Do Correio do Brasil
Politicamente, analfabetos disfuncionais
Por Maria Fernanda Arruda – do Rio de Janeiro
Um brasileiro, em fins do século XIX, competente para ler e escrever, seria um nobre ou até um coronel da Guarda Nacional. Na virada do século, éramos 35% de alfabetizados e, em 1950, apenas 49%. O Brasil somente não foi mais paupérrimo na manipulação das letras e dos números quando a população deixou os campos e chegou às cidades: em 1960, os brasileiros alfabetizados já somavam 60%. Agora, nos nossos tempos, teremos apenas 8% de analfabetos nacionais? Motivo de orgulho? Não. Esse número, apontado e avalizado pelo IBGE, é uma lastimável balela.
A iniciativa de criar um Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional no Brasil, medindo diretamente as habilidades da população por meio de testes, foi tomada por duas organizações não-governamentais: a Ação Educativa e o Instituto Paulo Montenegro. As pesquisas que passaram a ser feitas, utilizado o conceito de alfabetismo funcional mostram qual é o quadro real: atinge cerca de 68% da população; somados aos 8% da totalmente analfabeta, resultando em 76% da população que não possui o domínio pleno da leitura, da escrita e das operações matemáticas, ou seja, apenas um em cada quatro brasileiros (25% da população) é plenamente alfabetizado.
Agora sim, fica viável entender as manifestações lastimáveis promovidas nos protestos, aqueles que querem a deposição do governo democrático, a volta da ditadura militar e mais:a morte dos que consideram como seus grandes inimigos. O survey (sondagem de opinião, sem rigorismos estatísticos) realizado por um professor da USP permite o desenho do perfil desse povo, o que é razoavelmente evidente. Trata-se de uma maioria absoluta de indivíduos brancos, com a exclusão de negros e de pobres, gente de faixa etária mais alta, vários tendo chegado à senilidade, muitas mulheres, voyeurssedentos de corpos nus, vendedores ambulantes em trabalho, diversos interessados na carteira e no celular alheios.
Os depoimentos colhidos dessa gente são inacreditáveis, decretando a obsolescência definitiva do Festival da Besteira que Assola o País (Febeapa), obra muito interessante e que retrata as cabeças de generais, coroneis, almirantes e brigadeiros, mentores da ditadura (golpe de 64), mas que se reveste de candura infantil diante da produção que se faz e mostra, na avenida Paulista dos dias atuais. As faixas transportadas pelos “mulas” contratados trazem dizeres sem sentido, escritos em língua que identifica o analfabetismo funcional predominante. Mas não estamos tratando de um segmento social e economicamente privilegiado? Sim, estamos. E as pesquisas também mostram que 38% dos nossos universitários gozam dessa condição: são analfabetos funcionais.
O projeto de massificação do ensino foi parido pela ditadura, sob orientação do Coronel Jarbas Passarinho, com o malfadado MOBRAL, enquanto o ensino de História e outras ciências sociais era substituído por aulas de “educação moral e cívica”. Tempos de “Brasil – ame-o ou deixe-o”, recitado nas aulas obrigatórias de educação física. A ditadura formou milhares e milhares de jovens alienados, coerentes, e que hoje são fascistas. Uma geração de intelectuais que estudava o Brasil foi levada ao ostracismo: Caio Prado Junior, Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Celso Furtado, Antônio Cândido, Florestan Fernandes.
O cinema nacional ficou reduzido à produção de pornochanchadas, o teatro foi transformado em forma de lazer que antecede a pizza do sábado à noite, em que pesem os esforços magníficos de Gianfracesco Guarnieri, Zé Celso, Vianinha, Ruth Escobar e outros. A música foi proposta na forma alienadora da “jovem guarda”, perdida nas curvas das estradas de Santos, embora, e exatamente aí, tenha havido a contestação mais séria à violência: Chico Buarque foi o maior exemplo de como a sensibilidade artística e a inteligência cultivada podem ridicularizar a violência dos torturadores assassinos.
O segundo momento de aviltamento do ensino no Brasil veio com os oito anos FHC.
Da mesma forma que privatizaram as empresas do Estado, privatizou-se o ensino. A universidade federal foi empobrecida em quantidade e qualidade; o MEC orientou para que as escolas públicas falissem, sendo substituídas pelas empresas do comércio do ensino. Mais do que nunca, elitizaram-se o ensino e a cultura: os filhos das elites que estudassem nos ótimos colégios particulares, habilitando-se ao doutoramento das universidades públicas ou nas universidades norte-americanas.
Há uma reversão de tendência a partir do primeiro governo Lula, quando o MEC começou a atuar para o fortalecimento da Universidade Federal, incentivando a pesquisa, remunerando de forma digna os professores, criando universidades. O ensino obrigatório de Ciências Sociais, Filosofia e Sociologia volta a ser obrigatório no Ensino Médio. Contemplam-se a Música e as Artes.
E cometem equívocos e omissões muito sérios. Os chamados “sistemas de ensino”, produzidos por empresas comerciais que negociam suas ações em Bolsa de Valores, bestificam jovens brasileiros com material didático de péssima qualidade e onde o professor fica reduzido à condição humilhante de “repetidor de aula”. A tentativa política de deputados hoje, na era Eduardo Cunha, no sentido de esvaziar o conteúdo do ensino nas escolas, já é uma realidade rotineira. Em meados da década passada, o Sistema de Ensino da Abril Cultural utilizava a revista Veja para caluniar escolas que se preocupavam em transmitir a realidade brasileira aos seus alunos, identificando e acusando professores “comunistas”. A mesma Abril inaugurou o mecanismo de corrupção, junto a prefeituras e prefeitos, facilitando a venda do seu material para consumo nas escolas municipais. Corruptores e corrompidos.
Eis aqui um desafio aos que não entenderam ainda a necessidade de uma Constituição de olhos voltados para o século XXI. O pacto federativo precisa ser revisto radicalmente!
Sobre Educação, a maioria dos Estados e a quase totalidade das prefeituras carecem de condições mínimas para cumprimento das atribuições que lhes são delegadas. A Carta de 1988 adotou uma descentralização irreal e que vai provocando disfunções seriíssimas. Entre as diretrizes elaboradas pelo MEC e a ação política de governadores e prefeitos há um abismo intransponível.
Tanto a incompetência interesseira de políticos regionais como o utilitarismo dos comerciantes do ensino, ambos tornaram absolutamente impossível a modernização do ensino básico. Como resultado dessa paralisia no tempo, as paredes das salas de aula formatam hoje um espaço que sufoca os jovens, expostos às dimensões quase infinitas da Internet que se abrem através do computador. Os adolescentes, aprisionados na escola convencional, ainda encontram liberdade nos espaços dos shopping centers. O que está sendo afirmado aqui fica evidente quando se lembra que as últimas experiências inovadoras significativas no Brasil foram a Universidade de Brasília, com Darcy Ribeiro, e os CIEPS, com Brizola e o mesmo Darcy Ribeiro.
O Direito à Educação é assegurado pela Constituição Federal como um direito fundamental, tendo sido contemplado pela Constituição no artigo 6 º, localizado no capitulo intitulado “Direitos Sociais”. O Ensino Básico (Fundamental + Médio) impõe-se como direito assegurado a todo cidadão brasileiro. Tanto quanto a reforma agrária, ou a limitação do direito de propriedade pelo interesse social … Letras, letras mortas. É bem verdade que os governos de Lula e Dilma se fixaram no ideal do “ensino para todos”. A partir disso, desenvolveu-se e desenvolve-se um esforço orientado por critérios de quantidade, mas não de qualidade.
No afã de formar gente de nível universitário, os governos do PT quase que atingiram o exagero de uma antiga piada: “brasileiro, ao nascer, ganha o título de doutor, aos 18 anos devendo fazer uma opção”. A universalização universitária não será uma utopia desastrada? De novo a mesma preocupação: quantidade; e o que fazem com a qualidade: É baixa, pouca e insuficiente?
Um dos equívocos mais grosseiros foi cometido com a criação do FIES. O Ministro da Educação acaba de corrigir as distorções gritantes de um programa demagógico. Até recentemente, alguns vários bilhões de reais foram destinados ao financiamento de estudantes, em universidades reconhecidas pelo próprio MEC como sendo de qualidade inferior, concentrados nos Estados mais ricos, com financiamento concedido a filhos de famílias de classe-média, para matrícula em cursos de Direito, Administração e similares. O Ministro Renato Janine Ribeiro limitou o uso do benefício a famílias pobres, nas regiões mais pobres do país, para cursos de Engenharia, Medicina e similares, ministrados em escolas que venham merecendo boa conceituação.
Alvíssaras. As coisas vão tomando forma digna,pois tivemos alguns anos de descalabro descompromissado.
Reconhecidamente, o sistema de ensino brasileiro não é menos do que péssimo. Em diversos momentos forma bons profissionais. Mas, praticamente, nunca forma bons cidadãos. Os brasileiros não sabem o que é o Brasil, não conhecem a sua História, recebem informações rudimentares sobre a sua geografia e são ignorantes completos quanto à sua economia, problemas atuais e potencial. Não estão sendo ensinados a pensar, não sabem ler, não leem, carregam uma lastimável preguiça mental.
A pobreza é tal que, mesmo à esquerda, frequentemente se vê o dogmatismo tolo, simplificador de tudo: ‘os que não pensam exatamente como eu penso são fascistas’. Perderam alguns a capacidade de pensar e, de pensar indagativamente. Não há espírito crítico, o que o ensino puramente técnico e de má qualidade não contempla.
O que tudo isso tem a ver com o 16 de agosto? Serve para que se entenda toda aquela gente como o lixo social que as nossas escolas estão deformando. Para pedir a ditadura militar e a morte de políticos desagradáveis, as pessoas precisam passar por um apurado processo de animalização, aquele que o nosso sistema de ensino tem oferecido. O marketing transformando tudo em produto de consumo não durável, consumidores consumíveis, produz o restolho obsoleto do que teria sido um ser, e humano; hoje na avenida são zumbis alucinados.
Enfim, o esforço dos governos Lula e Dilma tem revertido tendências perversas, mas incorpora equívocos. Quem, não apenas os dois, mas pensados todos os que habitam hoje o nosso mundo político, possui competência para distinguir o que é humano daquilo que é simples charlatanismo?
Maria Fernanda Arruda é escritora, midiativista e colunista do Correio do Brasil, sempre às sextas-feiras.
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modestos 76%
Nassif,
Nada contra a pesquisa realizada sobre tema efetivamente relevante, mas sugerir que os brazucas alfabetizados da cabeça aos pés chegam a 24% da população é conclusão prá lá de otimista, quem sabe motivada por algum tipo de necessidade.
Os analfabetos disfuncionais estão por todas as partes, no Congresso existem centenas deles, a turma que comanda a LavaJato, o que são , a do “prende e depois apura” , o que não é se não um seleto grupo, quem sabe a elite dos anafabetos disfuncionais.
Matou a cobra e mostrou a
Matou a cobra e mostrou a cobra morta. Parabéns, Maria Fernanda, pelo belo artigo.
O tiro acabou saindo pela culatra
Não discordo do que a autora do post escreveu, mas vejo em tudo isso uma perversa ironia. A educação no Brasil é de fato um descalabro, e a bossalidade dos manifestantes é um retrato de sua indigência intelectual. Mas quem foi que acabou com a educação no Brasil?
A autora tenta jogar a culpa na “direita”, colocando no mesmo saco os militares e FHC, mas acaba reconhecendo que também à esquerda há indigência na pedagogia. Será coincidência? Não, não é coincidência. Deve ser lembrado que mesmo no tempo dos militares, havia um enorme número de professores esquerdinhas nas escolas, sobretudo os de História e Geografia. Vamos e venhamos: quem aqui, na faixa dos 30 ou 40, não é capaz de lembrar de meia dúzia de professores barbudinhos que aliás eram adorados pelos alunos, porque tinham uma aura de rebeldes que os assemelhava aos adolescentes, diziam coisas engraçadas, mas principalmente porque não arrochavam nas provas, já que na opinião deles o mais importante não era ensinar a matéria e sim “formar cidadãos”? Se o ensino da História consiste de dizer abobrinhas sobre as funções intestinais de Dom Pedro I e a feiúra da princesa Izabel, então a matéria toda se reduz a uma piada e a turma pode relaxar!
A magnífica ideia de “formar cidadãos” nas escolas acabou sendo um tiro que saiu pela culatra. Quem me fez entender isso foi um professor de geografia de ensino médio, com uma única frase: “Olha, Pedro, quando eles não querem assimilar uma coisa, pode falar cem vezes que entra por um ouvido e sai pelo outro”. Mas por outro lado, os adolescentes sabem muito bem apreciar o professor que não diz coisas difíceis. Assim sendo, toda pedagogia ideologizada, independente do viés ideológico, tem duvidosa eficácia para incutir ideias, mas por outro lado tem eficácia garantida para emburrecer o aluno, pois transmite informações incompletas, esquematizadas e ilógicas. Isso atrofia o raciocínio. A inteligência só se desenvolve quando o educando é capaz de perceber consistência nas informações que lhe são passadas e chegar à conclusão com seus próprios meios. Não é por mero acaso que os alunos brasileiros estão entre os piores do mundo, e além de burros, indisciplinados. Sem disciplina não se faz nada. Nem revolução.
ela esta certa mais é
ela esta certa mais é preciso notar que para se modificar um mal que nao vem de 20 anos atraz pelo contrario ha 100 anos ja tinhamos probnlemas nas escolas publicas.mas nao custa lembrar que ha exatos 55 anos as escolas particulares nao tinham vez, eram consideradas tipo PAGOU PASSOU, e ja o ensino publico era de boa qualidade.apesar de ja ter alguns problemas é claro mais dava nos atuais de 100 x 0 – Hoje o professor nao pode expulsar um estudante que vai para a escola so aliciar outros jovens e vender maconha, cocaina etc pois a secretaria de eduaçao proíobe. Hoje os professores que ja nao se interessavam antes agora sao muito piores nao se interessam e nao vao para as salas de aula cumprir com sua obrigaçao.
Esta semana mesmo vi o caso na tv de uma professora que parece en engargelou o aluno para tomar o celular que ele certamente estava usando em sala de aula e atrapalhando outros que querem aprender. Provavelm,ente ela o agarrou porque houve resistencia do delinquente. Delinqu ente esse que se acha no direito de gritas na cara dos profgessores que ninguem pode tocar a mao nele e ele pode fazer o que quizer. A reportagem é sugestiva da forma como foi feita coloca a professora entre a cruz e a espada. mais eu nao vejio assim. Se a professora avisa ao aluno que ele nao deve usar celular enquanbto estiver assistindo aula ele tem a obrigaçao de obecdecer. Os colegios estao mal preparados seu funcionamento deixa muito a desejar. Era preciso que houvesse um conselho de classe com censores psicologos que pudessem acompanhar os alunos. porque alunos indisciplinados logo deixam sua marca e podem ser muito bem monitorados. inclusive nos corredores sanitarios, areas livres salas de aula deviam ser monitoradas pór cameras o que ajudaria e muito se tomar certas atitudes contra esse ou aquele aluno que nao vai para a escola estudar e sim badernar e atrapalhar aqueles que querem. Essas ovelhas negras devem ser separadas,. A SECRETARIA de educaçao deveria ter um colegio no caso ate militar para encaminhar esse tipo de aluno.
Quanrto a qualidade do ensino seria bom que nossos colegios voltassem aos livros antigos, como aquele que nós usamos a partir das 4ª serie, iQUINTO ANO DE ADMISSAO) a FORMA do aluno ir mudando de serie sem aquela que o levaria ao 1º ano ginarial esta correto mais aquele exame de admissao penerava muito a qualidade dos alunos ou estudava ou perdia. Dificilmente um aluno entrava para o primeiro ano ginasial sem saber fazer uma conta , ou saber portugues, matematica, cienas geografia, porque o exame cobrava tudo isso. Alguns alunos perdiam o exame por nervosismo foi o meu caso,. nem me importei, partir para outra. No atual model voce vai passando de serie e muita porcaria consegue ir passando quando voce v ai ver o cara nao sabe falar direito, nao sabe escrever, naol sabe matematica e principalmente as 3 contas elementares. Tudo isso tem que ser revisto. inclusive se preparar os professores porque a maioria deles e eu ja tive experiencia com isso aqui na internet quando conversava com professoras que elas escreviam palavras erradas. Se eu errar tenho a desculpa de nao ser professor mais o professor nao tem desculpa nenhuma para escrever ou ate falar errado. Entao tem que se preparar mais os mestres, dá a eles melhores salarios. O PROFESSOR É AQUELE QUE LEVA O ALUNO A SER UM GRANDE CIENTISTA, UM ECONOMISTA, ENGENHEIRO, MEDICO E ELE PRECISA TER DIGNIDADE, SER RESPEITADO, PORQUE EU SEI QUE UM PROFESSOR FICA MUITO FELIUZ DE SABER QUE UM DIA FOI PROFESSOR DE UMA GRANDE FIGURA
Por falar em analfabetos. …
Ela está certa MAS é. ..
Excelente pesquisa e reflexão!
Maria Fernanda, excelente pesquisa e reflexão! Espero que o governo aproveite o conteúdo dessa pesquisa e de outros estudos sérios para enfrentar os poderosos grupos contrários, e realizar as grandes mudanças que o Brasil precisa para a formação de cidadãos melhores.
Educação / analfabetos – por Maria Fernanda
Luis Nassif e Maria Fernanda Arruda, uma obs. quanto ao tema EDUCAÇÃO. Com a obrigatoriedade de 25% do orçamento municipal na educação, existe um verdadeiro abuso e em alguns casos corrupção das mais deslavadas em relação ao transporte escolar e o corporativismo dos educadores não deixam mudar. Primeiro que crianças e adolescentes que moram na zona rural, são obrigado as vezes acordar de madrugada para esperar o transporte escolar, para chegar as 7 hs. na cidade; estradas precárias, desconforto, acidentes, este transporte é próprio da prefeitura e em outras situações tercerizados e muitas delas, com suspeitas seja do serviço prestado por aliados do grupo político dominante ou mesmo os cartéis de empresas que vencem estas concorrências. Com isso, milhões são gastos anualmente como se fosse EDUCAÇÃO. Faço parte do CMPD Conselho Municipal do Plano Diretor de Avaré – interior de SP. Chegamos a discutir por que nos bairros rurais mais populosos, não volte a ter a escola rural pelo menos até determinadas séries. Não seria mais fácil em vez de várias kombis ou onibus para transportar dezenas ou até centenas de alunos, regionalizar e transportar os profissionais para atender eles lá? Os trabalhadores da educação justificaram que isso seria inviável e estaríamos isolando estas crianças do convívio da cidade – como se hoje mesmo em locais distantes, as informações chegam. Por outro lado, os profissionais da área agropecuária, técnicos, engenheiros agrônomos e mesmo pequenos proprietários concordaram com esta proposta. Mas daí para se chegar num consenso e conseguir implementar…. dançou… as crianças e adolescentes continuam na estrada e os milhões gastos anualmente. Aqui em Avaré se não me engano, somente com fretamento é cerca de R$ 1,1 mi por mês, fora os veículos próprios da prefeitura, que são dezenas….
Aí, aliança liberal, morda a testa…
Aí, “aliançaoneideliberal”, se soube ler, e ficar “bravinha” morda a testa… Se não der chama seu chefinho (kkkkkkkkkkk):
Critério ultrapassado
A preocupação da autora é nobre. Mas há um tom de Apocalipse impróprio para um texto analítico além de partir de conceitos um pouco superados. Evidente que aqui minha crítica vai para os institutos que insistem na definição de “analfabetismo funcional”
Um outro problema do texto é atribuir ao Brasil alguns fenômenos mundiais além de evidentemente confundir educação política com índice de alfabetização.
Uma dica é que há pesquisas sérias feitas por linguistas e educadora sobre graus de letramento no país..
Por fim..Temos que parar com essa mania de achar que “o Brasil é o pior dos mundos” Acompanhe as discussões sobre educação mesmo em países ricos e veja os problemas que se relatam por la..
teatro
Sem tirar os muitos méritos da autora do post, é um erro grave dizer que o teatro brasileiro da época da ditadura foi transformado em forma de lazer que antecede a pizza do sábado. Isto é uma inverdade. Enorme e injusta. No Brasil todo, desde as pequenas cidades do interior com seu vigoroso teatro amador ligado às Federações Estaduais até os grupos das capitais – de todas as capitais, com seus sindicados e Associações Profissionais – houve uma resistência insana contornando censura, criando metáforas, criando público em inúmeros festivais, promovendo debates, conferências, oferecendo oficinas. É um desconhecimento histórico imperdoável. Chega a ser ridículo – e digo até, colonialismo – referir-se à resistência do teatro brasileiro à ditadura como restrita ao “esforço magnífico de Guarnieri, Ruth Escobar, Zé Celso, Vianinha e outros”. Isto é também analfabetismo funcional. Abraço. Walmir
Em vários momentos onde a
Em vários momentos onde a autora deveria escrever “analfabetismo”, ela escreveu ” alfabetismo”. Isso dá o tom do tamanho do problema: colunistas analfabetos. Sem salvação esse país..
Impossível escrever artigo
Impossível escrever artigo melhor sobre o atual cenário da educação brasileira.
Os contrariados de hoje e de ontem
A jornalista Maria Fernanda Arruda nos apresenta seu maniqueísmo elevado à enésima potência. Aplaudir ou protestar contra o Governo ou determinado partido é um direito democrático.É obvio que isso pode contrariar ou aborrecer divergentes. Mas, e daí?
Generalizar e usar depoimentos editados como critério de avaliação é apenas uma presunção autoritária de argumentação conveniente. No Youtube encontramos essas seleções de gafes e asneiras produzidas por políticos, autoridades, jornalistas e cidadãos comuns.Tem o FHC chamando aposentado de vagabundo, o Lula dizendo que Pelotas é um polo exportador de viados, a Marta Suplicy mandando o povo relaxar e gozar, a Dilma fazendo uma ode à mandioca ou com aquele discurso de que cada criança tem atras de si um cachorro, e por aí vai. São estúpidos, analfabetos? Acho que não. Apenas cometem deslizes e atos falhos circunstancialmente.
Uma vez a Turma do Casseta & Planeta fez uma enquete aleatoria na rua. A pergunta: Você é heterossexual? Houve negativas veementes. E se a pergunta fosse séria, sobre política? O resultado seria igualmente risível.
Lamentavelmente somos um país onde a grande maioria tem baixa escolaridade, pouca articulação verbal e escrita e, sobretudo, um estreitíssimo discernimento político. É por isso que nulidades fazem carreira nas Câmaras, Prefeituras, Governos e Assembleias Estaduais, Presidência, Senado e Câmara Federal.
Sou contrário a essas manifestações inúteis, esse oba-oba ora governista ora oposicionista. Não é um panelaço ou uma minoria barulhenta ou um bando de arruaceiros que vai derrubar o Governo. Isso até pode ser desejável ou não, mas condicionalmente.. Há parâmetros jurídicos e Contitucionais para isso.
A propósito: o Governo FHC começou a descarrilar a partir de 1999; então o sapientíssimo líder Tarso Genro formulou uma proposta parlamentar de renúncia e novas eleições para um mandato tampão até 2002. Ele balão de ensaio estapafúrdio foi suficiente para o Deputado Milton Temer (PT-RJ) organizar manifestações no Rio de Janeiro e tentar estendê-las para o resto do país. Muita gente foi às ruas em apoio aos dois políticos citados.
Pergunto: Eram também analfabetos disfuncionais? As manifestações da epoca eram menos legítimas que as atuais?
Respondo: A insatisfação era compreensível, o caminho sugerido era equivocado e as manifestações eram perfeitamente democráticas. Era a mesmíssima situação de hoje.
PS: Imagino uma reforma política que contemple uma “recall” para Governantes após 2 anos da eleição. Se nesse período não mostrarem serviço poder ser tranquilamente mandados para o inferno. Não é preciso fuzilar.
Fora do contexto?
Antes que alguem questione, explico. O artigo foca na educação e meu comentário não. Há nas entrerlinhas uma inconformidade com os protestos contra o Governo e o PT. E que se os manifestantes fossem “educados” estariam aplaudindo e não reclamando e falando bobagens. É a mensagem subliminar e ideológica. Discordo. Essa defici|ência inegável e lastimável não invalida os protestos; apenas deslustra e desqualifica um contingente de descontentes.
Não tem jeito: onde se intala
Não tem jeito: onde se intala o capitalismo liberal, grassa a ignorância cidadã. Sempre. E ainda mais num país como o nosso, em que esse capitalismo se instalou pela força das armas, ditatorialmente. Oficialmente foram pouco mais de vinte anos; na prática, há reflexos até hoje e que haverão ainda por muito tempo. Foi fácil escravizar a classe média com contas de vidro coloridas nas cores da Disney, tirar-lhe o gosto pela liberdade, autonomia, soberania e cidadania. Até hoje essa classe ama que haja um “american way of life” para lhe balizar, dizer o que é certo e o que é errado, que filme é legal, que jeito de pensar é in. E ainda dizem que “as esquerdas” é que doutrinam, é mole?
Houve Avanço: Inclusão Social
Bom dia.
No meu blogue, tratei sobre: Carta Aberta Ao Ministro da Educação, A Questão Curricular – Disciplinas Criticistas. Discutíamos sobre a supressão das disciplinas criticistas do Curriculum do Ensino Médio e de seus perversos desfechos, caso se tomassem tais medidas. Felizmente, não por causa do meu texto, claro, mas a ideia não foi avante e Janine, o sucessor, sequer aventou sobre. Malgrado concorde com a autora, no que tange à [falta de] qualidade, o ensino brasileiro prosperou, se se considera que ele conferiu inclusão social. Tirou o atributo de elite da escola, até certo ponto. Imperdoável, para a mesma elite. São várias lutas: inclusão, aperfeiçoamento, discussão contante.