Dilma participa de debate sobre governança na web na próxima quarta-feira

Do Valor

Após denúncia de espionagem pelos EUA, Dilma debate governança na web
 
Por Bruno Peres

A presidente Dilma Rousseff participará em São Paulo na próxima quarta-feira da abertura da Conferência Multissetorial Global sobre o Futuro da Governança da Internet (NetMundial). O evento, proposto pela própria presidente, terá por finalidade debater a construção de um modelo global de governança para a rede mundial de computadores, com ênfase ao direito à privacidade.

Trata-se de uma resposta de Dilma às denúncias de espionagem por parte do governo dos Estados Unidos contra o Brasil, empresas e cidadãos brasileiros. A proposição da presidente, levada à Organização das Nações Unid as (ONU), teve apoio de outros chefes de Estado que também foram alvo de um esquema de monitoramento feito pela Agência Nacional de Segurança americana (NSA, na sigla em inglês), como a chanceler alemã, Angela Merkel.

Denúncias feitas em setembro passado pelo ex-agente Edward Snowden, de que NSA monitorou a comunicação de brasileiros e espionou a própria Dilma, além da Petrobras, sugerindo interesses políticos e econômicos, levaram ao cancelamento de uma visita oficial que Dilma faria aos Estados Unidos no fim de outubro do ano passado.

A decisão de Dilma sobre a visita oficial estava condicionada a uma explicação satisfatória dos americanos. Até então, todas as respostas haviam sido consideradas insuficientes. Dilma tratou da questão diretamente com o presidente Barack Obama, por telefone e pessoalmente em diferentes ocasiões.

No fim de janeiro deste ano, o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, teve um encontro em Washington  com a chefe do Conselho Nacional de Segurança, Susan Rice — o que foi considerado pelo governo brasileiro mais um passo no processo de esclarecimento  das atividades de monitoramento ilegal. O encontro foi precedido de um anúncio feito por Obama de limites no serviço de espionagem dos Estados Unidos.

À época do anúncio do cancelamento da viagem, circulou no governo a expectativa de um adiamento da viagem oficial aos Estados Unidos para abril deste ano, dependendo dos esclarecimentos dados pelo governo norte-americano. Nas últimas semanas, o Valor PRO – serviço de informações em tempo real do Valor – ouviu integrantes da diplomacia brasileira que asseguraram não haver “qualquer sinalização no horizonte próximo” de que a presidente vá aos Estados Unidos em visita oficial. Além disso, com a proximidade da sucessão presidencial, Dilma vai se dedicar a viagens pelo Brasil.

Ao discursar na Assembleia-Geral da ONU em setembro, Dilma criticou os Estados Unidos pelas práticas de espionagem e defendeu a criação de “condições” para evitar que o espaço cibernético seja “instrumentalizado como arma de guerra, por meio da espionagem, da sabotagem, dos ataques contra sistemas e infraestrutura de outros países”.  Dilma sugeriu, então, criar um marco civil multilateral para a governança e uso da internet e debater medidas para garantir proteção e privacidade de usuários e prestadores de serviços.

Internamente, o governo brasileiro ainda espera ter aprovado pelo Congresso Nacional o marco civil da internet, a tempo de o conjunto de regras relacionadas à rede ser apresentado à conferência global, que reunirá representantes da sociedade civil e chefes de Estado e de governo, com quem Dilma deverá se encontrar paralelamente à conferência.

 

Redação

3 Comentários

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  1. Fantástica iniciativa do

    Fantástica iniciativa do Professor Virgílio Almeida (chairman do Netmundial e secretário da SEPIN – MCT). Ele é o melhor nome da área de TI nacional. Fantástico!

  2. contribuições oficiais enviadas pelos governos participantes

    Interessante ler as contribuições oficiais enviadas pelos governos dos diversos países e demais entidades. Cada país reclamando onde o calo lhe aperta mais. As do Brasil sugerindo reforma na governança do ICANN nos moldes do funcionamento CGI e preocupação com ações em conjunto para o combate a ameaças de ataques cibernéticos; a Rússia aproveitando para cutucar os EUA trazendo à tona o caso da espionagem e as denúncias do Snowden; os EUA defendendo a não intervenção estatal para não “distorcer” o mercado, etc.

    http://netmundial.br/

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