Petistas defendem federalização de investigação sobre tiros em caravana

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Foto: Ricardo Stuckert

Jornal GGN – Parlamentares do PT defenderam nesta quarta (28) a federalização das investigações sobre o atentado com arma de fogo contra a caravana de Lula no Sul do País. Na noite anterior, dois ônibus da comitiva petista foram atingidos por 3 disparos. A Polícia Civil e o Ministério Público encaminharam as apurações.
 
“Precisamos cobrar do poder público federal a intervenção rápida da Polícia Federal, dos órgãos de segurança federais sobre este caso”, afirmou Marco Maia (RS), que classificou o caso como “atentado político”. “Houve uma tentativa de assassinato”, afirmou, segundo relatos da Folha de S. Paulo.
 
Já o deputado Paulo Teixeira falou sobre os políticos que estão incitando ou sendo conivente com a violência contra a caravana. 
 
“Quem está cometendo esses crimes [de incitação]? São em parte parlamentares da base do presidente Michel Temer. São autoridades federais e portanto tem que ter uma investigação federal e uma punição exemplar”, disse.
 
Nesta quarta, o presidente Michel Temer lamentou o ataque mas insinuou que a culpa não é exatamente de quem efetuou os disparos, mas do PT, que vem há anos alimentando um discurso do “nós contra eles”. Ele repetiu o mesmo argumento usado por Geraldo Alckmin e João Doria. O presidenciável Jair Bolsonaro também indicou que Lula só está colhendo o que plantou.
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

6 Comentários

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  1. Recuperando comentários antigos, mas atualíssimos.

    O Sul, que quer se separar do “resto” do Brasil a todo custo, está na berlinda. Reproduzo aqui um comentário que publiquei há mais de dois anos. Não se tratam de casos isolados, perguntem para a atriz Elisa Lucinda, que uma vez no programa Provocações, do Abujamra, contou uma experiência de racismo sofrida no RS. 

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    Dois casos de racismo no Banco do Brasil

    Dois casos de racismo no Banco do Brasil

    1. 1975-1977 – Na CACEX – Carteira de Comércio Exterior da agência de Ponta Porã (MS), havia um cargo de  Correspondente em Línguas Estrangeiras, ocupado pelo M., mineiro de Santos Dumont, negro, casado com uma negra, 3 filhos pequenos. Possuidor de uma sólida cultura, conversar com ele era um deleite, ia de filosofia ao esoterismo, de uma educação e gentileza desconcertantes. Era da maçonaria, Rotary, Lions e da Ordem Rosa Cruz. Apesar de todos os predicados, não era nem de longe um reacionário, muito pelo contrário. Era requisitado sempre para ser o orador nos eventos de despedida de colegas, tirava de letra. Sua função era traduzir as mensagens (telex) e correspondências que chegavam em  inglês ou outro idioma. Em 1978, concorre ao cargo de Supervisor  indicando várias agências pelo país afora, e, desavisadamente, algumas na região Sul do Brasil. Foi nomeado para uma pequena cidade do interior do Rio Grande do Sul que hoje conta com 21 mil habitantes, na região denominada de Alto Uruguai.

    Chegou no começo da semana, descarregou a mudança na casa previamente alugada por telefone, e foi trabalhar. Na primeira sexta-feira, como era hábito em cidades pequenas, os colegas todos e as famílias se reuniam na AABB. Ele chegou com a família, acomodou-se em uma mesa e começou a perceber um estranho movimento. Paulatinamente as pessoas ao lado começaram a se afastar e a mudar de mesa, todos se concentraram no canto oposto onde ele se encontrava com a família. O constrangimento era evidente. Ali o M. percebeu que tinha cometido um erro, um grande erro, talvez o maior da sua vida. Nenhum colega ou familiar de colega se aproximou para cumprimentar e dar as boas vindas, a alemãozada olhava para aquela família como se fossem extraterrestres. Até que entra em cena uma pessoa que não se conformava com o que estava presenciando, o grande e inesquecível o Caixa Executivo Flávio Roberto da Silva (Fleko), uma criatura humana como poucas neste mundo. Catou a então noiva pelo braço e sentou-se junto com o M. e ali ficou toda a noite, e tornou-se o grande amigo e referência para a família do M.  

