Críticas para e não ao governo

O desenho político no BRASIL é uma coisa interessante e terrível para o exercício legítimo da cidadania.

Apresentando eleições de 2 em 2 anos, com direito a reeleição, sustenta rivalidades  que  pela violência e destrato, lembram mais a rixa entre times de várzea do que embate entre cidadãos. Praticamente o modelo adotado não deixa a sociedade ter sossego em nenhum momento, a ter diálogo, a menos..

..a menos  ..em início de governos

Vejamos o que aconteceu com a “era LULA I”. Eleito o NUNCA DANTES, demos um tempo, ignoramos o “continuismo” (até 2005) até vermos o embate surgir (o golpismo do mensalão)  ..corremos, apagamos o fogo e ainda tivemos que dar “dengo” a marmanjo que em outros tempos, por seus atos, deveriam ser catapultados ao espaço.

Aí se aproximava o momento da re-eleição, e embora sem  o país apresentar grandes mudanças estruturais, mesmo assim, com um governo deixando a desejar em diversas áreas,  mas por falta de opção, e com medo de que as pequenas conquistas regredissem antes mesmo da primeira colheita  ..com medo de que o poder retornasse para as mãos do pensamento liberal libertino, aquele que tão mal nos fez, paramos de criticar e só nos dedicamos a APAGAR tudo quanto era ameaça de incêndio..

..verdade é que por estes tempos deixamos que os “beneficiados diretos pelo embate”, aqueles que estavam no governo, nos usassem a torto e a direito, pois não foram raros os momentos que a própria BLOGOSFERA dita progressista apresentou a eles a defesa que NEM eles mesmos eram capazes de se formular e fazer.

Período difícil este, um período que, mais pela oposição oportunista, aética e canina, estávamos meio que proibidos de cobrar, propor, apontar, sob pena de dar o “ouro ao bandido”, e ainda termos que engolir um Athur Virgílio, ou sermos acusados de golpistas, direitistas, de sócios do PIG ou sei lá mais do que.

Reeleito o governo do NUNCA DANTES, fato é que nenhum grupo deixou a coisa serenar, como se ambos estivessem mirando a próxima eleição que iria  se realizar  ..aqui, lembro que algumas colheitas chegaram (o Bolsa e a área da educação por exemplo) ..mas do resto era aquilo, promessas ..promessas e o tal dualismo maquiavelicamente colocado  ..ora eram  os paulistas contra nordestinos ..”maiorias” (de homens e brancos) contra “minorias” (de mulheres, pardos e negros”, dãã) ..de ricos contra pobres  ..de doutor contra operário  ..de olhos azuis contra pés descalços ..enfim, tudo era “motivo” pra se manter a rivalidade latente  ..PT contra PSDB, Record contra Globo, esquerda versus direita, o povo contra o PIG  ..brasileiros contra romanos  ..o nós contra eles  ..o bem contra o mal

..haja..

Aí a era do NUNCA DANTES chegou ao final com grande sucesso e méritos efetivos  ..sendo que outros méritos também vieram em GRANDE parte da comparação havida entre o governo de LULA versus o de seus medíocres antecessores  (em especial THC) ..e em  outra parte também pelos embates artificiais exaltados pelo nosso timoneiro, aqueles dos tais “amigos contra  inimigos”, nós contra elles, este que turvou a visão de muitos companheiros.

Aqui,  pra não ficar só na imaginação, lembro que mesmo o governo do NUNCA DANTES, mesmo ele  não foi aquela Brastemp toda no desenvolvimento e aplicação  de uma política economica “mais econômica, social, e menos mercadista”, se é que me entendem, pois se de um lado 28 milhões de brasileiros neste período saíram das classes mais pobres (*), saíram da linha da pobreza absoluta, NUNCA podemos nos esquecer que 50 milhões “deles” adentraram ao programa de resgate do BOLSA FAMILIA, aonde ali ainda permanecem por tempo “indeterminado”.

(*) em 2011 o BOLSA consumirá  R$ 14,5 bi contra mais de R$ 200 bi de juros via SELIC, valor este ainda maior do que a soma dos gastos com saúde, educação e transporte estimados p/o país

Assim, um dos preços que pagamos pela manuteção do Nunca Dantes foi termos vivido MAIS um período em que muitas idéias e alternativas não foram debatidas, foram desmerecidas, foram sim tratadas com descaso ..e como consequência, e ainda defendendo, até aprendemos a dizer que o que foi feito, foi bem feito, e o que deixou de se-lo, foi porque não era possível faze-lo  ..será ?

E aí  ..aí veio mais uma luta, eleger o sucessor  ..sucessor, é bom que se diga, que em dado momento, uns mais outros menos, TODOS se apresentaram como continuidade de Lula ..só não diziam aonde, como  e pra que ?

 ..Estava fundado o BRASIL de uma nota só.

Dos males o menor, dando continuidade aos acertos, mas também correndo o risco de perpetuarmos as OMISSÕES, inapetências, ERROS e INCOMPETÊNCIAS, elegemos Dilma meio que dizendo, NÃO temos tempo a perder com novas tentativas,  pois ainda há muito a se fazer..

Assim, com a esperança surrada, desconfiados, hoje nos encontramos pensando, mas E SE o período de Dilma for mais do mesmo, o que será que vai ser ?  ..pior ainda, pior  é sentirmos que em alguns aspectos SEQUER mais do mesmo será, pois os “novos velhos” no poder, em inúmeros temas já prometem e anunciam se  refazer..

Por isso, meio que intuitivamente, num movimento expontâneo, já começamos a ver daqui e dali a critica aumentar até dentro dos circulos dos que se dizem amigos. Afinal, afinal é início de governo, o MELHOR momento para que a crítica PROPOSITIVA, ética e colaborativa possa acontecer  ..uma crítica feita não ao governo, mas PARA o governo, meio que um conselho de pai pra filho, gratuíto.

  .penso que se não for assim, e a julgar por nossa realidade política, se deixarmos pra REINVINDICAR e criticar no daqui a pouco, penso que terá passado o momento ..pois haverá de nos  ter chegado o tempo do “cale-se para sempre”, “cuidado com o fogo amigo”, o eterno “ame-nos ou deixe-nos” ..aquele tempo da retórica que é calocada sempre pelos detentores do poder, aquela que intimida e cala todo cidadão que  ainda sonha com um BRASIL melhor, um pra agora, pra sua vida, e não só prum tempo que possa surgir num momento lá na frente, um que você, provavelmente, NUNCA irá ver.

Luis Nassif

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