Breves considerações sobre as UPPs

Mario Brum / Doutor em História Social – UFF e Pós Doutorando em Planejamento Urbano IPPUR-UFRJ/FAPERJ

 

1- Desde a década de 1980, as quadrilhas de traficantes vêm se estabelecendo como ‘centros de poder’ nas favelas, distinguindo-se da situação existente até então em que vários núcleos (associação de moradores, comissões de água, escola de samba, times de futebol, grupos culturais, igrejas, etc) organizavam e representavam os moradores. Na década de 1990, esse processo de centralização se consolida, com o tráfico estabelecendo um rígido controle sobre a dinâmica sociais e políticas das favela.

Alguns desdobramentos disso são: o controle do cotidiano dos moradores, as restrições à sua organização e a existência de uma geração que, tendo 30 anos ou menos, não conhece outra realidade que não seja a vida sob domínio do tráfico, que regula quem entra e quem sai da favela; o que pode e o que não pode; que vive sob a tensão de confronto a qualquer momento; que vive sob jugo de quadrilhas que têm sido cada vez mais arbitrárias nas sua relações com moradores, praticamente não existindo mais a figura do traficante justiceiro e protetor da comunidade.

A UPP interrompe essa lógica. A primeira sensação do morador quando de sua instalação é a de liberdade, o fim do domínio do território pelas quadrilhas e do estabelecimento de sérias limitações à sua rotina e do risco de se fazer atividades banais, como ir ao mercado, sair para trabalhar, conversar na rua.

2- Ao apresentar a proposta de não eliminar o tráfico, mas o domínio armado de áreas da cidade por traficantes, as UPPs apresentam algo novo ao debate, ou resgatam iniciativas anteriores de reformulação da segurança pública pra a além da metáfora da guerra, que cobra um alto preço em vidas humanas de ‘bandidos’, inocentes e policiais.

Criou-se a oportunidade de um profundo debate sobre segurança pública, e as causas da violência, as drogas como questão de saúde, etc. Infelizmente, esse debate é pouco ou nada travado, principalmente pelo tecnicismo das autoridades, que, se por um lado não se negam a falar sobre as UPPs (vide a presença constante na mídia), por outro não parece haver a mesma disposição em ouvir.

As UPPs, desde sua instalação na favela até seu formato, ‘vêm de cima’, o que, ao fim e ao cabo, envolvendo dois atores historicamente conflituosos e desconfiados entre si (moradores de favelas e policiais), muito dificulta para se criar um ambiente de confiança e credibilidade mútua para que surja uma nova realidade nas favelas.  

3- Mudanças na imagem e na auto-imagem da favela: a favela não é ‘outra cidade’. Ao receber a UPP e isso causar a interrupção de tiroteios constantes, ou o risco de que eles ocorram, as relações de preconceito e desconfiança construídas secularmente entre a favela e a cidade, ou mais especificamente, o ‘asfalto’, são ressignificadas. No ‘asfalto’, os moradores de favelas que compram no comércio, trabalham nas casas, usam equipamentos e espaços de lazer, e se integram ao mercado de trabalho local, percebem uma nova imagem que a favela ‘pacificada’ apresenta ao bairro, que acaba interferindo na sociabilidade entre eles e se reflete na autoimagem que os moradores têm da própria favela, que passa a ser positivada.

4- ‘Liberdade’ para receber visitas. A partir dessa positivação na imagem da favela, o ‘medo’ anterior por parte de pessoas estranhas à rotina da favela é reduzido drasticamente, com os moradores, no geral, passando a receber mais visitas: tais como parentes, amigos do trabalho, colegas de escola, etc. Isso inclui a possibilidade do comércio receber clientes da cidade como um todo, como o Bar do David, no Chapéu Mangueira se destacando como caso de sucesso, ou mesmo caminhões de lojas, entrega de farmácias e pizzarias em casa.

Por outro lado, o comércio da favela se depara com essa nova concorrência guiada por agentes de mercado mais consolidados e mais poderosos. Vale considerar que o comércio nas favelas, em números de 2008, movimentava 3 bilhões de reais por ano (“Comércio nas favelas fatura R$ 3 bi por ano” – O Globo, 24/08/2008)).

5 – Ressurgimento intermitente e contraditório do movimento comunitário: Talvez seja o efeito mais surpreendente.  Ao reduzir (mas ainda não eliminar _ é necessário frisar) o poder do tráfico como ator principal na favela, onde cada comunidade é um caso particular, as UPPs têm possibilitado que o movimento comunitário, que esteve, por quase duas décadas, submetido ou sob forte restrição do tráfico, retome sua autonomia, movimento que não necessariamente passa pela associação de moradores.

Os próprios excessos cometidos pelas UPPs passam a ser alvo de denúncias e manifestações que mobilizam as comunidade, como o ‘Ocupa Borel’. Do ponto de vista do Estado, é necessária a compreensão de que considerar tais tipos de movimentos como ‘reação do tráfico’ acaba por ofuscar um dos maiores méritos da UPP, que é o direito à divergência, à livre manifestação, impensável anteriormente sob domínio do tráfico, e que deve ser algo cada vez mais valorizado por todos os atores.  

6 – A sensação de ‘alívio’ que a UPP traz aos moradores e ao entorno se deve principalmente à redução dos índices de mortes nas áreas da UPP, principalmente pela interrupção dos confrontos entre quadrilhas de traficantes e destes com a polícia. Principalmente as mortes decorrentes das operações policiais, o que demonstra que a mudança no modo de agir da polícia é peça-chave para o sucesso da pacificação. Este é o ponto mais positivo, em que pesem todas as críticas, obstáculos e problemas relacionados às UPPs, o direito à vida e à integridade física não são meros índices ou conquistas menores para as populações que viviam permanentemente expostas aos riscos de uma incursão policial ou ao arbítrio dos traficantes.

Nesse sentido, a perda dessa regularidade, como no caso do pedreiro Amarildo na Rocinha, pode ter consequências terríveis para a confiança da população no programa.

7 – O ponto mais complexo, e cujo questionamento precisa ser feito, é sobre a função da UPP. Quando e como o programa terá atingido seus objetivos? A população das favelas, de modo unânime, aponta que o limite do programa é 2016, após a Olimpíada. O sucesso do programa se baseia nisso? Se até 2016 as favelas estiverem ‘pacificadas’, obteve-se êxito? Ou a pacificação é um processo mais longo, e mais profundo?  A taxa de policiais por habitante em algumas UPPs (1/60 no chapéu Mangueira/Babilônia) não encontra paralelo no mundo, e é inviável a longo prazo e/ou em larga escala. O que demonstra os limites do programa.

Como falamos acima, as favelas não são ‘outra cidade’. São plenamente integradas de modo subordinado à cidade, através do consumo, do trabalho, da política eleitoral, lazer, etc. E também é falsa a ideia de “ausência do Estado” nelas. No entanto, a qualidade e a legitimidade do Estado se realizam de modo bem diferente no ‘asfalto’ e na favela. Segurança, justiça, consumo, renda… são aspectos em que há um largo abismo entre a ordem estatal e as favelas.

As UPPs podem alterar isso, tornando as favelas territórios em que lei, ordem estatal e regulamentos urbanos precisam e podem ser feitos, assim como em toda a cidade, ainda que compreendendo as marcantes diferenças entre realidades locais e maias, reconhecendo o enorme passivo que as favelas têm, que não será resolvido em curto prazo.

Bailes funks e festas não são aceitos sem ressalvas por todos os moradores, com muitos reclamando do barulho até o dia amanhecer, em que não conseguem dormir pela proximidade dos eventos. Entretanto, a falta de opções de lazer, o significado social e cultural do baile e o movimento no comércio local (salões de beleza, por exemplo) são elementos importantes que moradores, principalmente os jovens, apresentam, com razão, para questionarem a proibição dos bailes, ainda mais pelo fato de outras atividades de lazer, essas destinadas às classes de maior poder aquisitivo, nos morros inclusive, não sofrerem restrições tão fortes.   

Assim, se a UPP mostrar apenas uma face repressora, a percepção de moradores sobre a polícia e a ordem estatal não serão alteradas, permanecendo, aos seus olhos, a secular tentativa de controle por parte do Estado, expressão que tem ganhado força nos últimos meses entre lideranças, moradores e acadêmicos.

Caso a função das UPPs seja apenas vigiar moradores para que cumpram regras, que sem dúvidas precisam existir e a cidade como um todo tem a ganhar, inclusive os moradores das favelas que saem de uma área cinza marcada pela informalidade e a ilegalidade, e dentro disso, a ‘novidade’ for apenas a cobrança de taxas, impostos e regulamentos a grupos historicamente desprivilegiados de renda e cidadania, o efeito da UPP será de uma longa e inexorável remoção, afastando para periferia os moradores das áreas centrais da cidade. Perdendo o Rio a riqueza de sua diversidade cultural e social.

E quem acreditar que isso é um modo de resolver a violência, que veja o caso de São Paulo com centro-periferia fortemente marcados, e episódios de crimes caracterizados pela excessiva violência e desprezo pela vida humana, talvez (isso é apenas uma hipótese) pela falta de uma sociabilidade numa cidade em que as diferenças e os encontros com o outro, não de forma sempre subordinada, façam parte do cotidiano.

 

8- A implantação das UPPs se dá na esteira do momento atual do Rio de  Janeiro de Grandes Eventos, que paralelo  e correlacionado aos impactos da exploração do Pré-Sal tem impulsionado a economia da cidade do Rio, Região Metropolitana e Estado. Num proejto (cujas origens remetem, de forma embrionária ainda quando nas candidaturas olímpicas anteriores, e melhor estruturada a partir do Pan 2007) da cidade do Rio ser uma cidade ‘competitiva’, ‘global’, polo turístico… com diversas implicações na forma e dinâmica da cidade .  

As UPPs devem ser compreendidas também à luz desse movimento de (re) tomada, por parte do capital da cidade como um todo, e de partes dela, considerando que, mesmo nas áreas mais valorizadas da cidade, a informalidade (e por vezes, a ilegalidade) criava dificuldades de acesso por grandes agentes de mercado.

 A instalação de agências bancárias no Alemão e na Rocinha, e nessa última, o diversificado volume de comércio por parte de franquias comuns no ‘asfalto’ existente no período pré-UPP são mostras de quão estratégico é o mercado consumidor nas favelas. De modo que uma agência de publicidade recentemente lançou uma campanha para “convocar a iniciativa privada para fazer parte dessa transformação social que estamos vivendo[1]. A agência visa facilitar a entrada da iniciativa privada nas comunidades, segundo a diretora, auxiliando os agentes privados a ter acesso ao “novo contingente de pessoas que começa a se relacionar com marcas, adotando novos serviços.”[2].   

Por outra via, a formalização se reflete também na redução de prejuízos por parte de grandes empresas, notadamente as que sofriam prejuízos pela situação de informalidade, não raro mantida pela presença de elementos armados que inibiam tentativas de regularização. Para ilustrar isso, na esteira da instalação das UPPs, a Light, empresa de energia elétrica, tem alcançado índices de quase 99% de rede formal, como no caso do Santa Marta, revertendo uma situação que a fez aumentar a arrecadação nessa comunidade em 5.437%. (“Light já reduziu em 90% ‘gatos’ de energia em cinco comunidades com UPPs“ – O Globo, 03/01/2012)

 Sintomaticamente, imediatamente após a ocupação da Rocinha por forças policiais, em novembro de 2011, a Light teve uma das maiores altas do dia na Bolsa de Valores de São Paulo.[3]

O comércio varejista na área imediata às favelas pacificadas também é outro ator que vê oportunidades a partir das UPPs. Comerciantes elogiam a política que, segundo eles, teria promovido um aumento de vendas e/ou serviços tanto por clientes do asfalto, que se sentem mais seguros para (voltar a) frequentar áreas contíguas às favelas antes consideradas ‘de risco’, quanto por uma maior clientela entre os próprios moradores das favelas, que passaram a receber uma entrega de farmácia, por exemplo (“Movimento cresce em lojas que ficam perto de favelas com UPP “- O Globo, 12/03/2010).

Pela mesma razão, outro efeito, talvez o maior deles, da UPP que se reflete em ganhos de capital no asfalto é no mercado imobiliário. Segundo boletim da Secovi-RJ, entidade que congrega administradoras de imóveis e imobiliárias, de 2010, as primeiras UPPs do Santa Marta e Cidade de Deus provocaram, respectivamente,  valorização de 40% no valor de venda em apartamento de dois quartos em Botafogo, e 23% em Jacarepaguá. (Boletim Investimob –Secovi/Rio. jul/ago/set de 2010)

 Essa valorização permanece crescente no período posterior, com a Zona Norte, principalmente o bairro da Tijuca, em que todas as favelas têm UPPs implantadas, liderando a procura por imóveis. Novamente, segundo informação do Secovi/Rio “O interesse dos inquilinos e compradores vem aumentando devido à sensação de segurança gerada pelas UPPs e aos lançamentos com características semelhantes aos da Zona Sul”.[4]  

 

9- O último ponto é que, segundo o Secretário de segurança José Mariano Beltrame, a UPP seria uma ‘nova polícia’, livre dos vícios e das velhas práticas. A construção de uma polícia comunitária tem se dado no campo popular desde o período da Redemocratização, e não deve ser menosprezado todo o esforço que se fez nesse sentido e os investimentos atuais, incluindo o capital simbólico que diversas lideranças comunitárias empenharam nesse projeto.  As crescentes queixas de moradores em relação aos abusos, com alguns casos vindo a público, e notícias de corrupção, tem minado a confiança da população de que a UPP represente uma nova polícia. Cada vez mais os indícios são de que a ‘velha polícia’ está engolindo as UPPs.

Há de se ter um debate maior, que passe pela discussão sobre a função e a forma da próprias polícias, em que a desmilitarização surge como questão urgente e possível no horizonte hoje. As formas da Polícia Militar atuar nas recentes manifestações expôs à toda cidade um pequena mostra (e bem pequena, diga-se de passagem) de como ela atua cotidianamente, sob ignorância e/ou silêncio da maioria, há décadas nas favelas.

