Sobre a lealdade na política

De O Globo

Paulo Renato diz que Marco Aurélio Garcia deve solidariedade a Serra

Publicada em 29/07/2010 às 19h34m

Maria Lima

BRASÍLIA – O ex-ministro e atual Secretário da Educação de São Paulo, Paulo Renato de Souza (PSDB), disse nesta quinta-feira ter havido falta de solidariedade e deslealdade do assessor especial de Lula e coordenador do programa de governo da petista Dilma Roussef, Marco Aurélio Garcia, que previu o fim “melancólico” da carreira do tucano já no primeiro turno, em 03 de outubro.

Relembrando episódios de convivência de Marco Aurélio e Serra no exílio, o secretário Paulo Renato de Souza contou ter sido chamado por Serra na sede da Flacso (Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais) quando encontrou Marco Aurélio, sua esposa já falecida, Elizabeth Souza Lobo e seu filho León.

– A ordem de Serra era livrá-lo da prisão. Falo isso não para Serra e eu termos louros, mas apenas para mostrar que Marco Aurélio deveria ter, no mínimo, o dever de solidariedade – cobrou Paulo Renato.

– É um desrespeito um assessor presidencial se dirigir desta forma a quem tem uma biografia centenas de vezes superior a sua. Serra fez muito mais pelo País do que Marco Aurélio. Lamentar o comportamento por ele se dirigir desta forma a quem o livrou da prisão no Chile – completou o tucano. 

Comentário

Sobre solidariedade partidária e gratidão na política.

Enquanto Serra assistia o jogo da Seleção no Mercado de Bragança Paulista, todos os serristas históricos da cidade, o primeiro grupo de apoio que Serra conseguiu no estado em sua vida política, tinham dilmado, após serem traídos por Serra.

OnnnnnnnO PSDB de Bragança foi um dos primeiros do Estado a apoiar Serra, graças à ligação de profissionais liberais da cidade com ele, dos velhos tempos da Ação Popular. Antes mesmo da criação do PSDB Serra tinha apoio incondicional do grupo. Em uma das suas primeiras eleições parlamentares, me disse, surpreso, que Bragança tinha lhe garantido  a maior votação proporcional do Estado.

Depois de décadas na luta, o grupo conseguiu a prefeitura da cidade. Entrou um prefeito que, pouco tempo depois, atropelou os princípios defendidos pelo grupo e o trabalho de planejamento da cidade que estava sendo realizado. O diretório decidiu expulsa-lo do partido. Todo o diretório foi demitido por carta por Serra, sem ao menos ter e gentileza de telefonar para explicar sua atitude. O neoSerra, governador, passou a se comportar como um imperador, atropelando antigos aliados, amigos porque julgava poder prescindir de seu apoio – agora que detinha o poder absoluto no Estado.

No exílio, José Aníbal foi uma das pessoas que mais ajudou os amigos, graças ao fato da família ter posses. Foi politicamente massacrado por Serra, depois que se tornou governador, apesar de todos os sacrifícios pelo partido – inclusive candidatando-se a vereador para puxar votos. Os ataques de Diogo Mainardi a Franklin Martins, quando ainda estava na Globo – que tinham por trás a mão de Serra – visaram dois alvos: Franklin e o próprio José Aníbal, que havia empregado a Ivanisa, esposa de Franklin – funcionária pública altamente qualificada – como assessora parlamentar.

Quando voltou do exílio, Serra foi financeiramente amparado por Flávio Bierrenbach. A gratidão não foi empecilho quando teve que fuzilar o ex-amigo.


Luis Nassif

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