O último suspiro do comandante-em-chefe, por Maria Cristina Fernandes

temer_beto_barata_pr_3_0.jpg
 
Foto: Beto Barata/PR
 
Jornal GGN – Com a violência na manifestação de ontem em Brasília, Michel Temer teve sua última oportunidade de mostrar autoridade, enquanto administra ritmos desconexos para prorrogar sua permanência no Planalto, em um governo que já acabou.
 
A opinião é da jornalista Maria Cristina Fernandes, que aponta a estratégia do governo para ganhar tempo e reagrupar forças no Supremo Tribunal Federal. Com a prorrogação do jogo no STF, a atenção volta para o julgamento da chapa Dilma-Temer, marcado para o dia 6. 
 
Em sua coluna no Valor, Fernandes também analisa os nomes que podem ser escolhidos para substituir Temer em uma eleição indireta, como Nelson Jobim, Rodrigo Maia, Tasso Jereissati, Henrique Meirelles, Carlos Ayres Brito e Carmén Lúcia.

 
Leia mais abaixo:
 
Do Valor
 
O último suspiro do comandante-em-chefe 
 
Por Maria Cristina Fernandes
 
Os conflitos em Brasília deram ao comandante-em-chefe das Forças Armadas a última oportunidade de mostrar autoridade num governo que já acabou. A velocidade com a qual os protestos de ontem descambaram para o conflito contrasta com o ramerrão dos impasses que presidem as negociações para a substituição do presidente. É na administração de ritmos desconexos entre as expectativas da sociedade, os ritos judiciais e os consensos da política que Michel Temer valida a prorrogação de sua permanência.
 
O prazo de 30 dias para um laudo conclusivo do áudio do grampo das conversas entre o presidente e o empresário Joesley Batista deu tempo ao governo para tentar reagrupar forças no Supremo Tribunal Federal. A retaguarda presidencial investiu em dois alvos. O primeiro é a retirada da delação da JBS das mãos do ministro Edson Fachin, sob o argumento de que não se trata de subproduto da Lava-Jato. O segundo foi a reação, comandada pelo ministro Gilmar Mendes, contra a injustificada quebra do sigilo entre jornalista e fonte, mote para a sublevação contra o Estado policial.
 
A prorrogação do jogo no Supremo leva os holofotes para o julgamento, pelo TSE, no dia 6, da chapa que elegeu Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014. A saída parece honrosa para um governante investigado por corrupção, organização criminosa e obstrução de justiça, mas Temer receia o juízo da primeira instância e negocia um novo pedido de vista no tribunal presidido por Gilmar Mendes.
 
A presença das Forças Armadas no Distrito Federal não deixará vestígio de povo nas imediações da Casa que hoje se ocupa da escolha de um nome para substituir o presidente. Se o biombo militar permanecer, os dois imperativos que movem Congresso e mercado nessa sucessão, a proteção contra a Lava-Jato e a manutenção das reformas, ficam livres de contestações populares, pelo menos na Praça dos Três Poderes.
 
O candidato hoje melhor aparelhado para atender às duas expectativas tem como principal óbice seu vínculo societário com um banqueiro investigado na Lava-Jato. Uma eventual delação de André Esteves, do BTG, tiraria o maior obstáculo à candidatura de Nelson Jobim.
 
Deputado, senador, ministro dos três últimos governos e ministro do Supremo, Jobim adquiriu seu principal ativo eleitoral depois que deixou a vida pública. A intimidade com os processos da Lava-Jato o transformou no principal consultor jurídico dos que buscam uma saída pela tangente.
 
A galeria de candidatos do colégio eleitoral, no entanto, seria mais reduzida se a plataforma de campanha estivesse reduzida a Lava-Jato e reformas. É o poder que o substituto de Temer terá na formatação da sucessão presidencial de 2018 que dificulta a formação de consensos.
 
Assine
Redação

5 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Ouvi falar que tem um nome do

    Ouvi falar que tem um nome do PTB entre os preferidos. Mas o PTB não é presidido por aquela coisa chamada Roberto Jefferson? Chame ladão, chame ladrão de novo e de novo?

  2. TEMER JOGA “BOMBA NUCLEAR”… MAS NO PRÓPRIO PÉ

    TEMER JOGA “BOMBA NUCLEAR”… MAS NO PRÓPRIO PÉ! 24/5: O DIA EM QUE O GOLPE FOI DERROTADO

    Cadê o meteoro?