Enfim, é necessária, e urgente, uma re-pactuação em que os principais interessados na ‘pacificação’, os moradores de favelas, sejam chamados a opinar e auxiliarem a conduzir o processo, de modo a garantir que ele possa, ainda, se efetivar.


[1] Site eletrônico da Agência NBS http://www.nbscom.com.br/manifesto.html Acesso em 11. jun. 2013

[3]Ação da Light avança na Bovespa após ocupação da Rocinha” site eletrônico UOL Economia (http://economia.uol.com.br/cotacoes/ultimas-noticias/2011/11/16/acao-da-light-avanca-na-bovespa-apos-ocupacao-da-rocinha.jhtm) Acesso em 02 jun. 2013

[4]Site eletrônico da Secovi/Rio http://www.secovirio.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=5259&sid=209. Acesso em 13. jun. 2013.

 

Redação

9 Comentários

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  1. Muito bem escrito e atrelado

    Muito bem escrito e atrelado à realidade, assinaria embaixo.

    Só faria uma única ressalva: confiança em polícia? difícil confiar num instrumento de repressão em qualquer circunstância. onde policiais são sócios maiores ou menores de toda a cadeia do crime.

  2. Essa é a opinião de quem só

    Essa é a opinião de quem só conhece parte da história, parece leitura de morador da z. sul…….a política de UPPs está massacrando a população das áreas onde não há UPP, em razão da migração em massa de criminosos oriundos de comunidades “pacificadas”.

    Ninguém dá bola pra isso, mas a verdade é que estão criando áreas muito mais perigosas, em lugares onde o tráfico não era tão intenso e armado. Infelizmente os progressistas que não atravessam o Rebouças ficam com suas análises prejudicadas e não percebem o surgimento de outros complexos, rocinhas e tal, muito mais armados e violentos.

    Socorrooooooooooooo grita o subúrbio……..Honório Gurgel, Anchieta, Bangu, Campo Grande, Santa Cruz, Barros Filho, Costa Barros……………………..ou a UPP é pra todos ou pra ninguém.

    1. O espaço é pouco para abordar

      O espaço é pouco para abordar toda a complexidade do assunto.
      Mas é verdade. Esse, é um ponto importante a ser esclarecido; se a UPP tornará possível a médio prazo, uma mudança na dinâmica do tráfico, em que o fluxo do tráfico  para áreas mais ricas da cidade implicará num tráfico menos armado e ostensivo, ou se as UPPs visam apenas tornarem uma parte da Região Metropolitana segura, deixando outras áreas ‘descobertas’,em que prevale a veljha tática das operações policias onde se mata e se morre,  

       

      Ah, e eu moro na Zona Norte do Rio.

      1. Relendo meu comentário

        Relendo meu comentário percebi que foi um desabafo e acabou parecendo agressivo, como não era minha intenção atacá-lo peço sinceras desculpas. MInha indignação é com o tema apenas.

        Imagino a profundidade de sua pesquisa, sua dedicação e tdo mais, mas como vc msm disse, a questão é bem mais complexa, de forma que qdo uma análise é apresentada parcialmente não podemos deixar de destacar o lado negro da questão, sob pena de abstrairmos a outra parte do debate, igualmente importante para entendermos o impacto das UPPs na cidade e no Estado, e principalmente para reavaliar o projeto antes que seja tarde demais, como sempre.

        Algumas questão elementares que o Beltrame parece não considerar importante: 

        – é possível instalar UPPs em todo o subúrbio tb? 

        – por que começar – e parar – pela Z. Sul?

        – se os traficantes estivessesm fazendo o sentido contrário, migrando do subúrbio para a z. sul, será que a “opinião pública” estaria tão indiferente? Certamente o Beltrame não seria tão celebrado, afinal, varrer a sujeira para debaixo do tapete do subúrbio é mole mole.

        – pode ser considerado vitorioso um projeto que melhora a vida numa área e destroi em outra? Ou será que não estamos percebendo a dimensão do que está acontecendo? Doutores, parem um pouco de estudar o óbvio, as melhorias de vida nas pacificadas é óbvio ululante….como sempre o subúrbio paga a conta do jantar em silêncio, e continua de barriga vazia.

         

        A situação é de calamidade, o complexo do alemão apenas mudou de endereço……e agora possivelmente teremos não um, mas alguns complexos…

         

  3. O erro iniciou-se pelo “batismo”

    Sociologos adoram pesquisar e escrever bastante, vicio academico brazuca, mas faltou explicar o básico: o nome UPP está errado de origem e contamina toda a operação e por consequencia, os policiais a elas designados.

