    Não dá para ficar sem ler os precisos comentários, com muito estilo e

    elegância.

    Parabéns.

    Abs cordiais.

  17. Luis Nassif,
    Parabéns por ter
    Luis Nassif,
    Parabéns por ter trazido esse texto do Índio Tupi aqui para frente do blog.
    O novo formato do seu blog no ig está permitindo os textos mais longos. Isso traz alguns problemas para o blog principalmente quando se tem dificuldade em ser conciso e objetivo, mas nos dá o benefício de ver um texto como esse do Indio Tupi.
    Há, entretanto, um problema. Penso que os textos e chamadas de textos estão saindo muito rapidamente da primeira página. Havia visto e lindo, o que tomou um pouco de tempo, o comentário do Índio Tupi lá na chamada “A estatização do crédito” de 23/01/2009 às 09:48 no endereço (http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/01/23/a-estatizacao-do-credito/) para entrevista de Luis Gonzaga Belluzzo ao Estadão propondo o controle estatal sobre o crédito. Comecei a fazer um comentário me manifestando surpreso por ter o texto suscitado apenas o comentário de Edson e de Arkx quando fui interrompido por cerca de uma a duas horas e quando voltei já não vi mais a chamada e não me lembrava dela, tendo dificuldade para encontrar o texto de volta.
    Tuareg,
    É isso ai. Eu fiquei também admirado com o comentário do Índio Tupi. Fiz um comentário para ele depois que a chamada já havia saído da página de frente e preocupado que o do Índio Tupi não tivesse a divulgação necessária procurei fazer referência a ele em outros textos aqui no blog do Luis Nassif. Felizmente, o Luis Nassif o trouxe para a página de frente. Agora é aproveitar o máximo todo o conteúdo dele e também dos outros comentários que ele vai suscitar.
    Clever Mendes de Oliveira
    BH, 25/01/2009

  18. Ou os teóricos da conspiração
    Ou os teóricos da conspiração estarão certos?
    Os “iluminati” armam toda essa zona e depois vem c/as soluções prontas c/os devidos sacrifícios, à serem exigidos da maioria claro, à tira-colo ?

  19. Alguém pode me explicar?


    Alguém pode me explicar?

    – Se o spread bancário é tão alto, por que os bancos públicos (Caixa e BB) não abaixam bem as suas taxas e conquistam uma base bem maior de clientes? Não é melhor do que comprar bancos menores?
    – Será que boa parte destas empresas que estão em dificuldades já não estavam muito mal administradas antes da crise e agora aproveitam a desculpa para obter recursos públicos?
    – Será que na hora que começam a se definir os apoios e os recursos necessários para a eleição de 2010, algumas “medidas” anticrise não poderão ser usadas para reforçar os caixas dos partidos?
    – Quem acredita que a indústria automobilística brasileira precisa de ajuda?
    – Quando acaba a presidência do Gilmar Mendes no STF? Quem virá depois dele? Tem jeito de ser pior?
    – Quem acredita que tem dinheiro de políticos (ex-governadores, ministros, senadores) nos valores do Oportunity no exterior? Alguém me disse que o dinheiro vai tomar um banho nestas ilhas paradisíacas e voltam comprando empresas de sociedade com o BNDES.

    Por enquanto, só estas.
    Depois das respostas, tenho mais dúvidas “existenciais”

  20. (Espero ser a última vez que
    (Espero ser a última vez que com os meus múltiplos pseudônimos, venho infernizar a vida do blogueiro)

    Banco estatal ou privado, a questão central é a emissão de moeda lastreada em endividamento de terceiros.

    Da mesma maneira que o sistema na sua modalidade privada faliu, iria para o buraco um sistema público nos mesmos moldes.

    Uma coisa é a IF atuar como gestora. Outra é atuar como “proxy” do Banco Central, emitindo moeda. É daí que vem toda essa chantagem com os sucessivos pacotes de “bailout” dos bancos, nos quais são comodamente contemplados, diga-se, os que não se importam muito em saber com quem estão confiando as suas economias.

    Ademais, o modelo atual implica numa dependência maior do crescimento no endividamento. E parece que ninguém está muito preocupado com isso.

    Vocês vão ver que os EUA, por exemplo, estão dando um tiro no pŕóprio pé também porque continuam querendo resolver o problema com mais endividamento, mais crédito, quando deviam estar fazendo o contrário… E isso com banco público ou privado, dá no mesmo…

    Sds.

  21. Magnífico artigo dos Indio
    Magnífico artigo dos Indio Tupi, do Alto Xingu! Tambem excelente comentario do Humberto.

