Volatilidade emergente irrita investidores

Investidores estão pessimistas quanto aos mercados em desenvolvimento

Jornal GGN – Os legisladores e os banqueiros na Índia, na Indonésia, na Turquia e em várias economias de mercados emergentes estão lutando para conter os danos causados pela queda de suas moedas e para manter e fidelizar os investidores estrangeiros, mesmo com o cenário de incertezas. Análise elaborada pelo jornal norte-americano The New York Times afirma que o dinheiro tem “voado” para fora dessas economias nas últimas semanas, empurrando para baixo os preços de uma ampla gama de ativos, incluindo ações, títulos e moedas. 

Na terça-feira (20), a rúpia indiana teve uma queda recorde frente ao dólar, enquanto a rúpia indonésia atingiu seu nível mais baixo desde 2009, se comparado com a moeda norte-americana. Em um esforço para diminuir o êxodo de dinheiro estrangeiro da Turquia, o banco central criou uma taxa de juros especial nesta semana. O Reserve Bank of India anunciou – e cumpriu – que começaria comprando títulos do governo para “lidar com os riscos para a estabilidade macroeconômica”.

Empresários e especialistas já enxergam certo “pânico” entre os líderes dos governos emergentes. O fortalecimento da economia americana parece ser um dos catalisadores para os problemas nestes países, pois a expansão do mercado de ações dos Estados Unidos tem sido um ímã para os investidores que tinham, até então, optado por comprar ações no exterior.

Além disso, a recuperação da economia norte-americana está levando o Federal Reserve (o Banco Central do país) a reconsiderar a necessidade das medidas de estímulo que têm impulsionado o crescimento em lugares como Índia e Turquia – países que tiveram seu crescimento impulsionado por um fluxo sem precedentes de dinheiro de investidores estrangeiros. Os investidores, por sua vez, foram incentivados pelas políticas de baixas taxas de juros do Fed, o que tornou mais fácil pedir dinheiro emprestado e enviá-lo para o exterior. No ano passado, US$ 1,2 trilhão foram derramados em economias emergentes de todo o mundo, “quase seis vezes o montante em apenas uma década atrás”, de acordo com um recente relatório do HSBC.

Como o Fed está dando os primeiros passos para deixar as taxas subirem por si sós nos Estados Unidos, os investidores estão retirando seu dinheiro. Isso agrava as economias locais, desencadeando um ciclo de “conta-gotas” nestes mercados. Fundos mútuos que detêm títulos emergentes, por exemplo, estão gradativamente perdendo investidores a cada semana desde maio, de acordo com a empresa EPFR. As cessões lembram algumas das crises nos mercados emergentes de décadas anteriores.

Muitos analistas dizem acreditar que mesmo os países mais problemáticos são isolados desse tipo de colapso econômico, mas o otimismo que era comum há alguns anos, em grande parte, já secou. Investidores do mundo inteiro já arriscam dizer que não veem quaisquer indicadores positivos de curto prazo “lá fora”.

Os problemas mais agudos nos mercados emergentes começaram em maio, quando o presidente do Fed, Ben Bernanke, deu os primeiros sinais de que a autoridade monetária poderia começar a parar as compras de títulos que havia feito para apoiar a economia. Desde então, uma grande variedade de ativos globais mudou em conjunto com previsões de quando o Fed poderia atrasar as compras de títulos.

Contudo, as mudanças conduzidas pelo Fed não atingiram o mundo em desenvolvimento de maneira uniforme. Inicialmente, os países de expansão mais imediata nos últimos anos foram os que mais foram expostos a um abrandamento econômico. Um exemplo disso foi a queda abrupta da Austrália, grande dependente da exportação de commodities para a China.

Apesar do impacto visto na economia da Indonésia – o receio de o país não ser mais capaz de atrair capital levou o índice da bolsa em Jacarta a cair 3,2% na terça-feira (20). No mês passado, o índice caiu 11,6% -, existe um grande receio em torno da Índia, que possui uma economia tão grande quanto a da Indonésia, e o déficit em conta corrente é projetado para ser mais dobrado este ano.

Análise elaborada pelo banco Credit Suisse mostra que os investidores venderam 24% do dinheiro aplicado na Índia desde maio, fazendo com que a moeda nacional, a rúpia, valha bem menos. Para os indianos, o valor de queda da rúpia rapidamente fez o preço das mercadorias estrangeiras explodirem, eliminando assim a inflação local.

Os indianos, por sua vez, tomaram uma série de medidas destinadas a cooptar o dinheiro que foi para fora do país. O governo tem tentado limitar a quantidade de investimentos que as empresas indianas podem fazer no exterior e também tentou reduzir as compras de ouro e prata estrangeiros. Todas elas, porém, não têm surtido o efeito desejado.

Com informações do The New York Times

Redação

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