Órgãos internacionais temem reação à Rússia por ser potência nuclear

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

ONU e G7 tiveram longas reuniões na madrugada e manhã de hoje, mas temem ameaça da Rússia

Líderes do G7 em cúpula na Inglaterra, em junho de 2021 – Foto: Patrick Semansky/Pool

A pressão da comunidade internacional aumenta sobre a Rússia, com a explícita declaração de sanções econômicas. Enquanto o Ocidente já afirmou que isolará o país da diplomacia, acordos comerciais e culturalmente, o medo da potência nuclear é obstáculo para gestos mais claros de organizações como a ONU e países do G7.

As declarações internacionais, dos Estados Unidos à Europa, são de uma ampla reação contra a Rússia, com discurso de Joe Biden esperado para ocorrer às 14h30 no horário de Brasília.

Mas organizações internacionais, além do próprio Conselho de Segurança dos EUA, do Reino Unido e de outros países, também vivem grande receio ao se prepar em longas reuniões para estabelecer medidas contra a decisão de Vladmir Putin de invadir a Ucrânia.

Nesse sentido, duas principais reuniões ocorreram na madrugada e manhã de hoje: a dos líderes do G7 e da sede das Nações Unidas (ONU) em Nova York.

Nesta última, a passos mais lentos, espera-se uma votação sobre uma resolução até amanhã a noite, que trate especificamente dos ataques à Ucrânia.

Mais cedo, o próprio ex-presidente Lula responsabilizou a falta de respostas da ONU pelo ápice da crise entre Rússia e Ucrânia atualmente. Para o presidencialista do PT, que lidera as intenções de voto à Presidência, a ONU está hoje sem representatividade.

“É importante a gente chamar a atenção das Nações Unidas. A ONU precisa levar em conta que ela não tem mais a representação que tinha quando foi criada. É importante ela levar em conta que o mundo mudou e que é preciso colocar mais países para participar”, criticou.

As declarações foram feitas em entrevista de Lula a rádios de Goiás na manhã de hoje.

“[A ONU] poderia ter tomado mais decisões para evitar essa guerra, poderia ter convocado uma Assembleia Geral. Por que não convoca uma assembleia geral em caráter emergencial? Por que fica só entre quatro ou cinco pessoas que se acham donos do mundo, que são os membros permanentes do conselho de segurança?”, continuou.

Uma das principais barreiras apontadas por analistas internacionais para que o órgão chegar a um consenso é que Rússia detém hoje a cadeira da Presidência do Conselho de Segurança da ONU e deve, claramente, vetar qualquer resolução, juntamente com a China, que já manifestou apoio à autonomia da Rússia em relações exteriores.

Por outro lado, todos os demais países querem obter do Conselho de Segurança alguma diretriz no sentido de isolar a Rússia “diplomática, econômica e culturalmente”, apontou o correspondente da Sky News nos EUA, Mark Stone.

Além disso, as ameaças diretas da Rússia nos países que ameaçarem interferir surtiram efeitos em receios do G7, que além do Reino Unido e EUA, conta também com Alemanha, Canadá, França, Itália e Japão. A reunião, que começou pouco depois das 9h do horário de Washington, busca concluir uma resposta conjunta destes países.

Entretanto, ainda segundo o correspondente nos EUA Mark Stone, a unanimidade para enfrentar a Rússia está sendo vista como “o teste mais significativo para a perseverança da paz desde a Segunda Guerra Mundial”.

Isso porque ecoam nos bastidores as ameaças do líder de uma potência nuclear, Vladimir Putin, de que “responderá imeadiatamente” contra qualquer Estado que estiverem “tentados a intervir”, com “consequências nunca vistas antes em sua história”.

Sobre as sanções comerciais já declaradas dos países do Ocidente, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que a Rússia responderá “olho por olho” aos bloqueios econômicos norte-americano e europeus.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. “DESNAZIFICAR A UCRÂNIA” Foi o termo usado e vejo a esquerda namastê criticando Putin, oras certamente essa esquerda se sentiria segura e confortável com mísseis apontandos pra sua casa.
    Otan sob o comando terrorista dos EUA derrubam repúblicas e promovem a divisão no leste Europeu até a fronteira Russa.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador