Do Valor
A presidente Dilma Rousseff participará em São Paulo na próxima quarta-feira da abertura da Conferência Multissetorial Global sobre o Futuro da Governança da Internet (NetMundial). O evento, proposto pela própria presidente, terá por finalidade debater a construção de um modelo global de governança para a rede mundial de computadores, com ênfase ao direito à privacidade.
Denúncias feitas em setembro passado pelo ex-agente Edward Snowden, de que NSA monitorou a comunicação de brasileiros e espionou a própria Dilma, além da Petrobras, sugerindo interesses políticos e econômicos, levaram ao cancelamento de uma visita oficial que Dilma faria aos Estados Unidos no fim de outubro do ano passado.
A decisão de Dilma sobre a visita oficial estava condicionada a uma explicação satisfatória dos americanos. Até então, todas as respostas haviam sido consideradas insuficientes. Dilma tratou da questão diretamente com o presidente Barack Obama, por telefone e pessoalmente em diferentes ocasiões.
No fim de janeiro deste ano, o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, teve um encontro em Washington com a chefe do Conselho Nacional de Segurança, Susan Rice — o que foi considerado pelo governo brasileiro mais um passo no processo de esclarecimento das atividades de monitoramento ilegal. O encontro foi precedido de um anúncio feito por Obama de limites no serviço de espionagem dos Estados Unidos.
À época do anúncio do cancelamento da viagem, circulou no governo a expectativa de um adiamento da viagem oficial aos Estados Unidos para abril deste ano, dependendo dos esclarecimentos dados pelo governo norte-americano. Nas últimas semanas, o Valor PRO – serviço de informações em tempo real do Valor – ouviu integrantes da diplomacia brasileira que asseguraram não haver “qualquer sinalização no horizonte próximo” de que a presidente vá aos Estados Unidos em visita oficial. Além disso, com a proximidade da sucessão presidencial, Dilma vai se dedicar a viagens pelo Brasil.
Ao discursar na Assembleia-Geral da ONU em setembro, Dilma criticou os Estados Unidos pelas práticas de espionagem e defendeu a criação de “condições” para evitar que o espaço cibernético seja “instrumentalizado como arma de guerra, por meio da espionagem, da sabotagem, dos ataques contra sistemas e infraestrutura de outros países”. Dilma sugeriu, então, criar um marco civil multilateral para a governança e uso da internet e debater medidas para garantir proteção e privacidade de usuários e prestadores de serviços.
Internamente, o governo brasileiro ainda espera ter aprovado pelo Congresso Nacional o marco civil da internet, a tempo de o conjunto de regras relacionadas à rede ser apresentado à conferência global, que reunirá representantes da sociedade civil e chefes de Estado e de governo, com quem Dilma deverá se encontrar paralelamente à conferência.
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Alô Dilma, não é só o Obama
Alô Dilma, não é só o Obama que quer espioná-la. Espionagem em português, tudo bem?
Fantástica iniciativa do
Fantástica iniciativa do Professor Virgílio Almeida (chairman do Netmundial e secretário da SEPIN – MCT). Ele é o melhor nome da área de TI nacional. Fantástico!
contribuições oficiais enviadas pelos governos participantes
Interessante ler as contribuições oficiais enviadas pelos governos dos diversos países e demais entidades. Cada país reclamando onde o calo lhe aperta mais. As do Brasil sugerindo reforma na governança do ICANN nos moldes do funcionamento CGI e preocupação com ações em conjunto para o combate a ameaças de ataques cibernéticos; a Rússia aproveitando para cutucar os EUA trazendo à tona o caso da espionagem e as denúncias do Snowden; os EUA defendendo a não intervenção estatal para não “distorcer” o mercado, etc.
http://netmundial.br/
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