    Para enterdermos o âmago do problema, devemos entender a AGENDA AMERICANA ou o conjunto de diretrizes que norteiam as ações do s USA principalmente apos a segunda guerra.
    A agenda americana é bastante explicita – só leva em consideração aos desejos e necessidades americanos ou bem dizendo ao MUITO RICOS americanos e seus associados. Têm claro na sua agenda ( independente do partido no poder) que usarão de todos os meios disponíveis , inclusive a força necessária, para manter o que chamam de “hegemonia mundial americana”, independente das ações serem justas ou não, e do Bush de plantão. Isto sempre levando-se em conta e representando o pensamento desta pequena elite dominante.

    ESta elite (o Obama e inclusive) vai dar o dinheiro do contribuinte (classe media e pobre) americano para pagar a conta dos bancos! Não há nenhuma dúvida! Aqui tambem no Brasil o nosso rico e pouco dinheirinho tambem será desviado para cobrir os buracos bancário brasileiros e internacionais, mesmo que por meio mais tortuosos.

    Apenas discordo do Humberto que esta grana era REAL. Esta grana é IRREAL/ficticia (sem contrapartida de bens ou serviços produzido). As perdas foram principalmente concentradas na perda de valor de ações e de dinheiro escritural.
    A perda de dinheiro real será a seguir, com a restrição de crédito para a economia real (apesar de haver dinheiro sobrando). Ali sim haverá perda de produção e empregos. A industria automobilistica americana não entra nesta conta pois estava “de quatro” à muito tempo e por outras razões.

    Agora pensarmos que esta elite reacinária vai permitir a estatização de seus bancos, infelizmente é um sonho distante.

  22. Nassif, Deus quando criou o
    Nassif, Deus quando criou o mundo, para os crédulos como eu, regulamentou com seus mandamentos. Tudo precisa de regras para existir. A Teoria do caos.
    Por que o sistema financeiro, que opera com um bem público, que é a moeda de um país, não será regulamentado?
    Na verdade, os americanos não se preocuparam com o que poderia acontecer no mercado internacional, por conta da obtenção de lucros contínuos e exorbitantes, achando que a força de sua moeda e do seu exército, tudo resolveria.
    Usaram aquela máxima “uma mentira repetida muitas vezes, transforma-se em uma verdade”, o neo-liberalismo não tinha volta, e eles seriam os grandes beneficiados, agora..

    .

  23. “Os modelos financeiros
    “Os modelos financeiros globais”: e quando esses santos modelos se atrofiaram, porque razao nao saiu na media brasileira que eles estavam com as maos e os pes amputados?

  24. Aqui do Alto Xingu, os índios
    Aqui do Alto Xingu, os índios esclarecem que o Índio Tupi é aqui da tribo. Ele não é o Nassif, como alguns estão pensando, muito embora seria uma honra se o Nassif — com o nome que tem — fosse filho aqui da tribo. Se bem que seria estranho um índio com o nome de Índio Nassif.

  25. Ulála, este povo sô, escreve
    Ulála, este povo sô, escreve bão de mais!

    Depois do elogio ….

    Nem preciso dizer que não concordo com a brilhante análise e memória feita pelo índio Tupi.

    A crise é de confiança, mas aí discordamos do resto, de tudo que foi escrito fica em mim a impressão que um micro-gerenciamento de maior qualidade teria evitado e resolverá o problema.

    Isto não vai acontecer.

    A crise é de confiança na estrutura do Sistema Financeiro, sem uma estrutura confiável é impossível se ter confiança.

    Uma estrutura do porte da que se quer montar – Todo o Sistema Financeiro Mundial – mais ou menos o que funcionava , necessita de Leis realmente genéricas e impessoais e a modelagem não pode se valer de simplificações.

    Disto decorre minha discordância sobre o artigo, somente um sistema tri-dimensional que se valha da Astrologia, Geometria e Tarot , que é que funcionava antes, têm condição de dar confiança ao sistema.

    É lógico que o mundo progride , mas ai é nos detalhes, é só querer usar Álgebra de Lay, Metamateriais e cálculo vetorial , se bem que eu particularmente gosto mais dos quartenions e octonions.

  26. “Indio Tupi

    aqui do Alto
    “Indio Tupi

    aqui do Alto Xingu, os índios perguntam ao Alexandre Weber por que, de repente, a confiança evaporou?”

    Caro indígena, a confiança evaporou pelo mesmo motivo que o Dollar disparou e o ouro e petróleo ficaram mais baratos. Eles estão sujeitos a Lei da Oferta e Demanda.

    A história toda está aqui :

    http://blogln.ning.com/profiles/blogs/o-dollar-e-o-juros

    http://blogln.ning.com/profiles/blogs/minha-versao-da-crise

    http://blogln.ning.com/profiles/blog/list?user=2gzud0o59zjcl&month=01&year=2009

    E na verdade a confiança era somente compartilhada pelos que desconheciam os meandros das finanças de Wall Street e da City, o pessoal do DR, onde costumo participar, vem discutindo o fenômeno Inflação X Deflação desde antes da guerra do Iraque. Na verdade alerto contra o o consumo concupiscente e o fenômeno deflacionário antes de 2001 em meus posts.

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