Nova operação da PF na UFSC também cheira a retaliação

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Divulgação
 
 
Jornal GGN – Somente um dia após a operação a Operação Esperança Equilibrista, deflagrada contra a reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), gerar comoção e protestos contra o estado policial, a Polícia Federal decidiu responder mostrando que a escalada autoritária está longe de ser abalada pelas críticas dos mais diversos vários setores da sociedade.
 
Nesta quinta (7), a PF investiu novamente contra a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde os abusos da corporação provocaram, há 2 meses, a morte do reitor Luiz Carlos Cancellier.
 
Agora, a PF diz que investiga em Santa Catarina algo similar à denúncia contra a UFMG: suposto desvio de verbas federais destinadas ao fomento de pesquisas. Em Minas Gerais, também entrou na mira dos investigadores a inconclusão da obra do Memorial da Anistia. 
 
Ocorre que o timing da PF faz parecer que a operação é uma retaliação.
 
Além do episódio da UFMG, a nova ação contra a Federal de Santa Catarina ocorre no mesmo dia em que a imprensa informa que a Corregedoria-Geral da PF, por iniciativa do Ministério da Justiça, instaurou uma sindicância para apurar os abusos praticados pela delegada Erika Marena, responsável pela operação que levou Cancellier ao suicídio.
 
Além de sindicândia, Erika também teve sua promoção suspensa, informou o jornal O Globo. Na quarta (6), a Folha de S. Paulo publicou nota dizendo que ela teria ganho a Superintendência Regional da PF em Sergipe do novo diretor-geral da PF, Fernando Segóvia. E a promoção vinha a calhar porque a delegada precisava sair do “olho do furacão”.
 
A INVESTIGAÇÃO CONTRA A UFSC
 
Segundo reportagem do Estadão, a PF usou auditorias do Tribunal de Contas da União e da Controladoria Geral da União para levantar suspeitas de que houve desvio de R$ 300 milhões em verbas federais para a UFSC. 
 
Diz a matéria que o caso foi denunciado por membros da própria UFSC anos atrás, e que as verbas teriam sido transferidas entre 2003 e 2004. Mas os R$ 300 milhões estariam relacionados a contratos e convênios que perduraram de 2010 a 2017.
 
A PF diz que há indícios de fraude em licitações, lavagem de dinheiro e outros crimes que envolvem a contratação de empresas de pessoas ligadas à UFSC.
 
Mais um elemento a colocar o timing da PF em xeque é o fato de que a operação Torre de Marfim não é nenhuma novidade. A ação de hoje – que envolve 6 conduções coercitivas – é apenas mais uma fase das que tiveram início em 2014. 
 
Os mandatos foram expedidos pela 1ª Vara da Justiça Federal em Florianópolis.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

13 Comentários

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  1. Outra juizete despreparada a

    Outra juizete despreparada a dar amparo aos meganhas-retaliadores. O caso é antigo, foi denunciado pela própria universidade. Então, qual a razão para esse novo e caríssimo aparato de força? Apenas marcar território, como fazem os animais predadores. Pobre país de merrecas. E dizer que esse tal tcu de ministrecos-enlameados-escandalosos e a tal cgu agora obrada pelo temerista-golpista-ladrão, consegue que o mpf (afogado até os gargomilhos em cenas suspeitíssimas) avalize e “mande” a jf (mais desmoralizada, impossível) fazer esse circo na ufsc. Com certeza, este país perdeu a razão de existir: não seria mais um negócio da china? vender o país a preço de banana?

  2. Não cheira. É retaliação.

    Não cheira. É retaliação. Mexeram com a Érika Marena, policial pastiche da agremiação. E agora sabemos que  pastiches são todos os policiais da Policia Federal. Eles colocam as camisas pretas e saem aterrorizando o país. Não é a toa que o símbolo da Policia Federal é o japones processado por contrabando. 

    Mas nesse ataque deve ter um por fora para desqualificar as universidades federais como fizeram com a Petrobrás. Vai um aí do Objetivo, da 9 de Julho, da Estácio, bando de safados da Policia Federal? Esta entrando um aí, juizes e procuradores?

  3. Fascismo é violência

    É característica do fascismo a violência física e moral, a truculência, a bandalheira…

    Em vez nós, democratas, nos reunirmos para resistir e defender nossas vidas, ficamos discutindo eleições de 2018 com ou sem conciliação…

     

  4. Retaliação?

    Essas ações coordenadas não são retaliação. É apenas parte do golpe. O pré sal, a Petrobrás, a energia elétrica, a construção civil, o programa nuclear, etc. já foram dominados. A Previdência vai pelo mesmo caminho com as bençãos da Mirian Leitão (a voz do dono).

    A perseguição às universidades públicas é a continuação do golpe e a desculpa fajuta é a mesma: KURRIPISSAUM!  Dai deve sair uma universidade PAGA, terceirizada, entregue à grupos privados, daqui e do exterior. Acessível apenas para ricos e para quem se atrever financiar seu estudo nos bancos (sempre eles!). Servirá para escravizar o aluno, atrelado a uma dívida impagável! 

    Onde já se viu pais periférico dar saúde, previdência, e ensino universitário público para o populacho? Até na matriz esses serviços são privados e servem para dar lucro aos pobres milionários!   

  5. A repercussão dessas operações da PF é positiva na imprensa

    Infelizmente, as críticas aos abusos das operações da PF fica restrita aos blogs de esquerda. Não existe absolutamente nada que motive a PF a parar essas operações… elas são um sucesso!

    A opinião pública também apoia essas operações, basta ver os comentários nos portais de notícia… as pessoas repetem os discursos ultra-liberais e anti-PT de sempre… não existe crítica alguma.

    A culpa é da imprensa que não faz seu trabalho de apontar os erros e os excessos. 

    A situação é muito complicada!

  6. Acho que….

    tanto emerson57 como vera lucia tem razão……pode ser retaliação, acredito que sim, mas para min o objetivo é instaurar o terror no meio academico/universitario,  como disse o emerson, são ações coordenadas, as opiniões dos dois, me parecem complementares e não contraditorias……o ataque, na minha opinião, engloba não so a educação superior nacional mas tambem ciencia e pesquisa nacionais, a coisa me parece mais perversa do que parece…..a lavajato não teve nenhum escrupulo em destruir grande empresas nacionais por vê-las como apoio ao PT e forças progressista, não vão ter o menor escrupulo com as universidades federais, que são os centros de ciencia e pesquisa no Brasil junto com algumas unis particulares(poucas), sendo que a grande maioria das particulares são grandes centros de produção de………diplomas (para os alunos) e dinheiro( para os proprietarios).

  7. NÃO é Retaliação

    Quanta besteira!

    Não é retaliação pelo simples fato que esta investigação é anterior a operação Ouvidos Moucos!

    Já havia iniciativas na UFSC para identificar prossiveis irregularidades em ALGUNS projetos, não todos.

    E como se dá tudo isso?

    Por meio das Fundações de apoio. Pessoas recebem bolsas sem trabalhar, fazem viagens mesmo sem ter vinculo com o projeto, ou viagens que não dizem respeito ao mesmo. Também ocorrem dispensas de licitação. Afinal, licitação é para “ingles ver”.

    A Torre de Marfim não é tão intocável assim, a Reitoria espero que a partir de agora não finja que qualquer dinheiro para UFSC é bem-vindo. É preciso sim de controle para identificar o que os professores estão fazendo. Afinal, infelizmente da boa libertadade que gozavam aproveitavam para seu próprio benefício.

    A UFSC precisa sim diagnosticar e escolher quais projetos serão executados por ela. E se algum professor pisar na bola que seja impossibilitado de executar outros enquanto não sanadas as irregularidades.

    Aliás, essa operação podia ser chamada de ouvidos moucos II, pois a administração estava CIENTE e nada fez.

     

  8. Isto é uma declaração de guerra à Universidade.

    A PF desafia as instituições em defesa de manter o seu próprio poder. Existe também um certo desafio contra o atual superintendente.  A PF tem  como inimiga agora a Universidade,  mas sobretudo porque se sentiu desafiada, sentiu seu poder ameaçado. A PF quer um poder total, desafiam até mesmo Segóvia, pois não satisfaz os interesses da classe emponderada. Por sua vez Segóvia faz parte de outra ala, ligada a outros interesses. A punição a Marena teve sua resposta.

    A direita e golpistas alimentaram estes poderes para alcançar os objetivos externos e internos do mercado. Os homens de mercado  ou seus representantes políticos  primeiro jogaram a política na mão de Cunha e para isto alimentaram o Centrão. Hoje o Centrão e o fisiologismo dominam a política e o poder. E não vão abrir mão dela facilmente. Se esfalfam contra o judiciário, que também não quer abrir mão. O STF, já abriu mão. Agora quem manda são os juizes em cada comarca. E eles não vão querer abrir mão. Cada superintendência da PF, vai usar seu poder  em cada comarca. E numa clara demonstração de força desafiam seus superiores, mesmo que para isto destruam as universidades e outras instituições e ou pessoas. 

    Os abutres seja do mercado sejam empresários do ramo, batem palma, afinal uma Universidade particular acaba de , usando a reforma trabalhista, demitir 300 professores para possivelmente recontrata-los como trabalhadores intermitentes. A ganancia não tem compromisso com a a formação do pais.A destruição da universidade publica os satisfaz, não importam os meios. O mercado diz que isto é modernidade.

    Os políticos do PSDB, só se preocupam em entregar a seus donos o prometido. Parente na Petrobrás, faz o seu serviço e Temer do outro lado tenta satisfazer o mercado ( e petroleiras l)   e o fisiologismo dos seus cumplices políticos. A mídia se esforça em dizer que está tudo melhorando.O mercado pensa que pode descartar Temer, e o faz explicitamente na figura do PSDB, que apoia as reformas e depois lava a mão. Com isto apostam na manutenção até que  as “reformas” sejam implantadas. E neste meio do caminho as instituições foram destroçadas e o poder completamente pulverizado. Não existe hierarquia na polícia no judiciário que não seguem mais as leis, mas apenas jogam com o poder. Esta luta é o dividir para imperar do mercado. Enquanto o pais e instituições se esfarelam, a caravana do mercado passa.  Usando como míssil teleguiado  um juiz de primeira instância avançam na política e na destruição dos inimigos ( mesmo que sejam empresas, afinal é apenas business). Como fizeram com Cunha acham que podem jogar fora quando não tiver mais uso. Já abundam armas e provas e evidências que colocam a coleira no Juiz.   Nesta briga interna  até ministro e presidente já  não se levantam para aplaudir  o muso do fascismo. Mas obviamente não se levantam com classe e elegância.

    Por enquanto  esta pulverização de poderes satisfaz a politica privatista. O mercado deve estar exultando com estas ações. E na estupidez da ganância, vão fortalecendo as estruturas fascistas, pois pensam que tem o controle de tudo. Os empresários e a direita alemã fez o mesmo, até que o nazismo também os enquadrou. 

  9. Concordo. 
    A PF funciona com

    Concordo. 

    A PF funciona com a lógica do nós x eles.

    “Eles” neste contexto são intelectuais de esquerda.

    A Universidade é a inimiga interna à mercê dos juízes e dos pistoleiros que eles comandam.

    O espectro do “inimigo interno” voltou a assombrar a política brasileira, em breve ele começará a assombrar também os juízes.

    Para cada ação brutal é previsível uma reação igualmente brutal. Não ficarei nem surpreso nem triste quando os juízes começarem a ser molestados por suas vítimas ou pelos inimigos internos que eles criaram. 

    As nossas instituições voltaram a funcionar como no tempo da Colônia: um exército colonial bem armado e equipado de ocupação brutaliza a população local para possibilitar sua exploração por estrangeiros.

    No princípio os estrangeiros eram os portugueses. Agora eles são os gringos que distribuem espelhos para seduzir os novos índios.

    Os índios da tribo “polícia federal” são os novos tupis. Não ficarei nem surpreso nem triste quando eles também começarem a ser caçados e moqueados pelos seus inimigos tupinambás. 

  10. Quando há uma matilha de

    Quando há uma matilha de pitbulls descontrolados é preciso focinheira e jogar os animais no canil. E quando são “seres humanos” armados até os dentes(caninos?) O que fazer? Eis a questão.

    PS: Eu não aguento mais esses nomes “engraçadinhos” para essas operações midiáticas fascistas. Porque esses palhaços não vão trabalhar no Zorra Total?

  11. DPF, estado de exceção e concursos públicos

    A campanha da Polícia Federal contra a UFSC e a UFMG deixa claro que, entre outras coisas, o modelo de entrada no Estado via concurso público preconizado na Constituição de 1988 não apenas fracassou no seu intento de “republicanizar o Estado” mas também se tornou combustível para a ocupação do Estado pelas castas estatais.

    A transformação dos concursos públicos em profissão, garantindo que apenas consigam passar os filhinhos de papai que tem condição de serem sustentados enquanto dedicam anos e anos a estudar para um concurso, gerou isso ai: uns moleques que nunca fizeram nada na vida viram juízes, procuradores e agentes e, como só tem merda na cabeça, ficam maravilhados com o canto da sereia do poder sem limites e dos espelhinhos de quem os manipula para que, afinal, só resta ao brasileiro que não faz parte da casta a escravidão eterna em sub-sub-empregos (e ainda tendo que deixar os 10% do dízimo).

    De novo: qualquer reconstrução democrática do Brasil passa necessariamente por rever o modelo de contratação para o serviço público por concurso público. Apenas a prova não é suficiente.

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