    O M. ficou lá os dois anos regulamentares, era obrigado, do contrário teria de reembolsar o Banco das despesas com a mudança e a ajuda de custo recebida. Exatos dois anos após, M. , como supervisor, soltou a concorrência para Subgerente, só que desta vez foi precavido: de Minas Gerais para cima. Foi nomeado Subgerente para a agência em instalação em Ubatã (BA), e, num  gesto de reconhecimento e gratidão, indicou o nome do Fleko para o cargo de Supervisor na agência nova. A cena foi hilária. A Diretoria de  Funcionalismo liga de Brasília para o futuro Subgerente e consulta se ele não tem ninguém para indicar Supervisor, pois ninguém concorria para lá. Ele pediu um momento e perguntou para o amigo, dentro do caixa ocupado com o fechamento: “Flávio, você quer ser Supervisor em Ubatã, na Bahia? Sem se virar, o Flávio responde que sim, claro, e julgou tratar-se de brincadeira, não deu importância. Final do expediente, Flávio está indo embora, M. o chama e cumprimenta: “Parabéns, acabei de receber a confirmação de que vc foi nomeado”. E o Flávio, inocentemente “…mas eu pensei que fosse brincadeira!”. Tarde demais, recém-casado, o negócio agora era explicar em casa que iriam mudar-se para a remota Ubatã, onde cheguei dois antes da inauguração, 25.01.1980, na condição de adido, e dou de cara com o M. na Subgerência. Ele sabia que eu vinha, eu não sabia que ele estava lá.

    Entre um chimarrão e uma cerveja Polar, o Fleko foi me atualizando sobre os acontecimentos, afinal havia trabalhado com o M. entre 75/77, em Ponta Porã, e por puro acaso estávamos de novo trabalhando juntos no olho do furacão da região cacaueira na Bahia. Dizia o Fleko, “…Fernando, o negão passou maus momentos lá no Sul, discriminado nas ruas, idem os filhos na escola, rejeitado pela sociedade local, ele não via a hora de sair de lá, foi duro pra ele e a família”.

    A condição de negro do Maurício e família numa cidade eminentemente negra do interior da Bahia não foi nenhuma novidade. Curiosamente, a novidade na cidade passou a ser o gaúcho, o Fleko era ruivo, bem ruivo mesmo, barba grande, óculos grandes  fundo de garrafa, chamava a atenção por onde passava. Mais uma cena hilária. Todos os dias ele saía para almoçar e passava no Correio, ou para postar cartas para os familiares, ou retirar encomendas. Sempre era seguido por um bando de molequinhos, todos negrinhos, virou a atração da cidade. Um dia, um daqueles que o seguia por toda parte, entrou no Correio e postou-se ao seu lado. E ele olhava de soslaio para o moleque. Aí o moleque não aguentou e cutucou: “moço, moço”. O que foi, moleque? E o moleque: “O senhor é brasileiro?”

    2.     Novamente Ponta Porã, entre 1978 e 1980. O Paraguai, país vizinho separado por uma faixa de terra de uns 80/100 metros, era um país paupérrimo, debaixo de uma ditadura feroz do Stroesner. Era comum os pais pegarem os filhos recém-nascidos e registrar do outro lado, no Brasil, em Ponta Porã. Era comum também se fazer a tradução do sobrenome, assim um Sosa virava Souza, um Fariña virava Farinha, e assim por diante. Era uma maneira de tentar um futuro melhor para os filhos, na condição de “brasileiros”. “Nascidos” no Brasil, mas criados do lado paraguaio da fronteira. Tínhamos um colega assim, de sobrenome traduzido, era um típico fronteiriço, pai e mãe paraguaios, o que se chamava de bugre, uma mistura de índio e negro. Não tinha nada de diferente, bastava uma volta pelas ruas e os traços indígenas iguais aos do colega saltavam para todos os lados. Campo Grande, a futura capital do novo Estado que iria surgir, era assim. O bugre era um sinônimo do futuro Estado do Mato Grosso do Sul. Além disso, era um baita amigo, aquele que, nascido e criado na fronteira, orientava os incautos e jovens paulistas a não entrar em roubadas na noite, e principalmente, nas madrugadas dos cabarés. Conhecia todos caminhos, vai por aqui, não vai por ali que é fria. Exímio futebolista, um craque, reforçava o fortíssimo time da AABB local. E boa praça, boa gente ao extremo, inteligente e tremendamente mulherengo.

    Até que um dia, R. decidiu aventurar-se pelo mundo. Cansou daquela vida na fronteira, nunca tinha morado em outro lugar e decidiu aventurar-se por outras paragens. A idéia (vou continuar acentuando até o dia do Juízo Final) era boa, o destino é que não foi dos mais felizes. Pediu transferência, a seco, para a aprazível cidade de Blumenau (SC). Por que não, pensou ele? Falam tão bem do Sul do Brasil, que é isso e aquilo outro, vou lá conferir. Raciocinou assim, tenho curso de Caixa Executivo, desgraçadamente entro no rodízio e trabalho no Caixa uns 15 dias por mês e assim, com o salário normal mais a comissão de caixa, dá para equilibrar as finanças, enquanto conheço o Brasil, começando por Blumenau. O que poderia dar errado no plano dele? Simples, não era louro e não tinha olhos azuis. Terrível engano.

    Meses depois, o colega Tião, que me passou o serviço quando cheguei em Ponta Porã, em 1975, está trabalhando, adido, no interior do Acre. E recebe uma ligação de Blumenau. Uma ligação dolorida e sofrida, um apelo. Do outro lado da linha, o amigo bugre (os dois formavam uma dupla marcante na cidade) faz o relato da situação. Chegou em Blumenau e, de cara, foi rejeitado pelos colegas da agência. E também excluído do rodízio de caixa e de eventuais horas extras, o que o deixava exclusivamente com o salário seco, sem o acréscimo da comissão pela função de caixa substituto ou horas extras, foi discriminado com todas as letras. E mais, ninguém queria alugar casa para ele, conseguiu um barraco, barraco mesmo, no subúrbio do subúrbio do subúrbio de Blumenau. E caro, muito caro. Não podia sequer tomar uma cerveja após o expediente no centro, porque não lhe serviam, tinha de ir próximo onde morava, na periferia. Estava quebrado, passando necessidades, e pior, muito pior, não conseguia transferência para nenhum outro lugar para fugir daquele inferno que se tornara Blumenau, tinha feito uma besteira na vida. Claro que o Tião ajudou.

    Entre 94/95, na AABB de Ribeirão Preto, entre uma cerveja e outra, o colega Tião pergunta: “Lembra do nosso amigo bugre?” Claro, o que é que tem? E contou da infeliz ideia que um dia um mestiço de índio com negro teve de ir morar em Blumenau.

    O caminho é longo, falta muito ainda, mas não podemos jamais esquecer os notáveis avanços, apesar de sempre aparecerem umas tentativas de retrocesso. Os fatos acima aconteceram há mais de 30 anos, acho (tomara) que seriam impensáveis hoje, quero crer nisso. Moro ao lado do Mackenzie, cujo CA é presidido pela negra Tamires Gomes Sampaio, estudante de Direito e, como se fosse pouco, vice-presidente da UNE. Vejo ela passar direto vindo do Metrô República, ou caminhando pela rua Maria Antonia. Estou devendo a ela um abraço e de agradecer pelo trabalho político que ela desenvolve pela igualdade de direitos e contra o extermínio sistemático do povo preto e pobre das periferias. 

     

  2. http://valterpomar.blogspot.c

    http://valterpomar.blogspot.com.br/2018/03/eu-concordo-com-alckmin.html

    quarta-feira, 28 de março de 2018

    Eu “concordo” com Alckmin

     
    O governador Geraldo Alckmin reagiu assim ao atentado contra a caravana de Lula: “acho que eles estão colhendo o que plantaram”. “Concordo” com o picolé de chuchu. Plantamos uma política externa soberana, colhemos uma reação do imperialismo. Plantamos medidas sociais, colhemos uma reação das elites econômicas. Plantamos tímidas mudanças democráticas, colhemos uma reação das oligarquias políticas. Plantamos um discurso de paz, eles estão atirando para matar. Plantamos republicanismo, colhemos fascismo. O erro cometido por grande parte de nós petistas foi ter acreditado que as regras da vida pessoal se aplicam à luta de classes. Na vida pessoal, gentileza geralmente é retribuída com gentileza. Na luta de classes, gentileza geralmente não é retribuída com gentileza. Muitos petistas acreditaram – como um ex-ministro de Lula deixou claro, em palestra dada a estudantes no ano de 2016 – que se nós fizéssemos um governo moderado, o lado de lá também agiria de forma moderada. Ledo engano. Os ricos se tornaram cada vez mais ricos, mas nem por isso toleraram os pobres melhorando de vida. Não tocamos no oligopólio da comunicação, fortalecemos o Ministério Público e a Polícia Federal, respeitamos as leis etc. E “colhemos” uma perseguição baseada no “princípio” segundo o qual ao inimigo, nem mesmo a lei. Fizemos uma política de alianças com setores de centro e direita e somos tão complacentes querecentemente um ex-prefeito petista elogiou Alckmin. E “colhemos” não apenas o silêncio, mas um estímulo direto e indireto à perseguição e violência praticada contra nós. Relho, ovos, pedras, balas… e, se nada de mais grave ocorrer antes, julgamento do habeas corpus e possível prisão. Nos próximos dias, o petismo vai ter que decidir se continua acreditando que gentileza gera gentileza. Ou se entendeu que situações extraordinárias exigem medidas extraordinárias.

     

  3. Lembrança do Cardoso da Dilma
    Mas quando explodiram uma bomba no Instituto Lula o ministro da justiça não se fingiu de morto e deixou com a polícia local ?

  4. Segurança Pública particular…


    O ministreco golpista Jungmann da “segurança nacional” esqueceu de especificar que a segurança é apenas para os golpistas, seus apoiadores, emedebistas, demotucanos e fascistas em geral. Portanto não é pública e sim particular.

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