    Por que Unidade de Policia Pacificadora, nome que carrega uma besteira, que já coloca de origem a ação em uma area conflagrada, fora do controle do Estado – na cabeça mal formada de nossos orgãos de segurança publica: inimigos.

    Não existiam, nem existem areas a serem “pacificadas”, segurança publica e/ou PMs não são “capacetes azuis” da ONU, ou forças de intervenção – segurança publica não é só policia, favela/comunidade não são “aldeias estratégicas segregadas” –  o policiamento comunitário (outra falácia) não subsiste, a não ser como repressivo, sem o acompanhamento próximo dos outros “atores” estatais: MP,defensoria, posto de saude, saneamento,educação, serviço social.

    Caso nossos governantes quisessem, poderiam a partir deste arremedo de modelo, começar através dele o processo de desmilitarização das PMs, os “pacificadores” nunca deveriam ser os formados na ultrapassada doutrina que ainda viceja nas PMs nacionais.

    O governo do RJ e seu secretário fizeram um grande show para midia, e para o contentamento fortuito da classe média, como diriamos se fosse no mercado financeiro: estão colocando dinheiro bom para sustentar um projeto ruim, capenga – ou na aeronautica: possuem um 14-bis e querem que ele voe como um Mirage.

  4. Breves considerações sobre as UPPs

    Assim como o autor do texto, sou moradora da Zona Norte.

    Conheço moradores da Zona Sul que desenvolvem trabalho social na Rocinha há muitos anos, muito antes das UPPs, antes mesmo da chegada dos traficantes.

    Conheço moradores ou vizinhos de outras comunidades já pacificadas, como por exemplo: Pavão-Pavãozinho, Cerro Corá, Cidade de Deus e Alemão.

    Também de comunidades ainda não pacificadas, como Vigário Geral e Jacarepaguá além do complexo do Lins, de quem sou vizinha e que se encontra em processo de pacificação.

    Nunca ouvi NENHUM comentário contra a pacificação, por parte dos que moram nas já pacificadas e, dos demais, o que ouço é sempre a esperança de que a pacificação chegue até eles.

    Há críticas pontuais, mas nunca o repúdio. A diferença é tão grande, que, para TODOS os que conheço, é impensável um retrocesso.

    O Complexo do Lins nas vizinhanças de onde moro tornou-se esse mencionado refúgio de traficantes. Agora o território está, progressivamente, sendo resgatado.

    O secretário Beltrame há algum tempo, em entrevista, referiu-se ao alto número de traficantes fugitivos das comunidades pacificadas que já foram resgatados e presos (não tenho de memória o número citado, mas, na época, fiquei admirada, pois pensava que ninguém havia sido alcançado).

    É um projeto ruim? Eu pergunto: alguém tinha outro que em tão pouco tempo alcançasse o mesmo resultado? Nem digo MELHOR, digo simplesmente, OUTRO QUALQUER.

    A quem interessa combater e desmontar as UPPs: Traficantes? Milicianos? Banda podre da PM? Políticos que estão à frente (ou por trás) desse movimento de descrédito das UPPs, interessados em dividendos políticos? Ou todos ou vários deles em comum acordo?

    É a resposta que gostaria de ter, porque os moradores é que não são. Pelo menos, não os que não são comprometidos com algum “esquema escuso”.

    A manipulação política dos moradores da Rocinha, por exemplo, ficou clara quando um grupo mínimo, comparado ao número total de moradores, saiu em passeata, em junho, com cartazes bem elaborados, pedindo: saúde, educação e saneamento básico, EM VEZ do teleférico prometido.

    Estranho, já que as passeatas haviam começado, justamente, por uma demanda angustiada por transporte de massa.

    Só que, cerca de duas semanas antes das passeatas, a Presidenta Dilma estivera na Rocinha assinando o contrato para as obras da segunda parte do PAC (que só serão possíveis de serem concretizadas por causa da pacificação promovida pela UPP).

    De que obras se tratava? Do Plano Diretor da Rocinha, onde estão previstos não só todo o Saneamento Básico, ALÉM do teleférico, escola, unidade de saúde, ponto de cultura e esporte, etc. Transcrevo aqui para que se tenha uma ideia do alcance do que foi contratado e do inusitado do que se pedia nos cartazes:

    “Obras do PAC 2 na Rocinha vão priorizar saneamento básico

    Rio de Janeiro – Saneamento básico, drenagens de valões e urbanização vão ser prioridades nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2 na favela da Rocinha, na zona sul da cidade. As obras, que devem começar no final deste ano (2013), foram lançadas em junho pela presidente Dilma Rousseff, e estão orçadas em R$ 1,6 bilhão. A previsão é de que fiquem prontas em 2015.

    O PAC 2, parceria entre os governos federal e estadual, também inclui a construção de um espaço de desenvolvimento infantil (EDI), que integra creche e pré-escola.