    – Temer/Jungmann/Maia dão um baita tiro no próprio pé – mais para míssil nuclear (!): o “blefe” da “intervenção militar”…

    – … queimou na largada!

    – Isso porque ninguém na Praça dos Três Poderes teve culhão para bancar o Exército – de novo! – descendo o cacete no… próprio povo que jurou defender!

    – Insólito: Meirelles, gay semi-assumido (!), delirou que podia se tornar Presidente – no Brasil da homofobia assassina?!

    – Peraí… “Presidente”? Portanto “Comandante-em-chefe”? Da repressão? Tocada pelos… ~machões~ fardados?! Esquece, Meirelles! (rs)

    – Veja por que Lula é um estadista: o que é “Política” com “P” maiúsculo.

    – Na qualidade de Estadista, Lula não se opõe a um freio de arrumação, sob Nelson Jobim. Para ~começarmos~ o looongo caminho de volta à democracia, ao Estado de direito e à normalidade institucional.

    – Agora é com a Esquerda: a bola está na marca do pênalti! Começamos a transição pós-golpe, de volta à democracia? Ou não?!
     

    LEIA MAIS »

    1. MD33-M-10

           Significa o que é uma GLO, trata-se do “manual”, assinado pela Sra. Rousseff, a qual tanto ela como seus assessores, proporcionaram um extremo Poder discricionário, ao Executivo de “plantão”.

            http://www.defesa.gov.br/arquivos/2014/mes02/md33_m10_glo_2ed_2014.pdf

             Trata-se de um documento oficial que fornece ao Poder Central ( PR ), individualmente de acordo com sua expressa vontade, um tremendo poder , e a época a Sra. Rousseff foi alertada sobre estes parametros, mas assim como com relação a “Lei Anti-terrorista “, outra legislação que comporta varias interpretações ao bel prazer de quem a exerce, ela “assinou” ambas.

      1. Totalmente de acordo: a “zebra” era uma “gazela”!

        Olha um trecho do artigo ai de cima:

        (…)

        – Eu tampouco votaria “em mim”!

        Eu sou a Dilma, só que ainda pior…

        O Romulus analista ia – também! – fazer campanha ~contra~ o Romulus candidato!

        Porque alguma lição nós temos que tirar do Golpe, né…

        – “Dilma’s” nunca mais!

        Continuaremos a amá-la e admirá-la demais, demais, demaaais…

        Mas lá na casa dela em Porto Alegre…

        – Não no Planalto!

        *

        Uma vez perguntei a um amigo PhD britânico, num arroubo de moralismo (eu sou humano!), como ele “não morria de vergonha da Guerra do Ópio”.

        Pois sabe o que ele me disse?

        <<Você não pode culpar um leão por…
        – … matar uma zebra na Savana!>>

        Horrível, né?

        Mas é verdade!

        – Os EUA tentando desestabilizar a potencial “ameaça ao Sul”;

        – A esquerda “Gonzaguinha” (aquela da “pureza da resposta das crianças”) exigindo “guinada à esquerda” porque “não é pelos 20 centavozzZZzzzZZzzz”…;

        – A direita fisiológica querendo aumentar o “pedágio” ou, ~na alternativa~, encarnar o escorpião da fábula com o sapo e a travessia do rio (trair porque “é da sua natuteza”);

        – A direita PSDB querendo desgastar, de maneira oportunista (p.e., vetar as reformas ~neoliberais~ by Dilma & Levy), inviabilizar e derrubar o governo;

        – etc., etc., etc.

        Tudo isso…

        – … é do jogo!

        É a lei da selva…

        Ou melhor: da Savana!

        É o leão tentando tirar uma picanha da Zebra.

        <<Se a Zebra não sabe brincar,
        que não vá para a Savana…
        Simples assim!>>

        Não se pode culpar os “golpistas” (sim, não deixam, por isso, de serem “golpistas”, ora!) pela Dilma se fazer suscetível a um…

        – … golpe!

        Sim, “foi golpe”.

        Mas…

        <<“Foi golpe” porque a zebra era,
        na verdade, uma…
        – … gazela!>>

        <<Presa fácil…
        Você pode culpar o(s) leão(ões)…
        … pelo banquete?!>>

      2. A lição de M. Thatcher a M. Temer:

        (outro trecho relevante)

        Constatação:

        “Intervenção militar” é, de fato, como arsenal nuclear: não é para “explodir”… é para ~dissuadir~ !

        Não dissuadiu?

        Perdeu a serventia.

        Simples assim.

        Repeteco:

         

        Arma de destruição em massa

         

        (parte do post “Institucionalidade brasileira e a “bomba nuclear”: e se Presidente pudesse dissolver o Parlamento?” – 3/4/2017)

         

        Registre-se que na França se chama essa faculdade de dissolução (do Parlamento pelo Presidente da República) de…

         

        – … “a bomba nuclear”.

         

        Como com as armas de destruição em massa reais, a hipótese de dissolução do Parlamento pelo Presidente deve servir de dissuasão…

         

        Não se almeja, efetivamente, a sua utilização, dados:

         

        – (1) o alto risco de a cartada acabar sendo um tiro no pé; e

         

        – (2) o inevitável traumatismo político-institucional, mesmo em caso de uma vitória do Presidente.

         

        (com a provável radicalização da oposição derrotada)

         

        Assim, como bons mecanismos de dissuasão, as “bombas nucleares” – reais ou “políticas – visam a facilitar “compromises”.

         

        Ou seja:

         

         

        – Acordos mínimos, com concessões recíprocas, para vencer impasses políticos.

        Repeteco: (2)

         

         

        Lição de M. Thatcher a Temer

         

        (trecho do post: “Duas votações contraditórias: como Dilma derrotou o golpe de 2016” – 31/8/2016)

         

        – Grão-Mestre do Golpe, deixe-me humildemente oferecer uma liçãozinha de política.

         

        Cortesia de Margareth Thatcher:

         

        >> Ter poder é como ter reputação de moça honesta. Quem realmente tem, não precisa afirmá-la. Quem precisa é porque não a tem.

         

        Olha, não nutro nenhuma simpatia pela Baronesa… mas tenho que admitir que sua síntese é perfeita.

         

        Aliás, por falar na Baronesa Thatcher, por coincidência na semana passada a TV francesa retransmitiu a sua recente cinebiografia, “The Iron Lady”. Recomendo que o Sr. veja o filme.

         

        Se lhe falta tempo, com tantos ativos do Estado para operar agora, limite-se a assistir os últimos 20 minutos. Tratam da sua derrocada.

         

        Por favor, contenha o seu choque:

         

        – Thatcher caiu traída por seus próprios aliados! Oh!

         

        E por quê?

         

        Porque não soube a hora de parar o avanço ultra-liberal. Seu poll tax, imposto a ser pago – com a mesma alíquota! – por todos os cidadãos, independentemente da renda, foi a gota d’água. Imagine o Sr.: do indigente ao bilionário… a mesma taxa!

         

        Todo mundo do Partido Conservador quis sair de perto da “Dama de Ferro”, que virara então Dama de Césio137. Rebelaram-se. E a “vencedora da Guerra Fria” foi avisada – em Paris, onde celebrava a vitória – que tinha caído.

         

        Mas não é por nada não… recomendo o filme apenas por interesse artístico: a atuação premiada de Meryl Streep.

         

        Não tem nada a ver com a desvinculação do piso do INSS ao salário mínimo. Nem tampouco com a previsível reação de 5 mil e tantos prefeitos – mais importantes cabos eleitorais de parlamentares, como o Sr. bem sabe – diante do congelamento das receitas para saúde e educação em níveis mínimos históricos por 20 anos.

         

        Esqueça tudo isso!

         

        Foco na Meryl!

         

        Ah…

         

        E, por favor, tire-me uma dúvida depois:

         

        – A Baronesa Thatcher era moça honesta ou poderosa?

        Não a vi afirmar de si nem uma coisa nem outra. Em momento algum do filme… nem mesmo quando estava prestes a cair, imagine o Sr.!

         

        *

         

        Por favor, deixe a sua interpretação aqui nos comentários mesmo, Grão-Mestre.

         

        Não darei outro meio de contato…

         

        Meu email pessoal eu guardo apenas para gente honesta.

         

        Ou poderosa!

         

         

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador