Garimpeiros invadem terra Wajãpi no Amapá e matam liderança a facadas

"Mataram muito feito e estamos pedindo socorro", relata cacique Viseni; Funai e demais autoridades ainda não se manifestaram ou prestaram socorro

Jornal GGN – A terra indígena Wajãpi, no Amapá, está sob invasão de garimpeiros. Em uma gravação pedindo socorro, o cacique da aldeia Mariry, Viseni Wajãpi, detalhou a situação deflagrada na sexta-feira (26).

“Eles mataram a liderança Emyra Wajãpi, com 68 anos de idade, e foi matado a facada, várias furadas no corpo dele, e no pênis dele. E mataram muito feio e nós estamos pedindo socorro às autoridades pra nos ajudar, e desde ontem [sexta-feira, 26] pedimos socorro às autoridades brasileiras e eles estão lá ainda”, disse Viseni em áudio.

Segundo informações do Diário do Amapá, cerca de 50 garimpeiros invadiram a aldeia Mariry, do povo Wajãpi, na noite de sexta-feira, quando a liderança Emyra foi violentamente assassinada.

Em entrevista à revista Fórum, o cacique Viseni contou também que o grupo de garimpeiros portava “arma de fogo pesada”. “Nossos guerreiros estão lá. Estão verificando todos os lugares, quantas pessoas estão lá. Sabemos que são mais de dez, muitos já fugiram. Eles estão na casa do indígena mesmo, à noite eles entraram na casa”.

Além da morte brutal de Emyra, os garimpeiros agrediram mulheres e crianças. O cacique disse que contataram e repassaram vídeos à Funai.

As informações mais recentes são de que as mulheres e crianças foram deslocadas para a aldeia Aramirá, e os homens estão tentando expulsar os garimpeiros. Até o momento as autoridades não prestaram apoio ao povo Wajãpi.

No sábado, o vereador Jawaruwa Wajãpi (Rede), do município de Pedra Branca do Amapari, a 189 km da capital Macapá, afirmou que está na aldeia e pediu apoio ao senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

“Estamos pedindo socorro, estamos pedindo seu apoio para ver se libera as Forças Armadas ou qualquer ajuda. Uma comunidade Wajãpi está em risco de morte”, disse em áudio enviado pelo WhatsApp. “Estamos aguardando, porque sem a resposta será tarde demais”, afirmou.

O senador Randolfe Rodrigues (REDE) confirmou ao Diário do Amapá que está intercedendo junto às autoridades. “É bom frisar que essa é a primeira invasão de forma violenta em 30 anos, depois da demarcação das terras indígenas no Amapá”, destacou.

“Temos que nos unir rapidamente para evitar esse banho de sangue que está anunciado. Estamos entrando em contato com os indígenas para pedir que eles não reajam antes da chegada das forças de segurança”, completou o parlamentar.

Em entrevista ao Estadão Conteúdo, o assessor técnico da Secretaria dos Povos Indígenas do Governo, Makreito Wajãpi, também confirmou as informações.

“Estamos precisando urgente da entrada dos policiais federais, junto com a Funai, queremos que isso seja resolvido o mais rápido possível”, disse. Ele relatou que episódio como este “nunca tinha acontecido antes”. “É a primeira vez que aconteceu isso na nossa vida. Ficamos muito preocupados e tristes, porque temos família, crianças, e nossa preocupação é isso”, disse.

Redação

7 Comentários

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  1. Notícia censurada ! NÃO SE PODE COMPARTILHAR NO FACEBOOK. MAS O GENOCÍDIO DE ÍNDIOS, SEM TERRAS, QUILOMBOLAS, CABOCLOS no Brasil continua, SÃO MILHARES TODOS OS ANOS. E nenhum grileiro/fazendeiros/latifundiário, SEQUER É MENCIONADO. Tá danado

    1. Como disse o poeta, “chama o ladrão, chama o ladrão”.

      Exceto nas formalidades “para inglês ver”, a turma que está assassinado tem no mínimo condescendência – quando não cumplicidade, talvez até autoridade – por mais essa chacina. A propósito o presidente já determinou que sua política é nessa direção, mesmo: a favor do capital privado e contra a pessoa comum.

  2. O senador não quer que eles reajam até a chegada de ajuda, que coisa mais imbecil de se dizer. Quer que eles permitam-se deixar matar? Os desarmamentistas já correram pra lá pra enfrentar os garimpeiros e ressuscitar a velha assassinada? Que falta fez meia duzia de índios armados de fuzis.

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