    O secretário estadual de Obras, Hudson Braga, disse hoje (1º), em nota, que as obras do PAC 2 fazem parte do Plano Diretor da Rocinha, elaborado por engenheiros, arquitetos e técnicos do estado, depois de discussões com as lideranças da comunidade, desde 2008.

    “A maior parte dos investimentos será nessas obras. Vamos atender a mais de 20 mil moradias com saneamento básico. Haverá 100% de tratamento do esgoto que hoje desce a céu aberto pela Rua do Valão. Vamos separar toda a água da chuva, o esgoto e o lixo e, além disso, vamos fazer creche, escolas e urbanização”, explicou.

    Também está programada para as obras do PAC 2 a implantação de um teleférico na Rocinha. O sistema é um meio de transporte de massa interligado à estação de metrô da Linha 4, prevista para ficar pronta no final de 2015.

    “O teleférico vai transportar diariamente milhares de pessoas, a exemplo do que ocorre hoje com o do Complexo do Alemão, interligado aos trens da Supervia na Estação de Bonsucesso. Uma pessoa que mora no topo da Rocinha vai poder usar o teleférico e se conectar com o metrô. De lá, irá para a Barra, onde se conecta com os BRTs [sigla em inglês para transporte rápido por ônibus] e pode chegar até Santa Cruz. Vai a Ipanema, Leblon, para o centro da cidade. Pode usar também os trens da Supervia e chegar até a Baixada Fluminense. E ainda gera muitos empregos” ressaltou o secretário.

    O PAC 2, parceria entre os governos federal e estadual, também inclui a construção de um espaço de desenvolvimento infantil (EDI), que integra creche e pré-escola, além de oficinas sociais e culturais nas estações do teleférico e nos novos conjuntos habitacionais.

    Por meio do PAC 1, iniciado em 2008, o governo federal investiu R$ 272 milhões na Rocinha. As obras de complementação do PAC 1, orçadas em R$ 22,5 milhões, estão em andamento. A parte final do programa compreende a finalização de uma creche, a construção do mercado popular e a reurbanização do Caminho dos Boiadeiros, além de implantação de redes de abastecimento de água e de esgoto.”

    Estranho, pois, dizer-se que não se cuida de levar uma infraestrutura necessária e, muito menos, que não se discutiu com os moradores, conforme se pode ler acima no texto: “elaborado por engenheiros, arquitetos e técnicos do estado, depois de discussões com as lideranças da comunidade, desde 2008.”

    Eu mesma conheço liderança da comunidade que participou das discussões e que afirma o quanto as sugestões foram discutidas e, quando consensuais, acatadas. Agora, discutir o processo de pacificação? Com quem? Com os traficantes dominando a área?

    Ou seja, não era preciso o morador sair em passeata com cartazes relativos ao dilema: saneamento OU teleférico. Ambos já estavam planejados e discutidos durante cinco anos com os representantes dos moradores. E o contrato fora assinado cerca de duas semanas antes.

    A conclusão a que chego é que há muita manipulação e muito interesse de várias naturezas embutidos nesse questionamento que surge agora acerca das UPPs. Era, praticamente, uma unanimidade, foi amplamente festejado nas comunidades, repercutiu no mundo inteiro, como um caso de sucesso. Agora, de uma hora para outra, depois das passeatas, não presta mais, está tudo errado?

    Tem uma agenda oculta aí.

    1. Breve consideração sobre este comentário e os interesses escusos

      Titia tem um medo horrível de gente que traz boas considerações ao debate, mas tasca logo uma classificação na interlocução!!!!

      Eu não imagino que o comentarista ouviu TODOS os moradores, os domesticados ou não…ops, quer dizer, os pacificados ou não! Então, deixemos no exagero permitido da retórica…

      Mesmo assim, titia imagina que o exercício humano da dúvida, do debate permanente, até quando há certo “conforto”, é o que nos torna…humanos…Porque se acostumar com conforto até os passarinhos nas gaiolas fazem…

      O preocupante mesmo é o tal do “interesse escuso”, que poderia estar por trás de quem debate a UPP…

      Ok, ok, ok, pode ser que os haja…Mas quem garante que não os haja também do lado que quem defende (ardorosamente) as UPP? Milhões de obras, especulação imobiliária, bilhõe$ de possbilidades e esquemas não seriam “escusos”?

      Ahhh, tem razão, neste caso, o troço fica menos selvagem, e mais “chique”, entendo…entendo…onde havia um jovem com fuzil, haverá um oficial de justiça com ordem de despejo, ou um policial lhe dizendo de que lado da rua você pode andar…

      Como titia diz sempre, o problema não é a classe mé(r)dia, mas o pensamento médio que ela carrega…ô, raça!

      Aos navegantes um aviso-pergunta:

      Procurem saber dos agricultores despejados pelo porto do Açu (em São João da Barra, RJ), pelo ex-mega-hiper-super-plus-power Eike se tem diferença ser despejado por traficantes ou pela polícia militar e oficiais de justiça, junto com “jagunços” da empresa…Ou aos índios da aldeia maracanã…

      Titia responde: tem, porque do fora-de-lei se espera tudo, mas do Estado a gente espera proteção, logo…deve ser bem mais frustante…

  5. Titia gostaria de lembrar,

    Titia gostaria de lembrar, inclusive a si mesma: o texto é uma análise, não uma sentença transitada em julgado, logo, tenhamos paciência…

    O autor, já no comentário-resposta a outro comentário, reconhece que o espaço é exíguo para tamanha (e boa) pretensão…

    E como pretensão, caldo de galinha e dinheiro( e sexo dum bom, Paris, etc) não fazem mal a ninguém, titia vai tomar a sua dose, vamos lá:

    A Unidade de Polícia Pacificadora traz em si um paradoxo, que em suma é o paradoxo do Estado brasileiro, e quiçá do Estado capitalista:

    Polícia é uma instância de exercício da força em nome do Estado, que por sua vez é contolado pela classe que o domina…Daí que titia chora ao ler que pretendemos um “polícia comunitária” ou “cidadã”…

    Titia acha que este dospositivo de coerção estatal(polícia) vai ter sempre a cara do estamento e da sociedade na qual estão inseridos…

    Ou seja, um país que ainda mata 50 mil pessoas/ano, a maioria pretos e pobres, pode rebolar o quanto quiser, e nunca alcançará estas metas de “civilidade”…No máximo vai mudar o bode de lugar…

    Nosso problema está na essência do que consideramos prioridade como política de segurança (strictu sensu) e como juridicamente relevante(lato sensu)…No Brasil temos uma mistura improvável que nos remete a cuidar mais do patrimônio e gastar bilhões na “guerra as drogas”, enquanto a vida é secundarizada…

    Outro ponto que o texto aborda só de passagem é que a escolha por impor uma UPP a uma comunidade é sempre autoritária, e não só porque escolhe determinados territórios, mas porque entende que a fonte do problema está ali…naquele território.

    Ora, até uma bruxa burra como titia sabe dizer que fuzis não florescem nas árvores da favela, nem cocaína brota do chão das vielas enlameadas por esgoto…

    O tráfico de drogas é uma atividade econômica sui generis, que estabelece alto nível de controle e organização em suas etapas de fabricação e distribuição de atacado, para depois se atomizar e diluir em cada célula atomizada do varejo…

    Logo, “vender” a população que unidades policiais de ocupação poderão funcionar, ainda que como parte da solução do problema, quando TODAS as outras instâncias estão intactas(lavagem de dinheiro, tráfico de armas, etc) é conversa para boi dormir…

    A pergunta é: vai funcionar para quem?

    Comparar países nunca é bom negócio, afinal, é como comparar frutas: bananas e melancias são frutas, mas guardam poucas semelhanças…

    No entanto, neste caso titia vai usar a analogia pobre:

    Ora, tem tráfico nos EEUU, na Alemanha, França, Canadá? Pessoas consomem drogas nestes países? Por certo que sim, responderemos…

    Mas por que este consumo não significa o flagelo trazido pela violência da atividade do varejo desta cadeia econômica ilícita como acontece por aqui, e em outros países, como México(este um caso ainda mais “específico”)?

    Em que ponto estes países deixaram  de ter (ou nunca permitiram) que moleques de 14 ou 15 anos empunhassem M-16 para garantir a “segurança” dos pontos de venda, isolando pequenas frações de territótios urbanos?

    Foi com UPP?

    Titia crê que não!

    De um modo ou de outro, seguindo o processo de maturação institucional de suas sociedades, e também como resultado do incremento de suas economias (em detrimento das nossas, dos países pobres), cada país citado (e outros) atacou de frente a morte por homicídio, e com isto deu um recado bem claro:

    A vida importa, qualquer que seja ela, de qualquer classe!

    Enquanto a vida de pretos e pobres continuarem a valer menos, isto é, se você é preto e pobre por aqui terá 4 vezes mais chances de ser assassinado, estas pessoas que são alvo deste descaso continuarão a tratar a vida do outro, do próximo, seja ele do morro ou do asfalto, com o mesmo desprezo…E se para ter alguma chance de mobilidade social, tiver que integrar estruturas violentas e ilegais, não pensará duas vezes, e cada oportunidade que o Estado entrar e sair da favela(sim, a UPP não vai durar muito), o ciclo de selvageria recrudescerá, carregado de mais e mais ressentimentos…

    A principal mercadoria do tráfico de drogas não são entorpecentes, embora pareça à primeira vista: são as vidas, de jovens envolvidos, policiais, e das comunidades ao redor…

    As UPP nem de longe apontam uma inversão da lógica de desprezo à vida…Ao contrário, sua face mais visível é domesticar favelas para o avanço do mercado!

     

  6. Titia gostaria de lembrar,

    Titia gostaria de lembrar, inclusive a si mesma: o texto é uma análise, não uma sentença transitada em julgado, logo, tenhamos paciência…

    O autor, já no comentário-resposta a outro comentário, reconhece que o espaço é exíguo para tamanha (e boa) pretensão…

    E como pretensão, caldo de galinha e dinheiro( e sexo dum bom, Paris, etc) não fazem mal a ninguém, titia vai tomar a sua dose, vamos lá:

    A Unidade de Polícia Pacificadora traz em si um paradoxo, que em suma é o paradoxo do Estado brasileiro, e quiçá do Estado capitalista:

    Polícia é uma instância de exercício da força em nome do Estado, que por sua vez é contolado pela classe que o domina…Daí que titia chora ao ler que pretendemos um “polícia comunitária” ou “cidadã”…

    Titia acha que este dospositivo de coerção estatal(polícia) vai ter sempre a cara do estamento e da sociedade na qual estão inseridos…

    Ou seja, um país que ainda mata 50 mil pessoas/ano, a maioria pretos e pobres, pode rebolar o quanto quiser, e nunca alcançará estas metas de “civilidade”…No máximo vai mudar o bode de lugar…

    Nosso problema está na essência do que consideramos prioridade como política de segurança (strictu sensu) e como juridicamente relevante(lato sensu)…No Brasil temos uma mistura improvável que nos remete a cuidar mais do patrimônio e gastar bilhões na “guerra as drogas”, enquanto a vida é secundarizada…

    Outro ponto que o texto aborda só de passagem é que a escolha por impor uma UPP a uma comunidade é sempre autoritária, e não só porque escolhe determinados territórios, mas porque entende que a fonte do problema está ali…naquele território.

    Ora, até uma bruxa burra como titia sabe dizer que fuzis não florescem nas árvores da favela, nem cocaína brota do chão das vielas enlameadas por esgoto…

    O tráfico de drogas é uma atividade econômica sui generis, que estabelece alto nível de controle e organização em suas etapas de fabricação e distribuição de atacado, para depois se atomizar e diluir em cada célula atomizada do varejo…

    Logo, “vender” a população que unidades policiais de ocupação poderão funcionar, ainda que como parte da solução do problema, quando TODAS as outras instâncias estão intactas(lavagem de dinheiro, tráfico de armas, etc) é conversa para boi dormir…

    A pergunta é: vai funcionar para quem?

    Comparar países nunca é bom negócio, afinal, é como comparar frutas: bananas e melancias são frutas, mas guardam poucas semelhanças…

    No entanto, neste caso titia vai usar a analogia pobre:

    Ora, tem tráfico nos EEUU, na Alemanha, França, Canadá? Pessoas consomem drogas nestes países? Por certo que sim, responderemos…

    Mas por que este consumo não significa o flagelo trazido pela violência da atividade do varejo desta cadeia econômica ilícita como acontece por aqui, e em outros países, como México(este um caso ainda mais “específico”)?

    Em que ponto estes países deixaram  de ter (ou nunca permitiram) que moleques de 14 ou 15 anos empunhassem M-16 para garantir a “segurança” dos pontos de venda, isolando pequenas frações de territótios urbanos?

    Foi com UPP?

    Titia crê que não!

    De um modo ou de outro, seguindo o processo de maturação institucional de suas sociedades, e também como resultado do incremento de suas economias (em detrimento das nossas, dos países pobres), cada país citado (e outros) atacou de frente a morte por homicídio, e com isto deu um recado bem claro:

    A vida importa, qualquer que seja ela, de qualquer classe!

    Enquanto a vida de pretos e pobres continuarem a valer menos, isto é, se você é preto e pobre por aqui terá 4 vezes mais chances de ser assassinado, estas pessoas que são alvo deste descaso continuarão a tratar a vida do outro, do próximo, seja ele do morro ou do asfalto, com o mesmo desprezo…E se para ter alguma chance de mobilidade social, tiver que integrar estruturas violentas e ilegais, não pensará duas vezes, e cada oportunidade que o Estado entrar e sair da favela(sim, a UPP não vai durar muito), o ciclo de selvageria recrudescerá, carregado de mais e mais ressentimentos…

    A principal mercadoria do tráfico de drogas não são entorpecentes, embora pareça à primeira vista: são as vidas, de jovens envolvidos, policiais, e das comunidades ao redor…

    As UPP nem de longe apontam uma inversão da lógica de desprezo à vida…Ao contrário, sua face mais visível é domesticar favelas para o avanço do mercado!

     

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