Os caminhos distintos de PT e PSDB

Por Gunter Zibell

Acho que há controvérsias… Esse texto de L W Vianna é um esforço de compreensão do momento atual, mas ainda é muito retrospectivo, poderia incluir um pouco de prospecção.

A linha geral é a mesma de muitos outros textos que estamos vendo por estes meses, que colocam PT e PSDB como forças equivalentes, antípodas, mas ao mesmo tempo próximas de uma imaginária posição central.

Mas não são forças equivalentes.

Se houve semelhanças no início, em virtude de ambos os partidos terem origem em SP e na oposição ao regime militar, estas foram desaparecendo a partir das decisões tomadas em 1994 (em SP a partir de 2000.) Os posicionamentos em relação à atuação do Estado foram divergindo desde então a um ponto que talvez sejam inconciliáveis. E, em comparação com o que ocorre no mundo, a visão do PT/PMDB parece menos antiquada. Os liberais podem não ter notado que seu ideário envelheceu (não poderia ser de outro modo, pois seu sucesso temporário era ligado ao insucesso do socialismo real.) A modernidade agora parece depender da conciliação de conceitos social-liberais (algo ainda próximo do liberalismo no que se refere à gestão do Estado) com a recuperação da social-democracia e ainda respostas a desenvolver para as recentes necessidades : globalização, meio-ambiente, envelhecimento demográfico.

O PSDB experimentou um auge eleitoral em 1998, mas desde então vem declinando. E já não era possível chamá-lo de “social-democrata” no senso estrito. Já o PT continua ascendendo. Ainda que este siga preso a conceitos antigos que pretendia superar, aparentemente é o “partidão” que envelhece melhor, mostrando alguma capacidade de reinvenção. O resultado é que a capacidade de seduzir eleitores, elaborar programas e aglutinar forças se inverteu entre 1994-1998 e 2006-2010.

Talvez haja uma imprecisão no exemplo de arregimentação de aliados. No caso do MA, ainda há alguma discussão dentro do PT a esse respeito. A recíproca não é verdadeira quando se pensa na contradição e no esforço dispensado pelo PSDB em atrair o PTB.

E, como em geral, podemos estar esquecendo da crescente possibilidade do PMDB superar suas divisões internas e tornar-se protagonista no futuro, deixando de simplesmente ser a força que dá sustentação. Muito é falado, com base em uma história de menos que 20 anos, de polarização PT x PSDB, como se estivéssemos reproduzindo “democratas x republicanos” ou “conservadores x trabalhistas”. Mas a leitura não poderia ser outra? Não seria possível interpretar o PSDB como uma facção do PMDB, bem sucedida em determinado momento da história? Porque a possibilidade de uma polarização futura PT (e aliados) versus PMDB (e futuros aliados, como talvez o próprio PSDB) é sempre desconsiderada?

Luis Nassif

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