Contradizendo sabatina, Mendonça disfarça garantismo e deve levar bandeiras evangélicas ao STF

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Diferente das falas para convencer os senadores de sua aprovação, André Mendonça já gera preocupação no STF e no Congresso

André Mendonça, novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Jornal GGN – Diferente das falas para convencer os senadores de sua aprovação, o novo integrante do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, já vem gerando preocupação no STF e no Congresso pelas postura que deverá adotar na Corte.

“Ponderado”, foi a análise dos parlamentares que mudaram seu voto durante a sabatina nesta quarta (01), e que garantiu ao escolhido de Jair Bolsonaro a maioria de 47 votos a favor de sua nomeação, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

A reunião inteira durou cerca de 8 horas. Na sabatina, os senadores tocaram diversos temas sensíveis à sociedade e que questionam, principalmente, a maneira como o próprio presidente leva de orientação política.

Desmatamento, minorias, LGBTI+, armas, liberdade religiosa. Apesar de falas controversas (leia aqui), Mendonça – que até então era visto como o “terrivelmente evangélico” que levaria as pautas da bancada evangélica para a Corte máxima – convenceu os senadores de que não era extremista.

Repetiu, em diversas vezes, que adotaria uma postura “garantista”, ou seja, de garantia aos direitos individuais e coletivos da Constituição. A característica é uma das principais ponderações e resistências contra o método “latajatista” (ou punitivista) na Justiça. Conquistou a maioria da CCJ, e somente 32 senadores votaram contra sua nomeação ao STF.

Mas ao terminar a sabatina e obter os votos, Mendonça afirmou em sua primeira entrevista que o seu lugar no STF “é um passo para um homem, um salto para os evangélicos”, mostrando como será sua posição na Corte.

Mendonça será decisivo para pautas mais polêmicas no STF e que dividem hoje os votos dos ministros. Os próprios abusos da Lava Jato devem obter maioria de aprovação, se o escolhido de Bolsonaro adotar essa bandeira.

Ainda assim, ministros da Corte, segundo reportagem da Folha de S.Paulo, acreditam que a defesa de André Mendonça nesses assuntos será discreta, sem ser suficiente para desfazer o receio dos garantistas do Supremo.

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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  1. Alegrias! Que o novo ministro está explodindo de contentamento.
    Cantemos hosanas, rendamos graças porque o irmão mendonça ainda é o primeiro e único crente no supremo.
    Que a vida nos poupe de precisarmos depender do senso de justiça desse magistrado, e que ele seja não somente o único, mas também o último crente da “quebrada”.
    Ah! por falar nisso, não me entreguei ao desprazer de assistir à sabatina do irmão, porém, nenhum noticiário exibe o momento em que se indaga de seu “notável saber jurídico”. Foi inquirido a esse respeito?
    Ao fim, e não menos importante, que a sua peruquinha de gambá não infecte seu juízo na hora de proferir seus julgamentos.

  2. Quando ele apareceu de peruca na sabatina eu pensei: “tá eleito”.

    É como um traje novo para a grande festa e quando ele começou a mentir despudorada e descaradamente diante dos senadores eu não tive nenhuma dúvida de que foi dito o que se queria ouvir para livrar a cara dos senadores em caso da traição aos princípios ali firmados e afirmados. Aquilo deveria servir como uma espécie de contrato assinado e a ser cumprido, sob pena de destituição, mas não…

    Para que sabatina, que serventia tem?

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