Standard & Poor’s muda perspectiva de crédito do Brasil de “estável” para “negativa”

Jornal GGN – A agência de classificação de riscos Standard & Poor’s passou a considerar “negativa” sua perspectiva para a nota do Brasil no longo prazo, revisando sua perspectiva anterior, que era “estável”. O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, afirmou que o governo ainda está analisando o documento.

Para o secretário as perspectivas em relação ao PIB continuam favoráveis, ele ressaltou que o Brasil cresceu mais do que a média mundial de 2007 a 2012, depois do estouro da crise financeira internacional.

A agência – que foi a primeira a elevar a avaliação do Brasil para o grau de investimento – manteve a nota de risco brasileira no mesmo nível anterior, mas avisou que poderá baixá-la nos próximos dois anos se o crescimento econômico continuar travado, os fundamentos fiscais e externos do país se enfraquecerem e o governo perder credibilidade por causa de “sinais ambíguos” na política econômica – fatores que reduziriam a capacidade do Brasil para enfrentar um choque externo.

O secretário de Política Econômica rebateu as declarações da agência, em entrevista à Agência Brasil, ressaltando em 2013 o programa de concessões de infraestrutura entrará em operação com investimentos estimados em R$ 470 bilhões nos próximos anos: “as próprias previsões internacionais apontam que o Brasil permanecerá crescendo acima da média mundial. Temos um ambiente de confiança relevante para manter o crescimento sustentado pelos investimentos”.

A nota de risco de crédito atribuída pelas agências de classificação serve como um aval para os investidores estrangeiros interessados em aplicar no país. A Standard & Poor’s criticou, em comunicado divulgado na noite de quinta-feira (6), a política fiscal expansionária do governo brasileiro e a baixa performance do crescimento econômico, que estariam pondo em risco o perfil financeiro do país.

“Na ausência de medidas corretivas”, afirma o comunicado, [estes fatores] “poderiam resultar num desempenho fiscal mais fraco e elevar a carga da dívida governamental”. A mudança na perspectiva da agência, embora não represente um rebaixamento imediato da nota brasileira,  soa um alerta de que a trajetória presente da política econômica precisa ser mudada se o país quiser manter seu grau de investimento no longo prazo.

“O baixo crescimento contribuiu para um enfraquecimento modesto do perfil financeiro soberano, incluindo uma performance fiscal declinante e um aumento da carga da dívida governamental”, segue o comunicado. A perspectiva negativa adotada a partir de agora reflete, segundo o texto, uma probabiliade de um-em-três de que a crescente carga da dívida do governo e a erosão da estabilidade macroeconômica possam levar a um rebaixamento da nota brasileira nos próximos dois anos.  

“As notas de crédito do Brasil refletem suas instituições políticas bem estabelecidas, sua economia diversificada, seus níveis administráveis de dívida externa líquida e o compromisso com a manutenção de políticas que mantenham a estabilidade econômica”, afirma no comunicado o analista Sebastian Briozzo, da S&P. Ao mesmo tempo, adverte que o “crescimento fraco reflete uma performance exportadora modesta, bem como o investimento declinante do setor privado, em parte causado pelos sinais ambíguos de política do governo, que amorteceram a confiança do investidor”.

Em relação à política fiscal, Holland afirmou que o Brasil pratica uma política anticíclica, em que o governo gasta mais em ano de baixo crescimento. Ele também destacou que o superávit primário brasileiro é um dos maiores do mundo e que a dívida líquida do setor público deve cair para menos de 35% do PIB, em este ano.

Segundo o secretário, o fato da Standard&Poor’s prometer observar a economia brasileira pelos próximos dois anos demonstrará que “a realidade de crescimento sustentável não mudou”.

Uma mudança nos rumos da política econômica brasileira poderia levar a agência a reverter sua avaliação, restaurando a perspectiva “estável” para a nota de risco brasileira, informa Briozzo no final do comunicado da S&P. Para tal, é necessário que o governo tome iniciativas políticas mais consistentes capazes de gerar maior confiança do setor privado e, portanto, investimento mais alto, afirma o texto. “O impulso resultante na tendência da taxa de crescimento do PIB daria ao governo maior flexibilidade fiscal e monetária”, conclui o analista.

Veja aqui o comunicado da Standard & Poor’s sobre a nota de risco do Brasil (em inglês)
Redação

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