Os analistas já começam a preparar os prognósticos para o comportamento da economia mundial em 2007. A principal preocupação gira em torno dos desdobramentos do mercado norte-americano, mas o comportamento dos mercados emergentes não deve ser esquecido.
Confira abaixo alguns pontos que podem desencadear ou não as oscilações globais no próximo ano:
Pontos a favor da crise mundial
– A forte influência americana no mercado global.
Embora não exista uma política oficialmente coordenada – como ocorria no sistema Bretton Woods – o mercado global procura seguir a movimentação norte-americana, em uma espécie de coordenação silenciosa.
Em linhas gerais, o sistema Bretton Woods propunha que o câmbio das nações periferias – hoje, o mercado do leste asiático – seria praticamente fixo nas transações comerciais mantidas pela chamada nação central – os Estados Unidos. As regras estabeleciam que a variação cambial seria menor que 1%.
Com o fim do acordo seguiu-se uma fase de descoordenação cambial, que resultou em várias crises nos últimos anos. Agora, se discute um novo modelo.
Saiba mais sobre o novo Bretton Woods clicando nos links abaixo:
AN ESSAY ON THE REVIVED BRETTON WOODS SYSTEM: Michael P. Dooley, David Folkerts-Landau e Peter Garber
THE REVIVED BRETTON WOODS SYSTEM: THE EFFECTS OF PERIPHERY INTERVENTION AND RESERVE MANAGEMENT ON INTEREST RATES AND EXCHANGE RATES IN CENTER COUNTRIES – Michael P. Dooley, David Folkerts-Landau e Peter Garber
– Efeito-manada
Ao investirem em países emergentes, os investidores apostam na convergência de preços entre ativos dessas nações e dos mais desenvolvidos. Quando isso não acontece, a aversão ao risco gera saída em massa dos aplicadores, influenciando os demais investidores. Como conseqüência, a crise iniciada se potencializa.
– Déficit gêmeo nos Estados Unidos
Embora as contas públicas permaneçam no vermelho desde os anos 80, o nível de endividamento atual chega a níveis alarmantes – estimativas de médio prazo indicam que o déficit total dos EUA nos próximos 10 anos pode chegar a US$ 1,76 trilhão.
Saiba mais sobre o tema no Guia Financeiro – Os efeitos da dívida norte-americana na economia global.
Não se sabe ao certo até que ponto esse débito é sustentável. Economistas como Maurice Obstefeld e Kenneth Rogoff propõem que o endividamento seja corrigido de forma severa, com medidas como menor consumo e desvalorização do dólar, conforme artigo abaixo:
THE UNSUSTAINABLE US CURRENT ACCOUNT POSITION REVISITED – Maurice Obstfeld and Kenneth Rogoff
– Commodities
A possibilidade de um hard landing (pouso brusco) da economia norte-americana e de um processo de ajuste mais vigoroso na China para conter os elevados índices de crescimento preocupam os exportadores de matérias-primas – entre eles o Brasil.
Saiba mais detalhes clicando abaixo:
Guia Financeiro — Os impactos da desaceleração global no mercado de commodities.
Pontos contra crise mundial
– Desaceleração da bolha imobiliária americana
O último pronunciamento do presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, deixou claro que o desaquecimento do mercado imobiliário vai reduzir a taxa de crescimento dos EUA em um ponto percentual no segundo semestre e em 2007. Os efeitos serão diretamente sentidos nas taxas de inflação, desaquecendo a economia.
A desaceleração é um sinal favorável de que os juros não serão ampliados por enquanto, trazendo um pouco de alívio para os investimentos atrelados aos EUA.
– Queda no preço do petróleo
Após atingir recordes de preço, a cotação do barril de petróleo já começa a desacelerar devido ao aumento dos estoques em grandes países consumidores. Como os preços do barril estão na casa dos US$ 60, a Opep pretende reduzir a produção em até 1 milhão de barris por dia.
– Manutenção do crescimento dos chineses
É grande a possibilidade dos chineses manterem seus níveis de crescimento na casa de 8% no próximo ano, mesmo com a proposta de medidas para contenção do ritmo recentemente cogitado pelas autoridades locais. Apesar do número ficar abaixo dos 10% registrados até o momento, isso indica que o consumo de commodities pode se manter, reduzindo o impacto das perdas em economias que dependem das vendas para os chineses.
– Avanço dos mercados emergentes
O vigor apresentado pelos países emergentes também deve reduzir os impactos que venham a ser causados pelo choque financeiro e recessão norte-americana. O uso do crédito como forma de conter a inflação também pode ajudar nesse desempenho, conforme artigo publicado no The Economist.
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